Consórcio de bens móveis e imóveis ainda é um bom negócio?
Mercado do setor cresce continuamente, confira vantagens e como evitar riscos Economia | Por F5 News 29/03/2023 21h00Há cerca de duas semanas, dois homens foram presos acusados de estelionato e formação de quadrilha criminosa. Segundo as informações da Polícia Civil, eles aplicavam golpes através de um falso consórcio de bens móveis e imóveis.
Para evitar prejuízos financeiros por essa modalidade de estelionato, antes de assinar o contrato, é importante procurar uma empresa que seja autorizada pelo Banco Central (Bacen) a desempenhar o trabalho de administradora de consórcio. Pela Lei nº 11.795/2008, o Bacen é a autoridade responsável por fiscalizar e normatizar o Sistema de Consórcio no Brasil.
Fazer uma pesquisa antecipada sobre as especificidades de cada consórcio também se faz necessário. Segundo o especialista Eduardo Rocha, CEO do Klubi, existem dúvidas recorrentes entre as pessoas que estão considerando investir na compra de um bem por intermédio dessa modalidade.
Uma delas é relacionada aos juros, já que no atual cenário econômico a taxa Selic está em 13,75% ao ano, maior patamar registrado desde 2016. No caso de consórcio, não incide essa cobrança, mas, sim, a de administração, percentual que varia de uma empresa para a outra.
Mesmo com o surgimento e naturalização de diversas formas de investimento financeiro no Brasil, o consórcio ainda é uma escolha de grande parte da população. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (Abac) apresentou que, em 2022, o mercado dos consórcios atingiu 9,41 milhões de participantes ativos, número recorde e crescente.
Ainda segundo a associação, o resultado do mês de dezembro de 2022 registrou crescimento de 12,4% sobre os 8,37 milhões de clientes conquistados no mesmo período do ano anterior.
A Abac levantou que, de janeiro a setembro de 2022, foram negociadas 2,95 milhões de novas cotas, crescimento de 14,1% em relação ao ano anterior – uma fatia significativa, ainda mais levando-se em conta a concorrência de outros crescentes tipos de investimento, como os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), os Títulos do Tesouro Direto, Letras de Crédito (LCI e LCA), as Debêntures, os Fundo de Investimento de Renda Fixa, entre outros.
Vale a pena fazer consórcio?
O consórcio surgiu na década de 60 quando um grupo de pessoas decidiu constituir um fundo financeiro que fosse capaz de viabilizar a compra de um veículo para cada integrante, por meio do pagamento de uma quantia mensal.
O economista e professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), José Roberto de Lima Andrade, ilustra alguns benefícios desse tipo de aplicação do próprio dinheiro. “A vantagem do consórcio é que o custo daquilo que está sendo adquirido é um custo sem juros do financiamento. É como se tivesse comprado a um custo mais barato do que se tivesse feito um financiamento tradicional. Outra vantagem é o incentivo que pode ser feito às pessoas, a favor da educação financeira, uma vez que o valor acaba virando uma parcela obrigatória da renda”, explica.
Para evitar golpes e prejuízos financeiros, o economista ainda orienta que sejam procuradas empresas de credibilidade. “Analise se a empresa tem tempo no mercado, e, através das redes sociais, confira se tem uma boa reputação, pelos comentários”, sugere.
Recomendações pela segurança
Antes de fechar negócio, a Abac orienta que:
• As cláusulas do contrato sejam lidas com atenção;
• Verifique se o valor do consórcio e prazo de duração constam no contrato;
• Analise se as despesas cobradas (taxa de administração, fundo de reserva e/ ou seguro) estão elencadas no contrato;
• Confira com a administradora os critérios de correção de crédito que serão aplicados;
• Verifique as diretrizes de contemplação por sorteio e lance, a possibilidade de antecipação de pagamento de prestações e a hipótese de optar por menor ou maior valor antes da contemplação do serviço;
• No ato da assinatura do contrato, exija duas vias da documentação.
Em Sergipe, 13 empresas são autorizadas pelo Banco Central a negociar consórcios. Confira a lista completa no site da Abac.