O tesoureiro do Sindicato dos Policiais Civis de Sergipe (Sinpol), Sandro Argollo Ribeiro, emitiu um parecer sobre denúncias de irregularidades no uso do dinheiro do associado por parte do presidente da entidade, Antônio Moraes, que acabou sendo a gota d'água para a sua destituição do cargo maior do Sinpol, nesta terça-feira 19. O tesoureiro, após passar um pente fino nas despesas com viagens feitas por Moraes, constatou o que definiu como malversação do patrimônio do sindicato. Para se ter uma ideia de como o dinheiro vinha sendo gasto, Sandro escreve no parecer que até para custear uma "nega" para o então presidente o dinheiro serviu.
"Antônio confirmou que teria viajado com uma ‘nega', pois estava muito estressado, que não resistia a uma ‘boce...', que estava doente e precisava de tratamento, confirmou que as passagens da ‘nega' foram pagas pelo Sinpol Sergipe, além das despesas com refeição e hospedagem, gerando um gasto indevido ao Sinpol Sergipe", narra o tesoureiro em seu parecer.
Segundo Sandro, as contas do celular de Moraes também atestam a malversação do dinheiro do Sinpol. "R$ 582,68 ( janeiro/2011), R$ 444,15 (fevereiro/2011), R$ 308,90 ( março/2011), R$ 552,28 ( abril/2011), R$ 820,24( maio/2011) e R$ 438,06 ( junho/2011)", lista no seu parecer, assegurando ainda que Moraes levou para sua residência aparelhos eletrodomésticos do sindicato.
Uma nota enviada à imprensa, na tarde desta terça-feira, pelo Sinpol, explica porque foi decidido destituir Moraes. Segundo a nota, o posicionamento da diretoria baseou-se justamente nas denúncias já tornadas públicas para a categoria através do parecer do 1º tesoureiro Sandro Argollo Ribeiro. Segundo a nota, as ações de Moraes comprometem tanto a receita como a imagem e credibilidade duramente conquistadas através da luta de toda a categoria e que não podem ser abalados pelos atos de um, quem quer que seja - sobretudo porque o mínimo que se espera de uma entidade é que seja coerente na aplicação da ética e moralidade que sempre soube cobrar tão veementemente.
"Se não fôssemos capazes de, quando preciso, cortar na própria carne, que legitimidade teríamos para cobrar, por exemplo, isonomia de tratamento tanto na Corregedoria como no Conselho Superior de Polícia? Assim, entre o que é fácil e o que é certo, qual a posição deveria ser tomada? Assim, o que a categoria terá que decidir não é se os gastos efetuados pelo diretor afastado foram ou não irregulares (sobre isto, há farta documentação comprovando que foram). O que se decidirá é se a categoria policial civil concorda ou não com este tipo de postura. Posicionamento que certamente balizará toda a conduta do Sinpol pelos próximos anos", lê-se na nota.
Ainda lê-se no parecer que "munidos de todas estas informações e provas, contamos a todos os integrantes da diretoria e conselho fiscal, o que estava acontecendo. Momento contínuo, marcamos reunião de diretoria para o dia 8 de junho com o fito de tratarmos deste assunto. A maioria da diretoria compareceu. Nesta reunião contei tudo o que havia verificado. A diretoria resolveu que Antônio Moraes iria ressarcir R$ 3 mil ao erário do sindicato, sendo que seria descontado R$ 1 mil por mês de seu salário do Sinpol Sergipe, sendo descontado nos meses de junho, julho e agosto de 2011 (já ocorreu o 1º desconto, em junho de 2011, ainda restam dois meses)". Moraes não quis comentar as denúncias.