Pai de criança autista usa corrida de rua para conscientizar sobre o transtorno
André Lucas e mais nove amigos correm 30 km de Socorro a Aracaju, neste sábado Esporte | Por Fernanda Araujo 18/12/2020 21h00 - Atualizado em 25/12/2020 13h03Através da corrida de rua, no início de 2019, o técnico em automação André Lucas Braga pode reconquistar sua qualidade de vida, saúde física e mental, chegando a perder 25 kg. Na época, ele pesava 100kg, caindo para 75 kg em cinco meses. Mais um tempo se passou e ele e sua esposa, moradores de Nossa Senhora do Socorro,na região metropolitana de Aracaju, descobriram algo que transformaria ainda mais as suas vidas: o filho deles, então com 2 anos e 6 meses, foi diagnosticado com autismo em outubro daquele ano.
André conta que, com Pedro tendo 1 ano e 9 meses, por conta do atraso da fala do pequeno, o casal começou a buscar por respostas. A busca os levou a colocar a criança precocemente na escola, onde foi levantada a dúvida se o menino teria autismo. Após serem acompanhados por neuropediatra, profissionais de fonoaudiologia, psicologia infantil e terapia ocupacional por três meses, o diagnóstico foi confirmado para Pedro, hoje com três anos e oito meses.
Contudo, mediante a pandemia e não havendo corrida, a busca pela conscientização sobre o autismo se restringiu às redes sociais. Porém, André decidiu criar o próprio percurso e nove amigos devem acompanhá-lo nessa jornada para difundir a conscientização sobre o transtorno e mais uma vez falar dos desafios da vida com uma criança autista. "Inclusive vem um rapaz de Simão Dias que tem um projeto Pernas Amigas, que usa triciclo adaptado e corre com a filha de 20 anos que também tem autismo, então vai ser bem legal".
Com o "Desafio 30 por 30", os participantes vão correr 30 km, também em comemoração ao seu aniversário de 30 anos de André. A corrida acontece neste sábado (19), com encontro às 4h e saída prevista às 4h30 no final de linha do conjunto Marcos Freire III, em Socorro. A estimativa é que a corrida se encerre às 7h30, com chegada na Orla de Atalaia. Ainda segundo André, os participantes vão cumprir as medidas sanitárias de enfrentamento à Covid, como o uso de máscaras e álcool em gel.O jovem pai ressalta que o autismo é um desafio na vida de uma família e o desconhecimento sobre o assunto, muitas vezes, leva à rejeição. André reitera que o transtorno não tem cura, mas tem tratamento e, quanto mais precoce for diagnosticado, maior as possibilidades da criança se desenvolver e ser inserida na sociedade de forma mais inclusiva. Segundo ele, a intenção de fomentar o assunto é levar conhecimento para que haja melhor qualidade de vida das famílias que enfrentam o desafio e conscientização à sociedade para um olhar de mais empatia.
"O tratamento possibilita à criança se envolver socialmente no meio como um todo. Muita gente desconhece o assunto e por desconhecer rejeita a aceitar o diagnóstico do autismo, foi o que aconteceu muito com a gente logo no início. Então, o primeiro desafio que a gente tem é saber o que é e aceitar. É difícil para muitas famílias, a gente vê inúmeras crianças com os seus atrasos podendo potencializar isso, mas os pais com receio de enxergar acabam não vestindo essa camisa. Eu não culpo porque sei da dor que é. E se eles soubessem na íntegra o que é o autismo, o que propõe e as possibilidades de melhora, com certeza aceitariam de forma precoce", diz André.
"A ideia é para que a sociedade não taxe as famílias que tenham dificuldades por uma crise de uma criança, por comportamentos socialmente vistos pela sociedade como inadequados, em dizer que a mãe não educa a criança. Também que os pais sejam orientados e mostrar que eles podem viver esse desafio, para que as familias aceitem e que a gente seja visto pelo governo, que eles pratiquem as leis já aprovadas, que permitam ter acesso ao tratamento. Está nas mãos do governo proporcionar o tratamento", completa André.
Conheça o perfil do instagram do casal criado para falar sobre o Autismo, clique aqui.