Chacina, cárcere privado, morte de Floro, assaltos, estupros, drogas...
F5 News traz a retrospectiva de 2011 na segurança: um ano violento Cotidiano 18/12/2011 09h45Por Sílvio Oliveira
A crescente onda de assaltos e homicídios não apenas na Grande Aracaju, mas também no interior do estado, além de registros de agressões e estupro contra crianças e adolescentes fizeram com que Sergipe se projetasse na mídia nacional como um dos estados que mais sofreu aumento nos índices de violência no período de 2009 para 2010. Os dados foram apresentados em novembro de 2011 pelo Anuário de Segurança Pública, mas contestados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. Entrevistado pelo F5 News, no mês passado, o secretário de Estado da Segurança Pública, João Eloy, assegurou que 80% da criminalidade está ligada à droga. Ou seja, matar, roubar, sequestrar, estuprar ou cometer qualquer outro delito se justifica, para os bandidos, quando está em xeque manter vivo o vício das drogas.
No início do ano, a cidade de Nossa Senhora das Dores assistiu a um dos seus filhos ser morto com requintes de crueldade. Tudo por conta de uma suposta briga pelo tráfico de drogas na localidade. Diego Gilson dos Santos (apenas 14 anos) foi morto e encontrado com a mão esquerda arrancada e várias perfurações no queixo e nas orelhas.
O município de Lagarto também ganhou repercussão negativa na mídia não só pela quantidade de droga apreendida pela polícia em 2011, mas também pelas execuções entre integrantes de quadrilhas rivais. Suspeita-se que a última execução entre traficantes aconteceu no dia 10 de novembro, quando ocorreu um duplo homicídio. Thiago dos Santos Nascimento (26) e uma adolescente de 16 anos foram baleados por um grupo de homens encapuzados que estavam num veículo, em plena via pública comercial da cidade.
Foi no município de Itabaiana, entretanto, onde se registrou os casos mais violentos do interior sergipano. No dia 4 de julho, o entregador de lanches Givaldo Alves da Mota (33) e a dona de casa Maria Ivani dos Santos (31) foram mortos a tiros num campinho de futebol localizado no bairro Luís Conceição.
O casal estava em uma seresta no Bar do Pedro na noite do dia 2 de julho. Eles chegaram a convidar uma outra mulher para sair, mas a jovem, supostamente uma amiga de Ivani, teria se recusado a se afastar do local onde ocorria a seresta. Momentos depois, as pessoas ouviram o barulho dos tiros.
Um mês depois, uma noite de terror foi instalada em uma residência localizada na periferia do município, no conjunto Francisco Teles de Mendonça, o Chico de Miguel, no bairro conhecido como Invasão. A cidade serrana novamente foi destaque nos noticiários policiais, quando no dia 16 de agosto quatro jovens foram assassinados com vários tiros. As vítimas foram identificadas como Mateus dos Santos Siqueira (20), Ana Paula dos Santos Moura (14), Jéssica Prates dos Santos (16) e Yuri Santos (18). Com ferimentos à bala, principalmente na região da cabeça e do tórax, os jovens foram executados com requintes de crueldade.
O Departamento de Homicídios de Itabaiana, em parceria com outros órgãos da Secretaria da Segurança Pública (SSP), não demorou a chegar num dos principais suspeitos dos casos de violência na cidade: Márcio da Silva Santos (25), conhecido como ‘Márcio Tubaína’, que foi preso suspeito de ter cometido mais de 11 assassinatos em apenas dois meses, entre eles, a chacina e a morte do casal citado nesta reportagem. Junto com ele, foi apreendido um adolescente de 16 anos.
‘Tubaína’ estava em liberdade condicional há dois meses e cometeu o crime por motivos passionais. A delegada Regional de Itabaiana, Juliana Alcoforado, disse na época da prisão que Márcio Tubaína saiu do presídio com uma lista de execuções. Pesa também no currículo criminal de Márcio a participação na quadrilha onde “Adrianinho” agia.
No imaginário popular até hoje
Em Aracaju, quando se fala em violência, quatro casos ficaram no imaginário público e são lembrados até os dias atuais. No dia 13 de fevereiro a enfermeira Silvana Góis foi baleada no maxilar no momento em que fazia uma caminhada pelo bairro Aruana, Zona de Expansão de Aracaju. Os principais suspeitos do crime são o médico e marido da vítima Vanderlei Gomes Santos (54) e o amigo José Crizanto Valério (55). A enfermeira se recupera e os dois foram presos, porém, continua detido apenas José Crizanto.
No dia 18 de abril, a vendedora Cristielane Caetano Mota Santos (21) passou por dias de dor, medo, terror e tensão. Ela ficou por mais de 30h em cárcere privado, mantida refém sob a mira de um revólver calibre 38 apontado pelo ex- marido, José Elígio Tavares (24). O fato aconteceu na rua Tenente Quaranta, bairro Suíssa, também em Aracaju. José Elídio só liberou a vítima após uma longa conversa com a psicóloga da Defensoria Pública do Estado de Sergipe, Juliana Passos Andrade. O caso ganhou repercussão nacional e entrou na história dos casos passionais de Sergipe.
Após ser preso e submetido a tratamento médico, Elídio conseguiu a liberdade condicional. Mas voltou a procurar a ex-mulher e acabou preso.
A violência não parou por aí. Recentemente, mais precisamente no dia 6 de novembro, um adolescente de 14 anos foi estuprado e teve parte de um cabo de sombrinha introduzido no ânus. O caso foi investigado pela Delegacia de Grupos Vulneráveis (DAGV) e, em menos de um mês, a polícia chegou ao homem que ficou conhecido como o “Maníaco do Bairro América”, o mecânico José Adelson Andrade de Oliveira (21).
O adolescente deixou a residência, localizada no bairro América, no início da noite de domingo (06/11) para comprar pão numa padaria a poucos metros de casa, e não retornou. Adelson queria dinheiro, mas como o garoto só tinha R$ 5 e não estava com o celular, fingiu estar armado e estuprou o garoto. Ele confessou que a intenção era de matar.
Prisões e repercussões
O ex-presidiário alagoano José Jorge da Silva (26) foi preso em Sergipe, após assaltar um taxista junto com dois comparsas – Jertson José Lima Santos (19) e um adolescente de 17 anos. Ao realizar a prisão, a polícia descobriu que José Jorge utilizava nome falso e era acusado de matar a companheira, há cerca de um ano, em Arapiraca (AL), retirar o coração, fritá-lo e comê-lo em um bar.
A morte mais comentada no âmbito da Segurança Pública de 2011 foi do foragido da polícia sergipana, o empresário Floro Calheiros Barbosa. Ele foi morto pela polícia na madrugada do dia 10 de abril, quando policiais militares e federais o perseguiam na divisa do município de Barreiras (BA) com o estado do Tocantins.
O sobrinho de Floro Calheiros, Lucas Calheiros, e mais um terceiro homem também morreram na ação policial. Já o filho de Floro, Fábio Calheiros Barbosa, foi atingido com tiros, mas foi encaminhado ao no Hospital Regional de Gurupi, no Tocantins, e recambiado a Sergipe, onde continua preso.
Drogas
No dia 27 de fevereiro, a Polícia Federal fez a maior apreensão de drogas do Nordeste. Um caminhão transportava mais de 1.500 kg de maconha. A apreensão aconteceu no município de Japaratuba, quando foi detido o motorista, que não tinha passagem pela polícia e não quis falar sobre o destino e origem da droga.
As drogas sintéticas também estão no caminho dos usuários de Sergipe. Geralmente são consumidores com poder aquisitivo elevado, que consomem em festas particulares ou eletrônicas. Kaike Mateus Lamoso (26), jornalista, natural de Ipiaú/BA, foi fichado em Sergipe por conta do tráfico internacional de MMD (metilenodioximetanfetamina), mesmo princípio ativo utilizado no Ecstasy. É a segunda vez que o jornalista é detido.
Durante o período da Odontofantasy, a Polícia Civil deflagrou a operação “Fantasia” e apreendeu mais drogas sintéticas e prendeu traficantes com grande poder aquisitivo. Quatro jovens foram presos com 37 doses de LSD e 26 comprimidos de ecstasy, além de R$ 1,2 mil e U$ 130,00 e três veículos utilizados para as entregas da droga: um Agile, um New Beatle e um Fiat Punto.
Foram presos Alan Robert Vieira Silva (19), Carlos Henrique Mendes Soares, conhecido como Caique (19), Dhiego Ramos Santos Conceição (22), e Yuri Nascimento Costa (24) no momento em que comercializavam as drogas em um posto de combustível e no estacionamento de um shopping center da capital.
No dia a dia das grandes cidades, a exemplo de Aracaju, Lagarto e Itabaiana, as denominadas cracolândias são só um dos pontos de drogas vistos pela sociedade. Se há consumidores, é porque há vendedores, quer seja na própria cracolândia, quer seja em baladas à fantasia, raves ou festas particulares. Quando não há cifras para comprá-las, a violência é o caminho. Mesmo que seja através de um assalto a ônibus, um roubo a transeunte na Orla da Praia de Atalaia, no arrombamento de lojas comerciais do bairro Siqueira Campos ou nos constantes assaltos as Agências dos Correios.
Mas quando as grandes cidades se fecham contra a violência através de grades, cercas, armas, seguranças e equipamentos eletrônicos, a saída para os crimes são as pequenas cidades. Por isso, a crescente onde de violência em cidades anteriormente tidas como pacatas. Ou seja, os casos de violência chegaram ao interior de Sergipe e a situação é grave. Casos violentos sempre existiram e existirão. Prisões também.
Quanto mais o abismo social prevalece em meio ao crescimento econômico das pequenas e grandes cidades, mais deve ser a atenção para os fatores que minimizem a violência, a exemplo das políticas públicas para a educação e de enfrentamento à pobreza extrema. Prisões, apreensões, homicídios existiram. A raiz do problema deve ser revista urgentemente.
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