Nesta véspera de Natal, milhões de cristãos se reúnem pelo Brasil e pelo mundo para celebrar o nascimento de Jesus Cristo. Contudo, as tradicionais celebrações em família, com direito à decoração especial, troca de presentes e ceia, não são exclusivas dos adeptos ao Cristianismo. 

Com suas especificidades, outras religiões e doutrinas também realizam celebrações nessa época do ano. Seja pelo sincretismo religioso, como no caso do Candomblé, ou por razões próprias da religião, como a Festa das Luzes para os Judeus, dezembro pode ser considerado um mês de celebrações de modo geral.

O F5 News conversou com seguidores de outras religiões para entender se existe algum tipo de celebração referente ou não ao Natal e qual mensagem marca esse período. Confira: 

Judaísmo

“Geralmente [o Natal] coincide com o Chanuká, a Festa das Luzes, mas não tem nenhuma relação com o Natal, apenas uma coincidência”, afirmou ao F5 News o líder da Sinagoga Judaíco Messiânica de Aracaju, Jean Carlos Noia da Silva. 

Ele explicou que essa festa judaica celebra os grandes milagres do Criador e a liberdade e luta do povo judeu diante de seus opressores. O Chanuká, ou Hanukkah, dura oito dias e, coincidentemente, neste ano será finalizado neste dia 25. 

Na comunidade judaica, Jean Carlos se chama Yoav Ben Avrahamdura e disse ao portal que o momento também representa, para ele, “a liberdade de poder expressar a nossa religiosidade”. 

A festa mobiliza judeus por todo o mundo e, em Aracaju, as luzes da celebração podem ser vistas na Sinagoga Judaico Messiânica, na rua Laranjeiras, no Centro da capital. 

Espiritismo 

“A base da doutrina espírita é Jesus”, de acordo com Júlio César Góes, presidente da Federação Espírita do Estado de Sergipe. Logo, o Natal tem uma simbologia muito forte em meio aos seguidores. 

O nascimento de Jesus Cristo, para ele, representa o “dia que o amor chegou na Terra”. Júlio destaca que mensagens como não ao preconceito, incentivo à solidariedade e à imersão ao próprio interior são difundidas no Espiritismo neste período. 

“Enquanto se comemora, não lembramos de quem passa fome. A gente precisa mudar nossas concepções. Muito mais que festa, é uma viagem do interior para o interior”, disse ao F5 News. 

Santo Daime 

Na doutrina espiritual fundada no coração da Amazônia pelo seringueiro Raimundo Irineu Serra, chamado pelos seguidores de Mestre Irineu, o Natal é marcado por muitos cânticos em uma cerimônia que chega a durar até dez horas. 

“Sempre no Natal, a cerimônia que a gente faz é um trabalho que dura umas dez horas seguidas com uma hora e meia de intervalo. A gente canta o nosso hinário, hinário do mestre Irineu que fundou a doutrina. A gente passa dez horas, de noite até de manhã, cantando o hinário dele. Tem vários hinos que falam sobre o Natal”, afirmou a adepta Rívia Rodrigues Oliveira. 

Segundo ela, a celebração acontece na véspera e se estende até a manhã do Natal. 

Candomblé 

Na casa de Mãe Jacira do Ogum, no bairro Novo Paraíso, Zona Oeste de Aracaju, o final do ano é marcado pelos agradecimentos e por muita celebração. 

O peru de Natal perde o protagonismo na mesa da festa. “O prato principal é o milho-branco”, afirma. 

Ela destacou ao F5 News o sincretismo que confere especial relevância à data: "Para a gente, Jesus é  
Oxalá. É o momento de fazer o oxé dos Santos, preparar o banho, as frutas, as flores; agradecer”. 

Além disso, Mãe Jacira registra que é o momento de “arriar” oferendas aos santos, como Xangô (Justiça), Ogum (Guerra) e Oxum (Amor). “Não podemos não fazer”, antecipou, sorridente.