Hora de lançar a semente na terra. Hora de cultivar a esperança. | Haroldo Araújo Filho | F5 News - Sergipe Atualizado

Hora de lançar a semente na terra. Hora de cultivar a esperança.
A indissociabilidade entre a eficiência produtiva e a disponibilidade do crédito rural.
Blogs e Colunas | Haroldo Araújo Filho 10/03/2023 07h00

A proximidade do período chuvoso marca o preparo para mais um ciclo da cultura do milho. Com ele, se inicia também um outro cultivo, o da esperança, a maior virtude dos produtores rurais sergipanos e de toda região do SEALBA.

Redundante falar do sucesso e da importância da cultura do milho para nosso Estado, afinal este cultivo é responsável por 52% da produção agrícola sergipana, segundo o IBGE.

Algumas singularidades da produção sergipana chamam atenção e devem sempre ser destacadas. Por exemplo, a área plantada é composta por mais de 80% de pequenos e médios produtores, importante fato para elevar os índices de desenvolvimento socioeconômicos, além de desmistificar a ideia de que altos índices de produtividade só são possíveis em grandes propriedades.

Outro importante ponto é a indispensável assistência técnica proporcionada pelos representantes comerciais, franqueados e revendas do setor.

Os últimos três anos de índices pluviométricos favoráveis e a eficiência produtiva do setor provocaram uma produção aproximada de 900 (novecentas) mil toneladas na última safra, bem como, o maior Valor Bruto da Produção (VBP) dos últimos dez anos, rompendo a barreira de 1,1 bilhão de reais.

Mas é importante também salientar que os financiamentos rurais operados pelas instituições financeiras presentes em nossa região possuem um indispensável papel no êxito da atividade, muito em virtude das singularidades aqui já destacadas.

As principais fontes de recursos com taxas de juros mais atrativas são os oriundos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), operados pelo Banco do Nordeste; dos Recursos Próprios Obrigatórios, operados pelo Banese, e os advindos dos Recursos Obrigatórios na União, fonte do Pronamp, por exemplo, com operações feitas pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal.

Porém, no ano passado, durante o mês de fevereiro, o então Ministério da Economia solicitou às instituições financeiras que suspendessem novas contratações de crédito rural oriundos dos Recursos Obrigatórios porque demandariam equalização de taxas de juros (consequência direta da taxa SELIC). Tal suspensão só foi superada apenas com a aprovação da suplementação orçamentária via PLN 1/2022 e sancionada pelo então presidente da República no mês de julho.

Neste ano a situação se repetiu, ou seja, desde janeiro que tais operações estão suspensas. O ministro Carlos Fávaro, do MAPA, já está fazendo gestão junto ao Ministério da Fazenda para equalização do Plano Safra.

Tal situação tem trazido uma grande insegurança aos nossos produtores que optam em operar seus custeios via Banco do Brasil (quase 40% das operações, figura 01). Afinal, no ano passado só se resolveu no apagar das luzes do nosso calendário agrícola. Já este ano, as tratativas para solução estão em curso.

Ao nos debruçarmos sobre essa conjuntura, nos deparamos com o fato da safra de milho da região do SEALBA estar, cronologicamente, no final do calendário do Plano Safra vigente, pois este sempre começa em 1º de julho e vai até 30 de junho do ano seguinte. Ou seja, enquanto já se pensa em um novo Plano Safra a região SEALBA está plantando sua safra de milho com os recursos do Plano findo, tornando assim seus produtores mais suscetíveis a uma possível falta de recursos e/ou suspensão de créditos de taxas de juros mais atrativas e operadas, por exemplo, pelo Banco do Brasil.

No último dia 8, durante o Encontro Regional Nordeste, ocorrido na Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Sergipe (FAESE), promovido pela CNA, a representação presente destacou os pontos aqui trazidos, juntamente com a atualização do Proagro (próximo tema a ser abordado por esta coluna), como os principais gargalos aos financiamentos rurais destinados à cultura do milho.

Enfim, o produtor de milho da região SEALBA, além de cultivar a esperança em um bom ano pluviométrico, em preços viáveis dos insumos e em um bom valor da safra, terá que somar mais um elemento nesse cultivo, a disponibilidade do crédito rural.

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Engenheiro Agrônomo do Incra/Ministério da Agricultura, formado pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em Irrigação (UFS). Secretário de agricultura de Riachão do Dantas (2005-2007); Superintendente regional do Incra em Sergipe ( 2016-2017); Delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário em Sergipe (2017); superintendente do Ministério da Agricultura (2019-2023). Antes de ingressar no serviço público atuou em empresas comerciais do ramo agropecuário.

E-mail: hafaraujo@yahoo.com.br

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