Bairro Industrial comemora 92 anos
Pedaço de Aracaju pesqueiro, turístico, com crescente onda de violência Cotidiano 13/01/2012 17h34Por Sílvio Oliveira
A torcida proletária do Confiança, o estádio João Sabino Ribeiro, o parque da Cidade, as chaminés das indústrias de tecido, o Moinho de Sergipe, o colégio estadual Castelo Branco, a orlinha Dona Finha, o árbitro Sidrak Marinho. Todos esses locais e personalidades são símbolos do Bairro Industrial, que nesta sexta-feira (13), comemora 92 anos de existência. Como todos os bairros, há pontos positivos e a melhorar, num conglomerado que reúne por nome de Industrial 57 mil habitantes, mais de 230 logradouros e 15 residênciais, condomínios e invasões.
O Bairro Industrial já não é mais o mesmo. Das antigas chaminés das fábricas que deram o nome ao bairro, o futuro caminha para a verticalização dos primeiros condomínios de prédios, com a chegada da ponte Construtor João Alves, que liga Aracaju à Barra dos Coqueiros. Mas é numa conversa com seus filhos/moradores, que se percebe um pouco do interior entranhado naquela localidade em expansão, bem pertinho do Centro de Aracaju.
Na antiga rua do Bode, hoje travessa Altamira, mora uma das filhas mais antigas: Josenira Evangelista da Graça (70). Ela ali nasceu, cresceu, constituiu família e de lá diz que só sairá quando morrer. Com um prato de comida nas mãos e o rosto sujo de farofa, Dona Josenira, como é conhecida, mostrou que ali respira um pouquinho do interior. “Estou almoçando (na porta de casa)”, respondeu ela, dizendo que os três filhos do bairro, bem como os netos e bisnetos que ela não soube quantificá-los, são filhos dali. “Todos aqui me chamam de vó, de tia. Só saiu daqui para o cemitério”, declarou.
Se perguntado aos moradores o que eles adoram, logo vem o amor aos vizinhos e aos amigos. É quase uma unanimidade. Everaldo Menezes (80), o Velho do Arsenal como é conhecido por conta do Bar do Arsenal, também acha esse quesito um ponto positivo, mas como ponto a ser melhorado é quase unanimidade também a crescente onda de violência. “Já foi bom morar aqui. Trato bem todos, mas antes ficava no meu estabelecimento até três da madrugada e nada acontecia. Hoje quando chega às 11 horas da noite, fecho mesmo com clientes”, reclamou.
Carlos Henrique dos Santos (32) também reclama da falta de segurança. Dona Gedalva Santos (66) também. Ledina Barros Nascimento (55) disse que é carioca e foi morar lá por conta de problemas financeiros. Mas a juventude que faz manobra na pista de skate da Praça Dona Finha são filhos legítimos daquela localidade e não pretendem sair de lá. “Eu sou daqui e gosto”, disse Mitchell Nascimento dos Anjos (23).
Projetos para o turismo
É no Bairro Industrial onde se tem uma privilegiada vista do rio Sergipe e da ponte Construtor João Alves. É onde fica a Orlinha e o Parque da Cidade, com teleférico e zoológico. Há a famosa rua de São João, mas, segundo os moradores, faltam projetos que elevem um bairro como uma atração turística.
De acordo com Marcos dos Anjos, presidente Associação de Moradores e Co
merciantes, falta construir a segunda etapa da Orla do Bairro Industrial e não há uma política de incentivo promocional de divulgação, nem inclusão do bairro no roteiro oficial do turismo. “Se fala muito do bairro, mas não está no roteiro oficial. Falta sinalização turística e seria importante que tivesse um projeto para esportes náuticos, turismo ecológico no Parque da Cidade. Falta investimento numa área completamente voltada para o turismo”, avaliou.Quanto a onda de insegurança ressaltada pelos moradores, Marcos dos Anjos destacou que o Governo do Estado poderia implantar na localidade uma subcoordenação da Companhia de Turismo, como tem na orla da praia de Atalaia.
Ele falou também sobre os problemas de transporte público no bairro, já que há as linhas Marcos Freire, Fernando Collor e Piabeta, mas poderia ter uma linha bate e volta bairro Industrial via Orlinha.
Bairro pesqueiro
É lá que fica a igreja de São Pedro Pescador e todos os anos saúda todos os pescadores, já que o bairro está a margem do rio Sergipe. Desse rio diversos moradores retiram o sustendo e, como num paradoxo, as chaminés das industriais que outrora deram nome ao bairro e a degradação ambiental fizeram diminuir a pesca na localidade.
Wagner de Jesus (24) sempre viveu da pesca, mas reclama que às vezes joga a rende e nada mais vem senão entulho. “Ganhamos de 50 a 200 por semana, a depender da maré, mas hoje a coisa esta ficando feia”, destacou.
Quanto às históricas de pescadores, Jair Martins Santos (57) diz que é verdade a lenda de que sempre aparecem botos por ali. “Eles vêm de manhã cedo e até chegam aqui na ponta atrás de comida”, revelou.
E para não passar em branco a data festiva, a partir das 19h da sexta-feira, haverá apresentações artísticas e culturais, além de um trio elétrico na avenida Altamira. O bairro Industrial comemora 92 anos com um ar de interior, mas com problemas de cidade grande.
Cuidados são importantes para garantir uma festa mais tranquila
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