"Clima é de tensão em qualquer lugar que a gente vá", diz sergipana em Brasília
Sergipanos que vivem na capital federal convivem com a insegurança e o medo Política | Por Ana Luísa Andrade e Victoria Costa 09/01/2023 20h22 - Atualizado em 09/01/2023 21h38Em Brasília, o domingo (8) foi marcado por uma série de atos antidemocráticos por parte de um grupo de pessoas que não aceita os resultados das últimas eleições presidenciais. Na ocasião, vândalos invadiram e depredaram os prédios do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.
Por lá, o sentimento é de indignação e medo. É o que conta ao F5 News a assessora de Comunicação Isabella Vieira, de 23 anos, que é sergipana e vive em Brasília há pouco mais de um ano. Segundo ela, a simples ação de sair de casa já é motivo para ficar apreensiva.
“Mesmo que a manifestação se concentre mais na área do Plano - Planalto, Congresso e Praça dos Três Poderes -, o clima é de tensão em qualquer lugar que a gente vá. É quase impossível não cogitar algum ataque de maior escala em outras regiões de Brasília. Ouvir sirenes o tempo todo e conversas na rua de pessoas com medo, ou até mesmo apoiando o ataque, se tornou comum sempre que saímos de casa, por isso a melhor escolha é não se manifestar sobre o assunto, priorizar o silêncio”, disse ao portal.
Apesar da angústia, os acontecimentos do domingo não foram uma surpresa para Isabella. Segundo ela, o clima político em Brasília é sempre bastante “extremo e polarizado” e, desde a época das eleições, já era possível observar sinais do que estava por vir. “Nunca achamos impossível o acontecimento de qualquer protesto com violência por aqui. Achava que isso iria perdurar até o dia da posse”, disse ainda ao F5 News.
A assessora também contou que, mesmo não tendo presenciado nenhum desses atos pessoalmente, acredita que todos os cidadãos brasilienses acabam sendo atingidos e prejudicados pelas manifestações Isso porque, segundo ela, é preciso conviver com a paralisação dos transportes públicos, o fechamento de vias e o medo constante da violência.
Por fim, Isabella reforçou que não compactua nem simpatiza com o terrorismo executado na capital federal. “Todos têm o direito de se expressar, de gostar ou não do resultado das últimas eleições presidenciais e até mesmo manifestar isso. Entretanto, quando a depredação de patrimônios tombados, violência e até mesmo furtos de artefatos importantes acontecem, qualquer argumento que utilize a democracia como um objetivo que quer ser alcançado é invalidado”, analisa.
O sentimento de revolta também toma conta de outros moradores da capital brasileira. É o que relata ao F5 News o jornalista Diógenes de Souza, de 35 anos, outro sergipano que vive em Brasília, este há cerca de nove anos.
Durante quase uma década, o jornalista nunca havia vivenciado nada parecido. O sergipano mora próximo do local onde aconteceram os atos antidemocráticos. Ele contou que não sentiu medo de ser atacado, mas que ficou assustado com o estrago material causado pelos vândalos.
“Não senti medo especificamente ontem, pois, embora more perto da Esplanada, as manifestações ficaram restritas a este espaço. Mas fiquei muito assustado com o nível de destruição que os criminosos promoveram”, afirmou ao portal.
Diógenes também relatou que o sentimento de receio o acompanha desde a posse do presidente Lula, que ocorreu no dia 1° de janeiro. “Tive medo, contudo, nas manifestações que ocorreram após a diplomação do novo presidente e durante a posse, que acompanhei pessoalmente, porque o clima que se instaurou no país desde o resultado das eleições traz a sensação de que a qualquer momento vai acontecer um atentado”, disse.
Apesar desses temores, Diógenes se mostra esperançoso. “Estou confiante de que temos todas as possibilidades e estruturas necessárias para superar essa crise”, avalia.