Unicef: em Sergipe, 76,6% das crianças e adolescentes vivem na pobreza
Estudo apresenta dimensões da pobreza que impactam crianças e adolescentes Cotidiano | Por F5 News 14/02/2023 15h34A pobreza é definida, geralmente, como a falta do que é necessário para o bem-estar material – especialmente alimentos, moradia, terra e outros ativos. Em outras palavras, a pobreza é a falta de recursos múltiplos que em geral leva à fome e à privação física.
Um estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com apoio da Fundação Vale, mostrou que, em Sergipe, 76 de cada 100 crianças e adolescentes vivem na pobreza em suas múltiplas dimensões: renda, educação, trabalho infantil, moradia, água, saneamento e informação.
Os dados constam da pesquisa "As Múltiplas Dimensões da Pobreza na Infância e na Adolescência no Brasil", lançada nesta terça-feira (14).
A pesquisa apresenta dados até 2019 (trabalho infantil), até 2020 (moradia, água, saneamento e informação), até 2021 (renda, incluindo renda para alimentação) e dados até 2022 (educação). Em todo o Brasil, são ao menos 32 milhões de meninas e meninos (63% do total) na pobreza multidimensional.
Em Sergipe, o estudo indica a privação de renda como a dimensão que mais afeta crianças e adolescentes, impactando 56,5% de meninas e meninos, seguida pela falta de acesso a saneamento (49,1%).
Outras privações são a falta de acesso à educação (13,9%), de acesso à informação (12,9%), água (7,5%), trabalho infantil (4,6%) e moradia (3,7%). No total, 76,6% das meninas e meninos sergipanos são afetados por uma ou mais de uma dimensão da pobreza multidimensional.
O estudo destaca que a pobreza na infância e na adolescência vai além da renda e inclui aspectos como, por exemplo, estar fora da escola, viver em moradias precárias, não ter acesso à água e saneamento, não ter uma alimentação adequada e, ainda, o trabalho infantil
Não ter acesso à informação também faz parte dos fatores considerados privações e que fazem com que tantos meninos e meninas estejam inseridos nesse contexto de pobreza multidimensional.
Para analisar a pobreza multidimensional, foram utilizados dados oficiais, da Pnad Contínua, relacionados a sete dimensões: Renda, Educação, Trabalho Infantil, Moradia, Água, Saneamento e Informação. Além disso, foi realizada uma análise específica sobre a renda para alimentação.
De acordo com a Unicef, os resultados revelam um cenário preocupante. O último ano para o qual há informações disponíveis para todos os indicadores é 2019 – quando, em todo o Brasil, havia 32 milhões de meninas e meninos de até 17 anos privados de um ou mais desses direitos. Para os anos seguintes, só há dados de educação e renda, incluindo renda para alimentação – e todos pioraram.
Desigualdade Regional
A pobreza multidimensional impactou mais quem já vivia em situação mais vulnerável – negros e indígenas, e moradores das regiões Norte e Nordeste –, agravando as desigualdades no País.
Entre crianças e adolescentes negros e indígenas, 72,5% estavam na pobreza multidimensional em 2019, versus 49,2% de brancos e amarelos.
Entre os estados, seis tinham mais de 90% de crianças e adolescentes em pobreza multidimensional, todos no Norte e Nordeste.
Entre as principais privações que impactam a infância e a adolescência no Brasil estão a falta de acesso a saneamento básico, alcançando 21,2 milhões de meninas e meninos, seguida pela privação de renda (20,6 milhões) e de acesso à informação (6,2 milhões).
A elas se somam a falta de moradia adequada (4,6 milhões), privação de educação (4,3 milhões), falta de acesso a água (3,4 milhões) e trabalho infantil (2,1 milhões). No total, são 32 milhões de crianças e adolescentes afetados por uma ou mais de uma dimensão da pobreza multidimensional.
Cenário Nacional
Pelo menos 32 milhões de meninos e meninas no Brasil vivem na pobreza. O número representa 63% do total de crianças e adolescentes no país e abarca a pobreza em diversas dimensões: renda, alimentação, educação, trabalho infantil, moradia, água, saneamento e informação.