Pesquisas em Sergipe buscam solução contra epidemia do caramujo africano | F5 News - Sergipe Atualizado

Pesquisas em Sergipe buscam solução contra epidemia do caramujo africano
Tempo estimado para finalização e apresentação dos resultados é de quatro anos
Cotidiano | Por Saullo Hipolito* 17/09/2018 16h55 - Atualizado em 17/09/2018 17h21


Uma pesquisa científica elaborada no Instituto de Tecnológico e Pesquisa (ITP) busca controlar a epidemia que há anos traz prejuízos aos sergipanos. O caramujo gigante africano (Achatina fulica) é um animal extremamente perigoso. Hospedeiro natural do verme Angiostrongylus costaricensis, ele é agente causador da angiostrongiliase abdominal, doença que pode matar em função da perfuração intestinal, periotinite e hemorragia intestinal.

Introduzido ilegalmente no Brasil na década de 80, durante uma exposição agropecuária em Curitiba, o animal foi apresentado como substituto do escargot, mas acabou se dispersando dos habitats naturais e, com o auxílio do seu alto poder de reprodução, se espalhou pelos estados brasileiros.

“Hermafroditas, os caramujos possuem quatro posturas durante o ano. Em cada uma delas, são colocados de 400 a 500 ovos”, explicou em 2015, ao Jornal Cinform, a então coordenadora do núcleo de fauna do Ibama, Gláucia Lima. Para combatê-lo, recomenda-se a coleta e destruição dos animais.

A infestação que acontecia no Brasil foi identificada em Sergipe inicialmente em 2003, na cidade de Siriri, região do Leste Sergipano. Dois anos depois, o molusco foi encontrado também em mais cinco municípios, Estância, Boquim, Aracaju, Umbaúba e São Cristóvão.

No ano de 2006, um levantamento realizado pela Comissão Estadual de Manejo do Caramujo Africano, composta por membros do Ibama, Secretaria de Estado da Saúde, Ministério Público Federal, Secretaria de Estado da Educação, Emdagro, Ministério da Agricultura, Secretaria do Meio Ambiente e Universidade Tiradentes, revelou a presença do caramujo africano em 11 municípios sergipanos: Aracaju, Estância, Itaporanga, Boquim, Siriri, Capela, Muribeca, São Cristóvão, Areia Branca, Lagarto e Neópolis. Hoje, esse número mais do que duplicou.

“O que leva ao aumento do número de moluscos é o déficit no saneamento básico, bem como a educação sanitária por partesdas pessoas e indivíduos que residem em Aracaju, tanto em bairros nobres como nos periféricos. O molusco gigante africano nos centros urbanos são encontrados principalmente em terrenos baldios e em locais que não existe a manutenção, ou seja, a catação manual do lixo, redução dos matos, limpeza de terrenos, limpeza de entulhos e dentre outros materiais sólidos que servem de proteção para esses moluscos”, disse o enfermeiro e pesquisador no Laboratório de Doenças Infecciosas e Parasitárias (LDIP) Guilherme Mota.

O molusco gigante africano é resistente e mesmo em época secas sobrevive a algumas temperaturas, ficando em estágio de hibernação e aguardando a retomada das épocas com mais umidade e alimentos.

A pesquisa do doutorando em Saúde e Ambiente Guilherme Mota busca registrar a existência do molusco no território de Sergipe, bem como identificar a presença de parasitas nesses caramujos e a relação de variáveis climáticas (pluviosidade, umidade e temperatura) com a sua frequência. Após essa etapa, o objetivo é controlar a proliferação e acabar de uma vez com o surto.

Desde 2009 o surto se agravou, fez com que aulas fossem canceladas e agricultores entrassem em pânico. Anos mais tarde, a praga tomou conta dos laranjais nos municípios de Boquim, Lagarto e Salgado, na região sul de Sergipe. Os caramujos se alimentam dos frutos e das folhas das árvores e destroem as mudas. Poucos citricultores têm condições de pagar por uma assistência técnica particular para resolver o problema.

“Ele é considerado como uma praga de lavouras, uma vez que se alimenta de mais de 100 tipos de espécies de plantas. Ainda assim, o molusco pode trazer riscos a saúde, uma vez que o mesmo pode estar com o parasita da Meningite Eosinofílica o Angiostrongylus Cantonensis”, comentou Guilherme Mota.

Conclusão da pesquisa

Com um tempo médio para conclusão de três a quatro meses, o estudo encontra-se na fase de coleta piloto. Logo em seguida será feita a primeira coleta em todas as cidades registradas pelo Ibama e em um mesmo período do ano (quente ou seco). Após as coletas será realizada a análise de todos os moluscos coletados, bem como a associação do quantitativo de moluscos encontrados com as variáveis climáticas.

Ao fim, o pesquisador espera haver a divulgação dos dados após sua publicação. “Podem ser criadas cartilhas, palestras com educação na comunidade voltada ao controle do molusco, riscos e mitos. E ainda  o produto final da nossa tese, a produção de artigos científicos que possam estar disponíveis”, disse o pesquisador.

Epidemia

Diante da grande quantidade de caramujos africanos nos bairros Aruana, Aeroporto, Robalo, Mosqueiro e São Conrado, na Zona Sul de Aracaju, a Secretaria Municipal da Saúde  (SMS) informou que as demandas com relação ao aparecimento de caramujos são atendidas pelo o Centro de Zoonoses, que  encaminha uma equipe ao local para orientar os moradores  da área afetada.

Ainda de acordo com a SMS, o manejo do molusco deve ser feito com luvas e a exterminação deve ser feita através de incineração. O órgão alega que a situação está controlada em Aracaju e que não há motivos para preocupação.

 

* Fotos 2 e 3: Reprodução Internet

* Estagiário sob supervisão da jornalista Fernanda Araujo.

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