As Bets impediram Sergipe de gerar mais empregos
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 25/01/2025 06h22Em 2024, as apostas esportivas e jogos de azar online representaram um grave problema econômico para Sergipe. Segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Brasil perdeu R$ 103 bilhões com apostas no período. Em Sergipe, a análise local realizada pela Fecomércio revelou que o impacto dessa prática foi devastador, com a drenagem de impressionantes R$ 846 milhões da economia estadual. Esse montante representa 0,82% do total nacional e prejudicou diretamente a arrecadação de impostos, a geração de empregos e o crescimento do estado.
O valor perdido, que poderia estar circulando em setores produtivos, é um reflexo direto de uma prática que retira recursos locais e, em sua maioria, os transfere para empresas sediadas fora do país, sem oferecer nenhum retorno concreto para a sociedade sergipana. Esses R$ 846 milhões, caso investidos na economia local, poderiam ter ajudado a gerar a circulação de cerca de 7.000 empregos diretos e indiretos. O setor produtivo, especialmente comércio e serviços, que responde por mais de 70% da geração de empregos no estado, poderia ter sido amplamente beneficiado por esse recurso.
Além da perda direta no faturamento, o impacto no Valor Adicionado Bruto (VAB) de Sergipe foi igualmente significativo. Estima-se que R$ 574,56 milhões deixaram de ser adicionados à produção econômica estadual, comprometendo o desempenho de diversos setores. Esse impacto, somado à perda de arrecadação tributária, também representa um grave problema. Com os recursos circulando fora do mercado formal, o estado deixou de arrecadar R$ 27,11 milhões em impostos, valor que poderia ser aplicado em áreas prioritárias como educação, saúde e infraestrutura.
O efeito multiplicador dessas perdas é alarmante. Quando um montante tão expressivo é retirado da economia local, há menos consumo, menos investimento em negócios e, consequentemente, uma redução na capacidade de geração de empregos e crescimento econômico. Esse ciclo afeta diretamente o desenvolvimento de Sergipe e aprofunda desigualdades sociais, especialmente em regiões mais vulneráveis.
Outro aspecto preocupante do impacto das apostas em Sergipe é o custo social. Com mais de 60% das famílias sergipanas endividadas, o crescimento das apostas tem agravado a situação de muitas pessoas, que recorrem a empréstimos e comprometem sua renda mensal para tentar compensar perdas nos jogos. Essa situação desestrutura famílias, gera transtornos psicológicos como ansiedade e depressão e sobrecarrega os serviços públicos de saúde.
A análise da Fecomércio demonstra como o cenário nacional, apresentado pela CNC, também se reflete localmente de forma ainda mais preocupante. Embora Sergipe represente uma pequena parcela da perda nacional de R$ 103 bilhões, o impacto proporcional ao tamanho da economia estadual é devastador. Os R$ 846 milhões drenados representam uma oportunidade perdida para investimentos em setores produtivos, com reflexos negativos que vão desde o fechamento de negócios até o aumento do desemprego e do endividamento.
Diante desse cenário, é urgente que medidas sejam tomadas para mitigar os impactos das apostas esportivas. A regulamentação rigorosa do setor, garantindo tributação justa e retorno financeiro para o estado, é essencial. Campanhas de conscientização são igualmente importantes para alertar a população sobre os riscos financeiros e sociais das apostas. Além disso, é necessário criar programas de apoio para dependentes de jogos e para famílias endividadas, além de investir em iniciativas que fomentem o fortalecimento da economia local.
As apostas esportivas não representam apenas um problema individual, mas um fator que prejudica o desenvolvimento de Sergipe. A perda de R$ 846 milhões em 2024 não pode ser ignorada, pois esse dinheiro poderia transformar a realidade do estado, gerando empregos, melhorando a qualidade de vida e promovendo o crescimento econômico sustentável. É fundamental que a sociedade, as autoridades e os empresários atuem de forma conjunta para combater essa prática que está comprometendo o futuro do estado.
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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.
E-mail: jornalistamarciorocha@live.com
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