A cirurgiã plástica Daniele Barreto Oliveira, de 46 anos, presa acusada de encomendar o assassinato de seu marido, o advogado criminalista José Lael de Souza Rodrigues Júnior, de 42 anos, apresentou denúncias contra ele. Em duas cartas escritas à mão, com um total de 12 páginas, Daniele relata ter sido vítima de abusos sexuais, físicos, patrimoniais e psicológicos durante anos de convivência. A carta foi divulgada na manhã desta quinta-feira (21) por Ullisses Campbell, no O Globo, e teve sua veracidade confirmada ao F5News pela defesa de Daniele.

Reprodução

José Lael foi morto a tiros no dia 18 de outubro, em Aracaju, em uma emboscada. A Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP) aponta Daniele como mandante do crime. No entanto, a médica nega as acusações, afirmando que é inocente e que era constantemente ameaçada e agredida pelo marido, com quem não compartilhava mais o mesmo quarto.

Nos vídeos apresentados por Daniele, um deles mostra a médica inconsciente em sua cama, sendo abusada sexualmente por Lael. Em outro, Daniele aparece com o rosto vermelho, afirmando ter sido agredida momentos antes. José Lael surge no fundo da gravação tentando interrompê-la. As imagens serão utilizadas como provas pela defesa, que alega que ela está sendo injustamente acusada.

O F5News teve acesso ao vídeo em que Daniele afirma ter sido agredida pelo companheiro, mas, por diretrizes editoriais, o portal optou por não divulgá-lo.

Acusações contra José Lael

O Globo teve acesso ao interrogatório de Daniele, realizado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Aracaju. Em matéria publicada, o jornal explicou que ela afirmou que não encomendou o assassinato e acusou Lael de fraudar processos, gerando uma dívida de cerca de R$ 1 milhão em pensões atrasadas. Ela também relatou que o advogado contraiu um empréstimo de R$ 100 mil em nome de sua mãe, Luiza Cristina Barreto Oliveira, sem consentimento.

Além dos relatos de violência doméstica, Daniele acusa o marido de envolvimento em fraudes financeiras, tráfico de armas e homicídios. Segundo ela, Lael falsificava documentos, contraiu 15 empréstimos em seu nome sem autorização e utilizava cartões de crédito dela para gastos pessoais. A médica também revelou que ele costumava portar armas de fogo e já apontou uma para o rosto dela durante discussões.

Ex-estagiário de Lael, o estudante de Direito Matheus Aniel de Jesus, de 30 anos, corroborou algumas das acusações contra o advogado. Matheus afirmou que seu ex-patrão aplicava golpes em clientes e desviava dinheiro de presos, incluindo um caso em que teria enganado um detento conhecido como Rafa Boy, desviando R$ 30 mil.

O crime

No dia do assassinato, José Lael e o filho Guilherme Rodrigues, de 20 anos, saíram para comprar um açaí a pedido de Daniele. Assim que deixaram o prédio, foram perseguidos por dois homens em uma motocicleta. Lael foi alvejado dentro do carro e morreu no local. Guilherme foi atingido, mas sobreviveu. Imagens de câmeras de segurança mostraram os suspeitos circulando pela área momentos antes do ataque, o que reforça a suspeita de crime premeditado.

Defesa e novas investigações

A defesa de Daniele pretende utilizar as cartas e os vídeos como parte da estratégia para provar sua inocência.

A família de José Lael, procurada pelo F5 News, informou que ainda não possui um posicionamento sobre o caso.

Confira a carta escrita por Daniele:

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