Um sergipano que realizou o sonho entre os fumaceiros dos céus  | F5 News - Sergipe Atualizado

Esquadrilha da Fumaça
Um sergipano que realizou o sonho entre os fumaceiros dos céus 
Aracajuano, capitão André Bezerra faz parte da célebre esquadrilha da FAB
Cotidiano | Por Daniel Soares 09/03/2024 10h50


No próximo dia 17 de março, aniversário de 169 anos de Aracaju, os céus da cidade terão um espetáculo. É que a icônica Esquadrilha da Fumaça, esquadrão de demonstração da Força Aérea Brasileira (FAB) fará uma apresentação em homenagem às festividades da capital.

Entre os fumaceiros, como são conhecidos os pilotos que conduzem os possantes super tucanos, estará um aracajuano orgulhoso de representar a sua terra. O capitão aviador André Bezerra, nascido em Aracaju, é o primeiro sergipano a fazer parte da esquadrilha em 72 anos de história.

Em entrevista ao Portal F5 News, o capitão falou um pouco da sua história. Ele ingressou na Força Aérea em 2010 na Academia da Força Aérea (AFA), sendo declarado Aspirante-a-Oficial em 2013. Confira a entrevista:

F5 News - Nos conte um pouco sobre sua história. Por que escolheu seguir essa carreira e como foi este processo?

Cap. André Bezerra - Nasci em 1991 em Aracaju. Morava no bairro Industrial. Ainda na infância, morei depois em Belo Horizonte e depois retornei para Aracaju. A aviação sempre foi uma paixão para mim. Não sei dizer exatamente como começou, mas é como se tivesse nascido algo dentro de mim. A gente costuma brincar que foi um mosquito que me picou e aí eu fiquei infectado por essa por essa paixão que segue até hoje. Ingressei na Força Aérea em 2010 e me formei na AFA. Segui carreira na aviação de caça, morando em várias cidades do Brasil servindo, como Natal e Porto Velho. E em 2021, fui selecionado para ser um dos pilotos da Esquadrilha da Fumaça, que é o esquadrão onde sirvo até os dias atuais.

F5 News - Você é o primeiro sergipano a fazer parte da Esquadrilha da Fumaça. Qual foi o caminho até ingressar no esquadrão?

Cap. André Bezerra - Até ingressar na Esquadrilha foram 11 anos de Força Aérea, 4 anos de formação na Academia da Força Aérea e depois 7 anos como piloto de caça. Alguns desses anos foram na fronteira noroeste, no esquadrão Grifo, sediado em Porto Velho, cuidando da defesa daquela região. Também tive 4 anos como instrutor de caça em Natal, formando novos pilotos. Tenho muito orgulho de ser piloto de caça da FAB, de ter servido nesses esquadrões e de ter contribuído para essa missão que é tão importante para a Força Aérea e para o país. E aí veio a Esquadrilha da Fumaça, que era um grande sonho. Fui selecionado por meio de um conselho que acontece todos os anos para selecionar os novos pilotos. É uma seleção realmente muito restrita, que analisa muito. Critérios extremamente técnicos, análise de praticamente todos os aspectos profissionais e pessoais dos candidatos. E tive a alegria de ter sido selecionado para compor a equipe. São só cinco anos na equipe, mas para mim é um grande orgulho de poder contribuir para a Força Aérea cumprindo a missão na Esquadrilha, que é o de fazer demonstrações aéreas. Representante a FAB no Brasil e no exterior. 

F5 News - Parece ser uma profissão bastante arriscada. Como é o treinamento dos aviadores? Já teve algum susto durante seu tempo na esquadrilha?

Cap. André Bezerra - A aviação sempre traz consigo algum risco associado, mas é algo controlado  e gerenciado, dentro de muitas camadas de segurança. Quando a gente fala da Esquadrilha da Fumaça, levamos isso para um outro nível. São manobras extremamente arrojadas, com um grau de dificuldade muito alto e a distância entre uma aeronave e outra durante as manobras é de menos de dois metros. Então, o nível de risco de fato é mais alto e é por isso que tem basicamente dois fatores que são preponderantes para a operação da esquadrilha: primeiro, o nível de experiência dos pilotos. Para ser selecionado, ele já tem que ter uma experiência prévia muito grande na aviação dentro da Força Aérea. Além disso, mesmo com pilotos muito experientes, a quantidade de treinamento que ele recebe antes de fazer a primeira demonstração é muito grande. Só para ter uma noção, um piloto antes de fazer a primeira demonstração repete aquele mesmo display de manobras quase 300 vezes. É realmente bastante treinamento para poder fazer tudo aquilo com total segurança. Nada do que a gente faz ali é improvisado, em nenhum momento a gente está fazendo algo que não tenhamos certeza do que vai acontecer. Em diversos momentos, existem pontos de decisão em que a gente pode, por exemplo, abortar uma manobra caso ela não esteja dentro de parâmetros seguros. E temos a tranquilidade de ter treinado muito para fazer aquilo ali e fazemos tudo dentro do script. Não existe improvisação, é realmente tudo baseado em muito treinamento para gerenciar os riscos. E isso acaba trazendo consigo uma das atribuições da Esquadrilha, que é de demonstrar o alto grau de treinamento e a capacidade operacional dos pilotos da Força Aérea. Essa é uma das nossas atribuições e é por isso que a gente tem que fazer isso. O "grande susto" que tomei, foi quando me dei conta do que eu ia precisar ser capaz de fazer nos primeiros voos de treinamento. A minha primeira sensação era de que não teria condições de fazer aquilo. Esse foi o meu grande susto. Falei, eu não vou conseguir. Mas aí, óbvio, a gente tem uma equipe ali que cuida de todos os detalhes da nossa formação, da nossa preparação. Isso envolve também uma preparação psicológica e com muito treinamento, com preparação, com repetição. Com preparo, a gente consegue chegar lá. Esse foi o meu único e grande susto. Durante as manobras, graças a Deus, sempre fiz tudo dentro da total segurança.

F5 News - Como será para você, um aracajuano, poder se apresentar na sua cidade natal? O que o público de Aracaju pode esperar da esquadrilha durante esta apresentação?

Cap. André Bezerra - Para mim, demonstrar com a Esquadrilha da Fumaça na minha cidade natal é uma emoção até difícil de traduzir em palavras, porque Aracaju foi onde o meu sonho nasceu. Eu morava na Farolândia e ia de bicicleta para o aeroporto ver os três aviões que pousavam diariamente na época. Ia até lá só para ver o pouso e a decolagem. Então, estar de volta na minha cidade natal, com o sonho realizado, e levando esse sonho para outras pessoas, para crianças e fazer sonhos nascerem como o meu nasceu, trazer um pouco de sorriso, de alegria para esse povo. Um povo que já é tão festeiro, tão feliz. Para mim é indescritível. Falta uma semana, mas já estou muito ansioso para esse dia. Com certeza vai ser uma festa muito bonita e vai ser uma alegria muito grande pra mim, como aracajuano e como sergipano. Estou muito feliz, muito orgulhoso e muito ansioso também.

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