Citricultura sergipana, o que fazer?
Há necessidade de um plano estadual de revitalização Blogs e Colunas | Haroldo Araújo Filho 21/06/2021 09h45 - Atualizado em 23/08/2021 14h33É notório que desde o final dos anos 90 a Citricultura sergipana vem enfrentando sucessivos declínios.
Os números a seguir são fatos incontestes desse período de dificuldade.
Segundo o MAPA (2021), em Sergipe, nos últimos dez anos o Valor Brutal da Produção (VBP) da cultura da Laranja caiu mais da metade.
Também, segundo o IBGE, a produção e área plantada sofreram uma redução de quase metade nos últimos dez anos.
Tais indicadores levaram o estado de Sergipe a despencar da segunda colocação na produção nacional, nos anos 80-90, para o quinto lugar na atualidade, atrás de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Bahia.
Igualmente incontestável é o ainda importante papel socioeconômico da citricultura para nosso estado e, em especial, para a história recente do desenvolvimento dos municípios da região centro-sul sergipana (Arauá, Boquim, Cristinápolis, Estância, Indiaroba, Itabaianinha, Itaporanga, Lagarto, Pedrinhas, Riachão do Dantas, Salgado, Santa Luzia do Itanhy, Tomar do Geru e Umbaúba).
Desta forma fazemos a instigante pergunta: o que fazer para revitalizar a citricultura sergipana?
É necessário, primordialmente, compreender que 80% da citricultura sergipana é cultivada em propriedades de até 10 hectares, ou seja, inexoravelmente qualquer processo de revitalização precisa inserir os pequenos e médios citricultores.
Por anos, a atividade foi rentável com pouquíssimo emprego de tecnologia. Porém, à medida que a rentabilidade ia ficando mais dependente de modernas técnicas de cultivo e manejo, a maioria dos nossos produtores foi encontrando dificuldades em acessar esses avanços.
Essa situação provocou um lento e gradativo abandono dos pomares, culminando no seu envelhecimento e na significativa queda de produtividade, levando muitos produtores a optar pelo abandono da atividade. Afinal, erradicar o pomar se tornou mais barato do que renová-lo.
Um futuro programa de revitalização encontrará ainda bases positivas para o seu sucesso, quais sejam: os citros sergipanos possuem excelente aceitação em outros mercados consumidores; temos agroindústrias processadoras de frutas, importante elemento para qualquer atividade agrícola; o suco de laranja é o principal produto exportado do estado; possuímos condições edafoclimáticas favoráveis; temos produtores vocacionados para a atividade citrícola e outras tantas vantagens.
Nesse diapasão, podemos afirmar que o estado possui ainda vários casos de sucesso de produtores, independentemente do tamanho, que profissionalizaram sua atividade e que alcançam excelentes rentabilidades com a citricultura.
Um case de sucesso nos chama atenção, que creio poucos conheçam, o lote irrigado São Francisco Citros, localizado no platô de Neópolis, exporta limão-taiti direto para Europa, ou seja citros sergipanos sendo consumidos por europeus, você sabia disso, caro leitor?
Desta forma, compreendemos que essa atividade, por sua elevada importância socioeconômica, não pode se resumir a casos isolados de sucesso, precisamos fazê-la voltar a ser uma importante mola propulsora de desenvolvimento da sociedade sergipana.
Pelo exposto, é imperioso concluir que o Governo do Estado de Sergipe precisa, urgentemente, promover um eficiente programa de revitalização da citricultura. Como já foi proposto (suplicado) no ano de 2019, por citricultores, secretários de Agricultura da região centro-sul e técnicos de diversos órgãos, através de uma Carta Aberta, esta já de amplo conhecimento das autoridades estaduais.
Aqui destacamos alguns importantes ponto içados pela Carta Aberta: revitalização da assistência técnica e extensão rural, a melhoria da estruturação das atividades da defesa estadual, regulamentação da produção de mudas, compromisso das entidades da cadeia produtiva da citricultura para priorizar os pequenos produtores, aprimoramento para aquisição de equipamentos, incentivo à irrigação, operacionalização da Unidade de Produção de Inimigos Naturais para o combate às pragas e doenças, com menos problemas ao meio ambiente, melhorias para a comercialização e segurança no campo.
Engenheiro Agrônomo do Incra/Ministério da Agricultura, formado pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em Irrigação (UFS). Secretário de agricultura de Riachão do Dantas (2005-2007); Superintendente regional do Incra em Sergipe ( 2016-2017); Delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário em Sergipe (2017); superintendente do Ministério da Agricultura (2019-2023). Antes de ingressar no serviço público atuou em empresas comerciais do ramo agropecuário.
E-mail: hafaraujo@yahoo.com.br
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