Jovens de Pacatuba aliam preservação ambiental e geração de renda
Projeto amplia produção de mudas de espécies florestais nativas da Mata Atlântica Cotidiano | Por Agência Sergipe de Notícias 01/04/2019 15h14 - Atualizado em 01/04/2019 15h39Com viés socioambiental e apoio do Projeto Dom Távora, uma atividade produtiva diferenciada reúne jovens no povoado Ponta de Areias, no município de Pacatuba. Aliando preservação ambiental e geração de renda, a Associação dos Produtores de Orgânicos da localidade (APOP) busca criar condições para a permanência dos jovens, com trabalho e renda, na própria comunidade onde nasceram. Para tanto, utilizam como mote a preservação do meio ambiente, das árvores nativas da região e a recuperação de áreas degradadas. Desde 2018, eles vêm recebendo apoio financeiro do governo de Sergipe para ampliar e intensificar ainda mais a produção de mudas de espécies florestais nativas da Mata Atlântica, além de frutíferas e hortaliças orgânicas da região do Baixo São Francisco.
“Hoje temos um estoque de 9 mil mudas de plantas nativas e frutíferas, que está em processo de pré-venda para um projeto de recuperação ambiental aqui em Sergipe. Nossa produção anual é de 15 mil mudas, mas temos capacidade para produzir 30 mil. Já produzimos para projetos ambientais importantes como ‘Frutos da Floresta’ e ‘Águas do São Francisco’, recebemos visitas de alunos da rede pública de ensino e damos palestras sobre preservação ambiental nas escolas do município. Queremos ser referência nesse trabalho para levar adiante nossos objetivos e o nome de nossa comunidade”, destacou o presidente da associação, José Jadson Pinheiro.
Jadson explica que o manejo na produção de mudas vai desde a coleta até a comercialização. “A gente mesmo é quem faz a coleta das sementes na região, depois partimos para a secagem, armazenamento, beneficiamento – aqui existem várias técnicas de estimular a germinação, como o escareamento e a dormência da semente. Depois, concluímos com o semeio e o cultivo. Depois vendemos para alguns projetos e compartilhamos os recursos entre os associados – nem todos porque alguns são voluntários. Deixamos, ainda, uma parte para manter a associação”, conta ele.
Apoio do Dom Távora
Em 2017, os jovens apresentaram pedido de apoio ao Projeto Dom Távora. A proposta foi aprovada e, no ano seguinte, passou a receber recursos para produzir mudas florestais e frutíferas em viveiro telado de modo intensivo, para atender potenciais demandas de recuperação de matas ciliares e áreas de reserva legal. O projeto inscrito visa, também, viabilizar a produção de sementes e mudas de hortaliças orgânicas para atender à demanda dos associados e da própria comunidade.
“A primeira parcela já foi liberada e aplicada na ampliação do espaço de produção, construção do novo viveiro e compra de máquinas e equipamentos, como forrageira, pulverizador e sistema de irrigação. Na medida em que forem investindo e prestando contas, liberaremos outras parcelas”, explicou o secretário de estado da Agricultura, André Bomfim, durante a visita que fez ao empreendimento, no início desta semana.
O secretário avalia o trabalho dos jovens de Pacatuba como admirável, e considera que ele caminha para alcançar o resultado esperado no Projeto Dom Távora, fruto de parceria firmada entre o Estado de Sergipe o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). “Essa iniciativa é justamente o que a gente busca nessa parceria com o FIDA. São R$ 80 milhões que estamos investindo em 15 municípios e estamos podendo ver de perto o trabalho que vem sendo efetuado por essas 14 famílias do povoado Ponta de Areias. O projeto é realizado pelos jovens, um de nossos públicos prioritários, agrega importante valor socioambiental e tem viabilidade de geração de renda. É gratificante ver tudo isso acontecendo”, pontuou o secretário André Bomfim.
O beneficiário e presidente da associação enfatiza a importância dos recursos do Dom Távora para o Projeto. “Nós só temos pontos positivos a falar da chegada do Projeto Dom Távora. Ele veio para nortear mais ainda nosso trabalho. Antes do Projeto, plantávamos de forma aleatória, produzíamos porque era nosso trabalho, mas não havia um destino para a produção. Hoje o projeto está nos mostrando qual o caminho, ou seja, nós produzimos e já tem um caminho certo para comercialização”, revelou Jadson.
Intercâmbio e capacitação
O Projeto Dom Távora também possibilita capacitação e intercâmbio para os jovens produtores. “Dentro de sua estratégia de ação, várias capacitações e intercâmbios são realizadas. Isso está acontecendo naturalmente aqui nesse projeto de produção de mudas. Foi realizada uma capacitação na área de produção de mudas com o engenheiro florestal da Universidade Federal de Sergipe, professor Robério Anastácio Ferreira. Ele ensinou a fazer enxertia, e a forma correta de fazer a coleta das sementes, bem como toda a regulamentação do processo de produção de mudas. O grupo também passou por um intercâmbio em Itabaiana com um dos produtores de orgânicos daquele município”, detalhou o técnico da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário (Emdagro) que acompanha o projeto, Guilhermano Rocha.
Segundo a beneficiária Eliane Santos Bispo, uma dessas capacitações possibilitou ao grupo o aprendizado sobre a seleção das árvores matrizes. “Aprendemos que tem que ter uma distância de uma árvore coletada para outra, e que não se deve coletar todas as sementes de uma árvore, porque tem que ficar uma parte para alimentação dos pássaros. Hoje nós sabemos também como calcular o custo de produção de uma muda”, contou, satisfeita, Eliane. Ainda de acordo com ela, o preço da muda varia entre R$ 2,50 e R$ 6,00. O ipê e o pau-brasil são espécies mais caras, podendo chegar a R$ 6,00, a depender da quantidade a ser comprada. “Entre as espécies florestais, dispomos de Aroeira Vermelha, Pau Pombo, Canafístula, Pau Ferro, Ipê Amarelo, Castanhola, Umbaúba, Araçá Grande e Angelim. Entre as frutíferas, temos Cajá, Jenipapo e “Goiaba, revelou.
Para ela, o Projeto Dom Távora veio para abrir mais portas, aumentar a produção e possibilitar a venda de mais mudas pela Associação. “Essa é uma grande oportunidade para permanência dos jovens nas suas comunidades, e valorização da sua cultura. No caso de nossa comunidade, os jovens não têm oportunidade e esse projeto vem trazer a possibilidade deles não precisarem sair do seu local de origem para sobreviver. Isso é muito importante”, concluiu Eliane Santos.
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