Cinco minutos no Instagram e uma frase me chamou a atenção: “Você só aceita o amor que acha que merece”. Rolei o feed mais um pouco e outra verdade estava ali: “Cuidado com o que você tolera, você está ensinando como as pessoas devem te tratar”. Anos atrás isso não faria o menor sentido pra mim. Eu diria ser exagero, coisa de gente que não sabe ser maleável. Quanta inocência! Eu tolerava coisas que não deveria e achava que não era um problema. Mas era.
Parece tão clichê, mas o que toleramos define, sim, o rumo que damos à nossa vida. Demorei a perceber que eu precisava ser menos tolerante, menos complacente, e quando aprendi a dizer “não”, encontrei o “sim” que eu precisava.
Amadurecer foi o que me ensinou a me negar a certas pessoas e situações. Só o tempo fez isso mesmo. O tempo e alguns tapas da vida, claro. 
Quando eu disse “não” a uma amizade que exigia muito de mim, mas se negava quando eu precisava de qualquer coisa, por menor que fosse, eu disse “sim” a amizades leais e verdadeiras. Dizer “não” a quem não era recíproco comigo foi o que me fez enxergar a reciprocidade de gente que eu nunca tinha notado.
Quando eu disse “não” ao fluxo da minha geração que trabalha demais e não tem tempo pra nada, eu disse “sim” a ter tempo de qualidade com quem amo, curtir os finais de semana sem fazer nada e começar a segunda-feira animada o bastante para não odiá-lá.
Dizer “não” aos padrões estéticos que a sociedade esperava de mim me fez dizer “sim” à liberdade de amar minhas curvas, posar para fotos de biquíni e frequentar a academia sem vergonha do que as pessoas magras iriam pensar de mim. Esse “não”, porém, me levou a outro: eu disse “não” a ouvir quieta opiniões que não pedi sobre meu corpo ou minha aparência. Assim, eu disse “sim” ao direito de responder que quando eu quiser a opinião de alguém, eu mesma vou pedir.
Ser mãe me pediu outros “nãos”. Vários, na verdade.
Antes mesmo da minha filha nascer, eu já tinha decidido dizer “não” a me sentir culpada por tudo como falaram que eu me sentiria, “não” a esquecer como era minha vida antes de ser mãe (eu lembro de tudo, só não lamento não ser mais daquele jeito). Eu disse “não” a reclamar em qualquer lugar como se tudo na maternidade fosse um problema e eu também disse “não” e “nunca” a diversas outras coisas. Foi assim que eu disse “sim” a ser uma mãe feliz e realizada, uma mãe que não tem a maternidade como algo que faço, mas como algo que sou. Ser uma mãe alegre foi o melhor “sim” que tantos “nãos” me trouxeram.
Ah, dizer “não”... que belo presente da maturidade esse é. 
Porque quando a gente ainda não cresceu, a necessidade de agradar os outros passa por cima da necessidade de nos agradar, e é aí que mora o problema.
Se colocar em primeiro lugar não é egoísmo, pelo contrário, é entender que eu preciso me sentir plena pra poder fazer algo por quem eu amo com felicidade, não por obrigação. 
Realmente, ter cuidado com o que toleramos é o primeiro passo para ensinar aos outros o que merecemos. E se ensinar aos outros o que eu mereço envolve dizer “não”, “não” e “não”, pode ter certeza que direi. No fim, eu sei que o “sim” que vem depois vale mais a pena. 
E você? Já escolheu ao quê vai dizer “não” hoje?