A conquista das mulheres por cargos no mercado de trabalho aconteceu em meio a muitas dificuldades e quebras de paradigmas. Isso porque a figura feminina ocupava o papel subordinado, imerso em preconceitos e discriminação. Os seus anseios, desejos, vontades eram submetidos à decisão masculina, dentro da própria residência, e também fora dela. 

A participação feminina no mercado de trabalho, antes ocupado somente por homens, começou a aumentar após o período da Revolução Industrial, que exigia mais mão de obra. Ainda assim, quando foi possível o ingresso, muitas mulheres sofriam por desrespeito, falta de remuneração coerente às ações desenvolvidas, condições de trabalho degradantes, assédio sexual e exploração.

Foram precisos anos de resistência para que as mulheres tivessem seus direitos garantidos constitucionalmente. As Leis Trabalhista surgiram, e com elas garantias de melhorias na condição de vida, como a da jornada de trabalho de 44 horas semanais. Apesar das conquistas, o reconhecimento da figura feminina no mercado de trabalho tem muito o que avançar.

O relatório “Women in Business 2022”, da Grant Thornton, revelou que o Brasil consta em quarto lugar no que diz respeito à ocupação de mulheres em cargos de liderança. Mas, na comparação com 2019, as brasileiras avançaram 13% nos cargos de liderança em corporações. 

Entre as que galgaram essas posições, está o exemplo de Regina França, formada há mais de 10 anos e especialista em gás natural. Atualmente ela atua como Relações Institucionais da Eneva no Nordeste, empresa brasileira integrada de energia que atua em diversos setores da área. Em entrevista, ela relatou que teve a oportunidade de assumir o cargo pelo trabalho realizado.

“Com base na experiência adquirida ao longo desses anos, me tornei especialista em gás natural, tendo participado de diversos fóruns e associações. Meu desempenho em um setor tipicamente masculino chamou atenção da Eneva, que viu em mim características relevantes para atuar em sua área institucional", disse ao F5 News.

Ainda de acordo com Regina França, é necessário que a sociedade tenha um olhar mais amplo em relação ao gênero. “Quando uma empresa desconsidera o perfil feminino para um cargo, já sabemos que toda a sociedade perde. Acredito que as mulheres possuam como caraterística pontos de convergência que são fundamentais para as empresas. O senso de entrega, a responsabilidade em dar o exemplo, a sensação de estar representando uma organização, tudo isso é considerado pela mulher”, explica.

Pelas características comuns a muitas delas, as mulheres têm perfil para gerir cargos de liderança e alavancar o setor em que estão posicionadas na empresa. Além de servir como inspiração para outras mulheres. “Possuimos as habilidades necessárias para cargos de comando, como negociação e empatia. E ter mulheres ocupando cargos de liderança é essencial para que as futuras gerações sejam mais saudáveis e fortes, podendo gerir empresas e torná-las mais duradouras e sustentáveis”, ressalta a escritora e empresária Bruna Lopes ao F5 News.

Mercia Gardênia é diretora financeira do Grupo NC e é membro da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios (CMEG), órgão executivo vinculado à Fecomércio Sergipe. Para ela, as mulheres também possuem características que diferenciam e capacitam na execução do seu trabalho cotidiano, como a flexibilidade e a sensibilidade. 

Ela ainda destaca o seu papel como mulher que contribui com a formação de outras “Estou aqui para somar! Quando a gente está disposta a contar um pouco da nossa história, é porque outras mulheres vão poder avaliar e acreditar em si mesmas”, disse ao portal.