Mulher trans é agredida em Aracaju por recusar sexo sem camisinha
“Foram 30 minutos de agressão, ninguém merece passar por isso”, diz a jovem Cotidiano | Por Aline Aragão 19/01/2022 12h25Uma modelo transexual foi agredida fisicamente na noite do último domingo (16), em Aracaju. O caso repercutiu nesta quarta-feira (19), depois que a jovem publicou um relato nas redes sociais sobre a violência que sofreu. Luanny Soares, de 26 anos, disse que foi brutalmente agredida por ter se negado a fazer sexo sem preservativo.
A jovem relata que conheceu o rapaz no final de uma festa, e foi com ele e outros amigos para casa. O homem teria dito que mora em Estância e pediu para passar a noite com ela.
“O clima esquentou e fomos ao ato, mas eu não esperava a reação de insatisfação [dele] ao querer sexo com preservativo. [Ele] disse que era bobagem e queria que fosse sem. Eu chocada com o abuso pedi que ele se retirasse da minha casa. Frustrado [ele] partiu para a agressão”, narra.
Segundo Luanny foram 30 minutos de agressão que só cessou depois que os vizinhos, ao ouvirem os gritos e pedidos de socorro, acionaram a polícia.
“Me encontro decepcionada, triste com todo o ocorrido, desestabilizada, foram 30 minutos de agressão, ninguém merece passar por isso… Meu rosto e meu corpo estão completamente machucados, esses dois dias sem dormir e sem me alimentar direito por conta da boca. Que a justiça seja feita”, diz a modelo, ao destacar que nada justifica o sexo sem proteção, principalmente com alguém que acabou de conhecer.
A jovem registrou um Boletim de Ocorrências e passou por exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). O agressor foi preso no dia do crime, mas solto no dia seguinte. O caso será investigado pelo Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), da Polícia Civil.
Visibilidade trans
A agressão contra Luanny ocorre em meio à luta por respeito e combate à violência. Janeiro é o mês dedicado à visibilidade trans.
“Minha voz não precisa ser gritante, mas que seja cada dia mais respeitada. Eu nunca pensei que passaria por tudo isso. A nossa luta é importante e precisa ser ampliada como resistência”, diz Luanny ao F5 News.
Ela diz ainda que fica triste e frustrada com toda essa violência, e cada dia com mais medo, mas não vai desistir de lutar.
“Acima de tudo eu prezo pela minha vida e da minha família. Essa visibilidade vem para nos dar força e continuar mostrando que também somos humanos como qualquer outro e assim eu vou seguir fazendo o que tem que ser feito”, disse.
Ela também agradece ao apoio que tem recebido de toda sociedade.
“Estou em êxtase com tanto carinho. Pensei que não iria repercutir. A palavra que descreve é gratidão. Que a justiça seja feita e que casos como esse não se repitam. Precisamos ser respeitadas”.
O que diz a polícia
A Polícia Civil informou que foi registrada no Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV) uma ocorrência de lesão corporal. O caso aconteceu no bairro José Conrado de Araújo e foi atendido por uma guarnição da Polícia Militar. Vizinhos ligaram para o Ciosp e relataram uma briga entre um casal.
Os dois foram flagrados discutindo e sem roupas. Os envolvidos foram conduzidos à delegacia, uma vez que a vítima, uma mulher transexual, estava com um hematoma na face.
O homem nega a agressão, mas a vítima alega que foi violentada porque mandou o rapaz, que ela havia conhecido numa festa, sair de dentro de sua casa. No plantão do DAGV foi feito um Termo de Ocorrência Circunstanciado, onde as partes se comprometeram em comparecer diante de um juiz.
Janeiro Lilás
O mês de janeiro é dedicado à visibilidade trans. O objetivo é celebrar e reafirmar a importância da luta pela garantia dos direitos das pessoas trans. A iniciativa busca a sensibilização da sociedade por mais conhecimento e reconhecimento das identidades de gênero, com o intuito de combater os estigmas e a violência sofridos pela população transexual e travesti.