João Fontes sobre o PPS: “caí numa “cocó” | F5 News - Sergipe Atualizado

João Fontes sobre o PPS: “caí numa “cocó”
Ex-deputado não sabia que partido negociava para ter Almeida Lima
Política 27/08/2011 09h14


Por Márcio Rocha

Depois de quase voltar a se filiar ao PPS de Sergipe, para somar-se ao presidente da legenda, Nilson Lima, no projeto de o partido ter candidatura própria a prefeito de Aracaju, o ex-deputado federal João Fontes oficializou sua desistência, após discutir com o presidente Nacional, o deputado federal Roberto Freire, numa emissora de rádio na manhã da última sexta-feira (26). Fontes, na verdade, já estava desistido de voltar ao partido por conta do namoro entre o PPS e o deputado federal José Almeida Lima (PMDB). Nesta entrevista que concede ao portal F5News, o ex-deputado diz que o PPS é uma página virada, mas garante continuar na política.

 

F5News – Quais os reais motivos que o fizeram desistir de voltar ao PPS?

João Fontes – Veja bem, eu, desde o primeiro momento em que conversei com Nilson Lima, coloquei a minha insegurança de refiliar-me ao PPS porque eu conheço a história do PPS, sei como o partido foi formado e sei quem é a figura dúbia do Roberto Freire. Nílson me assegurou que o partido tinha um comando sério na atualidade. Eu acreditei nisso, num partido que tem o meu perfil, defendendo as bandeiras de luta que tenho na sociedade. Fiquei com um pé atrás, mas resolvi seguir para ajudar a formar um partido no qual acreditava. Todavia, o partido em Sergipe nasceu torto. E pau que nasce torto, morre torto.

 

F5News – O senhor acreditava que o PPS poderia ser uma alternativa?

J.F.- Eu acreditei nisso. Ouvi Nilson e fui buscar outras pessoas para fortalecer o PPS. O objetivo era criar uma alternativa competente e com nomes bons, para ajudar o povo, tentando administrar Aracaju. Daí eu fui surpreendido com a vinda de Almeida para o PPS, eu não entendi. Pois o Roberto, ao se referir a Almeida Lima, dizia coisas impublicáveis sobre ele, discordava em vários posicionamentos e não demonstrava nenhuma afinidade com Almeida. De repente, vem a notícia da vinda dele para o partido, sem que eu soubesse de nada. Eu caí numa “cocó”. Isso não me deixou confortável, não votarei em Almeida para prefeito de Aracaju, então não tenho porque ficar numa legenda que tenha Almeida no comando. Pois eu sei que Almeida vem para tomar conta do partido e ser candidato a prefeito de Aracaju. Estou fora desse projeto. Não vou entrar mais no PPS, porque essa não era a proposta inicial.

 

F5News – Então, o grupo negociou sem seu conhecimento. Considera uma trição?

J.F – Veja bem, eu recebi comunicado de Marcos Aurélio (secretário geral do partido e auxiliar do prefeito de Itabaiana Luciano Bispo – PMDB) e depois de Nilson Lima, dizendo que Almeida estava interessado em conversar sobre o partido, para formação de uma nova ordem política. Por mim, não havia problema. Mas eu não sabia que por trás havia uma negociação para ele ter o controle do PPS em Sergipe. Eu fui surpreendido na última terça-feira com essa informação. O Roberto Freire me chamou para presidir a legenda há quatro anos, porque queria modificar a face do partido, a história do PPS. Depois, ele voltou atrás. Apesar de ter uma grande simpatia pelo PPS, por Nilson Lima, pelos componentes da legenda. Mas sempre achei o Roberto Freire uma pessoa muito vulnerável, insegura daquilo que quer. E também por causa das amarrações do partido em Sergipe.

 

F5News – Foi traído?

J.F.- Em nenhum momento foi passado pra mim, a história indicando que Almeida poderia estar no PPS. Não soube de absolutamente nada. Não quero ponderar essa conversa de traiu ou não traiu. O que me interessa é não trair o povo que acredita em mim, as pessoas que confiam no meu trabalho. Eu não consigo mentir para ninguém, não consigo ser diferente do que sou para as pessoas. Se eu não vou mais me filiar ao PPS, então para mim é uma página virada. Não vou levantar a questão de trair ou ser traído pela direção do partido. Eu não quero mais falar em PPS, não sou parte do processo deles, então não tenho legitimidade para falar sobre o partido, pois não é o meu partido. Eles que trouxeram Almeida, então que resolvam a situação com Almeida eles mesmos.

 

F5News – A decisão de Roberto Freire não foi prudente?

J.F. – Roberto fez aqui em Sergipe o que sempre fez em todos os momentos no PPS em todos os lugares. Ele quer um deputado federal para os seus quadros, para o partido, e se ele quer o Almeida, que fique. Mas é apenas por ele ser deputado federal. Para o Roberto, Almeida sempre foi uma pessoa mal vista, não era de seu agrado conviver com ele. O que ele falava a respeito de Almeida, dispensa comentários. Então, seria prudente para mim, ver o Roberto agir de maneira diferente daquilo que ele é. Contudo, agiu como sempre fez. Ele colocou em prática mais uma vez a parábola do “sapo e o escorpião”. Ele faz a mesma coisa. Quando estamos próximos de atravessar o rio, ele dá uma ferroada e depois justifica-se por ser essa sua natureza. Não é nenhuma novidade para mim, que ele tenha tomado essa atitude. Talvez, a vontade de acreditar nas pessoas e recuperar a credibilidade da classe política, me fez acreditar nele. O que mais uma vez, me desenganou da classe política. Eu achei que Nilson tinha o controle do partido, mas as decisões são tomadas de cima para baixo, negociando o que é melhor para o partido lá por cima mesmo.

 

F5News – Nilson Lima está vivendo uma utopia no PPS?

JF. – Um homem correto, sério. Este é Nilson Lima. Para ele, passar por isso tudo é difícil. Eu sei do desejo dele em construir algo diferente, da vontade que ele tem de ver um Sergipe mais produtivo para seu povo.

 

F5News – Os representantes do PPS afirmaram que o senhor tinha conhecimento da inserção de Almeida na legenda, é verdade?

J.F. – A nota que foi publicada pelo PPS, escrita por Marcos Aurélio é meia verdade. Eles confirmaram para mim que iriam conversar com Almeida Lima sobre a nova ordem política a ser formada, mas não me disseram nada sobre a ida dele para o partido. Em nenhum momento eu fui sabedor da ida de Almeida para o PPS. Se eu soubesse, nem teria começado a discutir a minha inserção na legenda. Sabia da formação da nova ordem, não da entrada. Então a nota conta meia verdade.

 

F5News – O senhor chegou a procurar nomes para fortalecer o PPS para as eleições de 2012?

J.F.- Procurei Henri Clay Andrade, ex-presidente da OAB, que está focado em querer fazer mais pela população, procurei o médico Marcelo Ribeiro, entre outros grandes nomes que podem fazer o melhor pelo povo sergipano e para Aracaju, mas com a presença de Almeida, não dá. Se eu soubesse isso iria chamar Henri Clay para compor com Almeida? Jamais faria isso.

 

F5News – Qual o motivo da divergência pessoal e política entre João Fontes e Almeida Lima?

J.F. – As posições que Almeida tomou que são de conhecimento do País inteiro. Ele ficou nacionalmente conhecido por defender Renan Calheiros, a ponto de ser chamado de “pitbull do renan”, as posições dele em relação ao Sarney e por ele não estar vindo para o PPS por rompimento com o governo federal. Sim, pela conveniência. Ele quer ser candidato a prefeito e não teve o diretório do PMDB. Por isso procura outro partido.

 

 

F5News – O senhor disse que estava deixando o PPS, mas não a política...

J.F. – É verdade. Busquei Henri Clay, Marcelo Barreto para o PPS, mas fu enganado. Sergipe sabe das minhas divergências com Almeida Lima. Se eu soubesse que seria assim jamais tinha conversado. Mas continuarei na política sim. Estou conversando. 

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