O salário-mínimo e a indignidade para as pessoas
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 18/01/2025 04h23O salário-mínimo é uma ferramenta essencial para a política salarial de muitos países, incluindo o Brasil. Instituído nos anos 40 para garantir um mínimo de subsistência, o salário-mínimo deveria atender às necessidades básicas do trabalhador e sua família, proporcionando não apenas a sobrevivência, mas também uma vida digna. Contudo, questiona-se se o valor atual é suficiente para assegurar uma qualidade de vida adequada aos brasileiros. Atualmente, o salário-mínimo no Brasil está em R$ 1.518,00 (valor de 2025). Este montante é frequentemente criticado por ser insuficiente para cobrir as despesas básicas de uma família, especialmente em um cenário de inflação persistente e aumento do custo de vida. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o salário-mínimo necessário para garantir o bem-estar de uma família de quatro pessoas deveria ser significativamente maior.
Para analisar as condições de vida, é fundamental considerar os seguintes componentes: alimentação, moradia, lazer, educação e saúde, e consumo de bens e serviços. Uma família de quatro pessoas necessita de uma dieta balanceada que inclua proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais. O custo de uma cesta básica, em Aracaju fechou o ano de 2024 no valor de R$ 554,08, o menor do Brasil. No entanto, o valor médio ultrapassa R$ 700, sendo que em São Paulo, chega a R$ 841,29, o mais alto. O custo da moradia, seja aluguel ou prestação da casa própria, varia consideravelmente dependendo da região. Em média, uma moradia digna pode custar entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00 mensais, considerando localização, segurança e infraestrutura.
Lazer é um componente essencial para a qualidade de vida. Considerando passeios, atividades culturais e viagens ocasionais, o gasto mensal pode ser estimado em torno de R$ 500,00 a R$ 1.000,00 por família. Embora o Brasil disponha de sistemas públicos de educação e saúde, muitas famílias optam por serviços privados devido à qualidade e disponibilidade. Planos de saúde e escolas particulares podem custar entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00 mensais. Incluindo despesas com vestuário, transporte, eletricidade, água e comunicações, estima-se que uma família gaste aproximadamente R$ 1.500,00 mensais.
Para proporcionar uma vida digna, a renda mínima mensal de uma família de quatro pessoas deveria ser suficiente para cobrir todos esses custos. Somando os componentes mencionados, temos: alimentação (R$ 750), moradia (R$ 1.500 em média), lazer (R$ 750 em média), educação e saúde (R$ 1.500 em média) e consumo de bens e serviços (R$ 1.500). Totalizando R$ 6.000,00 mensais, este valor seria o mínimo necessário para garantir não apenas a sobrevivência, mas também a qualidade de vida desejada para uma família de quatro pessoas no Brasil.
A discrepância entre o salário-mínimo atual e o necessário para uma vida digna indica a urgência de ajustes políticos e econômicos. Porque como falamos na semana passada, esse papo de que uma renda de R$ 3.400 é o patamar que coloca em uma família na classe média, não passa de uma ilusão. A suposta classe média atribuída à essa renda vive mal, come mal, pouco tem oportunidades de lazer e não consegue ter uma moradia digna.
Políticas de fomento à geração de emprego, controle inflacionário e incentivo à educação financeira podem ser passos fundamentais para melhorar as condições de vida dos brasileiros. Além disso, uma revisão periódica e criteriosa do salário-mínimo é crucial para acompanhar as demandas reais da população. Por fim, é imprescindível que as políticas salariais sejam integradas a uma agenda ampla de desenvolvimento socioeconômico, garantindo que o crescimento econômico seja inclusivo e beneficie a todos.
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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.
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