Histórias do Agro Sergipano (Capítulo XV)
LacGlória Laticínios, um exemplar representante do compensatório processo de regularização Blogs e Colunas | Haroldo Araújo Filho 27/09/2023 07h00O personagem de hoje da série Histórias do Agro Sergipano é o Laticínio LacGlória, localizado no povoado Lagoa do Rancho, município de Nossa Senhora da Glória, carinhosamente chamada de capital do sertão sergipano.
A jornada da LacGlória iniciou-se há mais de vinte anos quando seu fundador, Geovandino Feitoza Aragão, começou a produzir, informalmente, queijo e manteiga, e os comercializava nas cercanias de Feira de Santana/BA e de Aracaju/SE.
Os anos seguintes foram extremamente difíceis, não só pelas dificuldades inerentes ao negócio, especialmente, por se tratar de um laticínio informal. Mas a determinação do seu fundador, além de ter sido crucial para a consolidação do empreendimento, foi incentivador para que sua própria família assumisse o LacGlória como um patrimônio familiar.
Nesse toar que Dona Dulcineide Santos Aragão, esposa de Geovandino, incentiva seus filhos participarem ativamente do empreendimento.Primeiro, em 2015, a filha mais velha, Bruna Letícia Santos Aragão, se junta à administração do laticínio, contribuindo na melhoria de diversos processos da produção à comercialização. Já em 2019, o filho mais novo, Lucas Santos Aragão, recém-formado em Engenharia, se soma ao empreendimento, o qual passa ter como meta a saída da informalidade e, por consequência, a regularização total do LacGlória.
Desta forma no ano de 2020, após árduo trabalho, que contou com a indispensável assistência técnica e gerencial do Senar/SE, o LacGlória recebe o Selo de Inspeção Estadual (SIE), tornando-se regular para comercializar seus produtos em âmbito estadual.
Mas o espírito empreendedor dessa família não se acomodaria em apenas regularizar a comercialização dentro do estado de Sergipe, era preciso avançar mais e ir atrás de outros centros comerciais.
Então, é assim que em 2023 o laticínio LacGlória consegue a adesão ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA), um importante instrumento de equivalência dos serviços de inspeção estaduais que garantem a inocuidade e segurança alimentar com a mesma eficiência do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), tornando-o apto para vender seus produtos em todo território nacional.Atualmente o LacGlória possui uma capacidade de processamento de trinta mil litros por dia, produzindo cinco produtos: Queijo coalho, queijo mussarela, manteiga, ricota fresca e queijo minas frescal, comercializando-os não só em Sergipe, mas também, na Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Para tal empreitada conta com quase trinta abnegados colaboradores e tem como responsável técnica a competente Doutora Glads Góes, Médica Veterinária e especialista em regularização de Agroindústrias.
Importante frisar também que o LacGlória fornece assistência técnica aos seus produtores fornecedores, através do Programa Mais Leite Saudável do MAPA.
A família Santos Aragão, não é somente referência no segmento da Agroindústria de base familiar, mas, em especial, em mostrar como é compensatório comercialmente modernizar um laticínio através dos devidos procedimentos relacionados à inspeção oficial.
E aí, estimado(a) leitor(a), gostou da História de hoje? Espero que sim. Mas quero que saiba que você é um importante elo dessa cadeia produtiva. Consuma apenas produtos lácteos que possuam inspeção oficial, além de ser seguro para sua saúde, você contribui para sobrevivência de laticínios como o personagem desta História. Como já escrito por esse colunista, Produção leiteira em Sergipe – A umbilical relação entre fabricação, inspeção e comercialização.Por outro lado é indispensável que os órgãos estatais cumpram ser dever público de neutralizar a produção de produtos lácteos sem inspeção oficial, os quais concorrem deslealmente com os laticínios regulares.
Por fim, através do LacGlória homenageamos também outros pequenos e médios laticínios, a exemplo do Natulact, OuroBom, Nalmilk, Fazenda Nova e Alvorada; como também aqueles de maior porte, a exemplo da Natville, Betânia e Damare, que sobejamente contribuem para o desenvolvimento da produção leiteira em Sergipe.
Engenheiro Agrônomo do Incra/Ministério da Agricultura, formado pela Universidade Federal de Sergipe, pós-graduado em Irrigação (UFS). Secretário de agricultura de Riachão do Dantas (2005-2007); Superintendente regional do Incra em Sergipe ( 2016-2017); Delegado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário em Sergipe (2017); superintendente do Ministério da Agricultura (2019-2023). Antes de ingressar no serviço público atuou em empresas comerciais do ramo agropecuário.
E-mail: hafaraujo@yahoo.com.br
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