Sergipe é destaque em empreendedorismo feminino, diz Sebrae
Atlas dos Pequenos Negócios revelou que estado ocupa 2º lugar no ranking nacional Economia | Por Ana Luísa Andrade 14/07/2022 14h35Sergipe se destaca pela participação das mulheres no comando de negócios. É o que aponta o Atlas dos Pequenos Negócios, pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Segundo o estudo, 37% dos pequenos negócios do estado são comandados por mulheres. Isso coloca Sergipe ao lado do Distrito Federal no segundo lugar do ranking nacional, ficando atrás apenas do estado do Rio de Janeiro.
O levantamento utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao quarto trimestre de 2021. O objetivo é traçar um panorama da atuação dos pequenos negócios - microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte - em todo o país.
A pesquisa também apontou que esses pequenos negócios geram uma renda mensal de R$ 233,8 milhões para o conjunto de empreendedores, o que representa um volume de quase R$ 2,8 bilhões ao ano injetados na economia do estado.
Segundo o Sebrae Sergipe, um dos fatores para o crescimento no número de pequenos negócios no estado é a presença do microempreendedor individual (MEI). De acordo com o órgão, em Sergipe, somente no ano de 2021 foram abertos 25,2 mil negócios desse tipo, o que representa 82,8% do total de empresas criadas no estado.
O MEI é uma categoria jurídica direcionada aos profissionais autônomos, que trabalham por conta própria. Ao realizar o cadastro como MEI, o indivíduo passa a ser portador de um CNPJ, adquirindo facilidades com a abertura de conta bancária, pedido de empréstimos e emissão de notas fiscais. Além disso, o cidadão passa a ter obrigações e direitos de uma pessoa jurídica.
Para se regularizar como MEI, é necessário atender a alguns requisitos: não é permitido ter um faturamento anual superior a R$ 81 mil; não pode participar de outras empresas, seja como sócio ou titular; além disso, é permitida a contratação de no máximo um funcionário, que deve receber um salário mínimo ou o piso da categoria em que se enquadre.
Outro ponto para o qual o microempreendedor que deseja se formalizar precisa ficar atento é quanto ao pagamento de uma taxa mensal de no máximo R$ 66,60. É por meio dela que o trabalhador passa a contar com auxílio doença, salário maternidade, aposentadoria após 15 anos de serviço e pensão por morte. Ainda segundo o Sebrae Sergipe, 78% dos microempreendedores formalizados têm no empreendedorismo a sua única fonte de renda.
Esse é o caso da microempreendedora individual Rebeca Nunes, que trabalha de forma autônoma no ramo da confeitaria.
Em entrevista ao F5 News, ela conta que decidiu passar a empreender de forma informal ainda adolescente, quando começou a vender brigadeiros na escola em 2015. Assim, ao longo dos anos, a confeitaria se tornou sua única fonte de renda.
Por isso, no ano passado, Rebeca decidiu se formalizar como microempreendedora individual. A escolha veio a partir da percepção de que havia potencial de crescimento do negócio e da vontade de se tornar uma profissional na área.
“Na época que comecei, lá em 2015, minha única meta era trocar de celular. Mas percebi que vendia bem e que as pessoas gostavam. Comecei a estudar mais sobre e me apaixonei completamente pela ideia de criar através da confeitaria”, conta.
A confeiteira relata que, com a formalização, o processo de organização financeira, contabilidade e declaração de impostos se tornou mais fácil. “Faz você mesmo entender que seu negócio é sério”, disse Rebeca ao F5 News.
A Cumbuca Doceria vem se destacando no mercado aracajuano por realizar um trabalho de confeitaria diferenciado, que busca expressar, por meio de bolos e doces, a personalidade e o sentimento dos seus consumidores. O empreendimento de Rebeca já conta com mais de mil seguidores no instagram, principal meio de divulgação da empresa.
Apesar do grande número de mulheres donas de negócio, Rebeca acredita que o gênero ainda enfrenta alguns obstáculos no ramo do empreendedorismo, especialmente na área da gastronomia que, muitas vezes, ainda é vista como uma atividade doméstica e uma obrigação da mulher.
“Muitas vezes não somos levadas a sério. Várias vezes já trataram meu negócio como “bico”, um mero hobby, sendo que é uma empresa registrada, um negócio sério”, lamenta a confeiteira.
Nesse sentido, ela conta que, após a formalização da empresa, os consumidores passaram a dar maior credibilidade ao seu trabalho.