Incêndio que matou 10 garotos da base do Flamengo completa dois anos
Sergipano foi uma das vítimas; justiça do Rio acatou denúncia do MPRJ sobre o caso Esporte | Por Emerson Esteves* 08/02/2021 15h45 - Atualizado em 09/02/2021 09h26Completa dois anos hoje (8) o trágico incêndio que atingiu o Ninho do Urubu, Centro de Treinamento (CT) do Flamengo, e matou dez garotos - entre eles um sergipano -, atletas da base. Eles tinham idades entre 14 e 16 anos e estavam nos alojamentos das categorias de base, que ficava em contêineres no próprio centro de treinamento. O incêndio ocorreu durante a noite no CT do clube, que não tinha alvará de funcionamento.
Nesta segunda-feira, as redes sociais do clube carioca foram tomadas por homenagens às vítimas e relembrando o terrível acontecimento. O Coletivo Gazela Negra, composto por torcedores negros de todos o país, fez um ato em frente ao centro de treinamento do Flamengo, em Vargem Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, para homenagear os garotos, cobrar justiça e medidas preventivas que impeçam novas tragédias. No ato simbólico, o Coletivo também exigiu que o Flamengo não entrasse mais em campo no dia 8 de fevereiro e que esta data deveria ser reservada para homenagens e reflexão.
Um sergipano entre as vítimas
Athila Paixão, de 14 anos, morava nos alojamentos do Ninho do Urubu e foi uma das dez vítimas naquele 08 de fevereiro de 2019. Natural de Lagarto, ele integrava as categorias de base do Flamengo desde março de 2018. Atuava na posição de atacante e tinha iniciado sua carreira na escolinha “Geração Futuro”, na cidade do interior de Sergipe. No dia 28 de março de 2018 ele viajou para o Rio de Janeiro para realizar testes no Flamengo.
Em 9 de abril seguinte, ele recebeu a notícia de que foi aprovado nos testes e permaneceu no Flamengo. O jovem atacante jogou a Copa Zico e se destacou com 3 gols marcados. A família de Athila é uma das oito que já chegaram a um acordo com o Flamengo por medidas de indenização pelo ocorrido.
As 10 vítimas fatais do incêndio no Ninho:
Athila Paixão, de 14 anos (sergipano)
Arthur Vinícius, 14 anos
Bernardo Pisetta, 14 anos
Christian Esmério, 15 anos
Gedson Santos, 14 anos
Jorge Eduardo Santos, 15 anos
Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos
Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos
Samuel Thomas Rosa, 15 anos
Vitor Isaías, 15 anos.
Justiça
No dia 20 de janeiro deste ano, a Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público (MPRJ) sobre o incêndio do Ninho do Urubu e tornou réus os onze denunciados, incluindo o então presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello.
A denúncia do Ministério Público-RJ aponta diversas irregularidades cometidas pelos denunciados, como descumprimento de normas técnicas e desobediência a sanções administrativas impostas pelas autoridades. De acordo com nota do MPRJ, os envolvidos foram denunciados pelo crime de incêndio culposo qualificado pelos resultados de morte e lesão grave.
Denunciados no caso
Eduardo Bandeira de Mello - ex-presidente do Flamengo
Márcio Garotti - ex-diretor financeiro do Flamengo
Carlos Noval - ex-diretor da base do Flamengo, atual gerente de transição do clube
Luis Felipe Pondé - engenheiro do Flamengo
Marcelo Sá - engenheiro do Flamengo
Marcus Vinicius Medeiros - monitor do Flamengo
Claudia Pereira Rodrigues - NHJ (empresa que forneceu os contêineres)
Weslley Gimenes - NHJ
Danilo da Silva Duarte - NHJ
Fabio Hilário da Silva - NHJ
Edson Colman da Silva - técnico em refrigeração
Acordo
8 das 10 famílias das vítimas, já tiveram acordos indenizatórios firmados com a equipe carioca. Sendo elas, as famílias dos garotos Samuel, Athila Paixão, Bernardo Piseta, Gedson Santos, Jorge Eduardo, Vitor Isaías, Pablo Henrique e o pai de Rykelmo (a mãe entrou com ação na Justiça).
Ainda não há acordo com a família de Christian Esmério - e,com a mãe de Rykelmo.
*Sob supervisão de Will Rodriguez