Eu gosto de começos, sempre gostei. Inclusive, nunca entendi o porquê de tanta gente detestar segundas-feiras quando, na verdade, elas marcam apenas o primeiro dia de outros cinco que nos darão a chance de fazer coisas novas, grandiosas ou não, porém novas.

O ano começou faz poucos dias. E, como eu já disse aqui, eu gosto de começos. Gosto mais ainda porque há alguns anos eu começo o ano de férias. Ah, que começo maravilhoso! Meu ano, então, começa realmente em fevereiro, quando eu volto pra casa, coloco as coisas no lugar, inauguro uma agenda nova e faço planos.

Começos me impulsionam a planejar. Eu planejo a semana, planejo o mês e, quase sempre, planejo o ano. Sou metódica, confesso. Porém, o começo do ano antes desse me mostrou que planejar não seria uma solução para o que viria pela frente. Fiz planos simples e planos mirabolantes. Eu planejei levar minha filhinha para viajar de avião pela primeira vez, planejei fazer uma festa grande para comemorar o primeiro ano dela reunindo a família (gigante), planejei apresentar artigos em dois congressos pelo país, planejei voltar à academia logo depois de ter um bebê. Eu planejei participar de uma corrida de rua e viajar para gravar e lançar mais músicas. Não fiz nada disso, não como planejei.

Até o planner lindo e dourado que ganhei de aniversário coloquei numa gaveta e deixei para começar a usar depois. Ele está lá até hoje.

A verdade é que não importava o quanto eu planejasse, o mundo inteiro mudou de rumo e meus rumos precisaram mudar junto com ele. Se você me lê por aqui com frequência, sabe bem o quão otimista sou. Apesar de metódica, sou otimista. Pausei meus planos e decidi viver um dia por vez. É clichê, não precisa me avisar. Mas o clichê foi o que nos salvou do enfado de não conseguir produzir o que gostaríamos e da decepção de não realizar o que desejávamos.

Pausei meus planos e não me arrependi, foi aí que percebi que planejar tanto não me garantia absolutamente nada. Meu pai sempre repetiu pra mim que ‘basta a cada dia o seu mal’, dessa vez eu precisei repetir para mim mesma. Todo dia era um novo dia e o fato de concluí-lo com vida, respirando e saudável já era um plano finalizado com sucesso.

É certo que a vida não nos dá muitas certezas e os dias não nos dão garantias. Então, nesse novo começo – começo que tanto gosto – decidi planejar menos e me preparar para as curvas da jornada porque a vida não é uma linha reta e, mais do que nunca, todos temos provado disso. Se cada dia for de um jeito, estarei pronta. Com sonhos, sim. Projetos também, mas sem muitos planos metódicos. As curvas me sacudiram tanto que até nisso eu mudei.

Por enquanto, o planner dourado segue na gaveta. Talvez depois das férias ele saia de lá. Ou não. Eu também não planejei isso.