O senador Laércio Oliveira (PP) respondeu nesta quarta-feira (30), em discurso na tribuna do Senado, às acusações feitas pelo também senador Rogério Carvalho (PT) ontem, em referência ao Programa de Aceleração da Transição Energética, Eólicas Offshore e criação do Mercado de Carbono (Paten).

Waldemir Barreto/Agência Senado

Carvalho acusou Laércio de incluir em seu relatório ao Paten um “jabuti” que, segundo disse, iria contra os interesses de Sergipe, ao retirar da Petrobras o controle sobre o gás natural associado ao petróleo.

Em seu discurso de resposta hoje, o senador progressista disse ver com estranheza declarações – que chamou de contraditórias – vindas da Petrobras, cujos interesses foram defendidos por Rogério Carvalho no dia de ontem. “Não é possível aceitar que a Petrobras, visando exercer o domínio total do mercado, compre gás natural de muitos produtores nacionais e também seja o grande agente importador de gás da Bolívia”, disse Laércio.

“Ainda mais estarrecedor é o fato da estatal deliberadamente reinjetar, de forma desnecessária, grandes volumes de gás que poderiam ser escoados e ofertados ao mercado, bem como postergar indefinidamente a implantação de novos projetos, como o Sergipe Águas Profundas, que poderia trazer a autossuficiência nacional de gás natural, promovendo um choque de oferta e aumento de competitividade para a indústria brasileira”, complementou.

Laércio acusou a Petrobras de adiar, de maneira intencional, esse projeto, para que não aconteça aumento de oferta e, por consequência, queda nos preços. “A companhia exerce o domínio do mercado maximizando os seus ganhos no setor de gás às custas de atrasar o desenvolvimento industrial do país, trazendo prejuízos imensos para Sergipe e para o Brasil”, analisou.

Em alusão a Rogério Carvalho, ele afirmou: "Lamento que tenhamos um senador nesta casa que defende o preço alto do gás natural no Brasil".

O progressista considerou o encerramento do discurso de Carvalho como “uma afronta ao Poder Legislativo, soando como uma ameaça ao país e uma chantagem com Sergipe”. Isso porque o petista afirmou que, se houver a aprovação do texto que contribui para retirar da Petrobras a concentração de mercado do gás natural, a estatal não voltaria ao estado.  

“Não podemos aceitar esse tipo de tentativa de intimidação”, disse Laércio, citando que as propostas apresentadas em seu relatório foram discutidas com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e sua equipe. “Eles entendem a necessidade de promover uma redução do preço do gás no Brasil e que o projeto está alinhado com o Programa Gás para Empregar, recentemente instituído por decreto do Governo Federal”, disse o senador.