O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) é a agência de saúde sexual e reprodutiva das Nações Unidas. A missão da entidade é entregar um mundo onde cada gravidez é desejada, cada parto é seguro e o potencial de cada jovem é realizado.

A abordagem inicial do órgão das Nações Unidas é para remeter sobre um estudo divulgado que aborda um ponto que envergonha a evolução dos seres humanos, a discriminação racial.

A tradução para o português do estudo é "Análise da saúde materna de mulheres e meninas afrodescendentes nas Américas”, publicado em 12 de julho de 2023.

O novo relatório da UNFPA revela que mulheres e meninas afrodescendentes nas Américas enfrentam racismo e sexismo sistemáticos no setor da saúde – discriminação que está se mostrando mortal para todos demais.

O estudo aponta que o abuso se estende do verbal ao físico e inclui negação de atendimento de qualidade, procedimentos médicos coercitivos ou não consentidos, falta de confidencialidade, recusa de analgésicos e violações de privacidade.

Conforme o relatório, o maior contraste entre mulheres e meninas afrodescendentes está nos Estados Unidos, onde elas têm três vezes mais chances de morrer durante ou logo após o parto do que mulheres não afrodescendentes, enquanto no Suriname a taxa é 2,5 vezes maior e 1,6 vezes maior no Brasil e Colômbia.

Assim, aproveitando que o tema ficou evidenciada no relatório abordado, entendo que precisamos de uma maior reflexão em nível mundial do flagelo do racismo. Para mim, a crise racial é visível, real e permanente.

A relação biológica dos seres humanos que envolve aspectos como cor da pele e traços morfológicos ainda é muito complexa por questões culturais e de formação na base das famílias. Registre-se que as características físicas hereditárias, como forma dos lábios, do nariz, do queixo, tipo de cabelo, cor de pele não pode estabelecer hierarquias entre as pessoas.

Os cientistas já explicaram em várias teses que a diversidade genética é absolutamente indispensável à sobrevivência da espécie humana, esta é uma grande riqueza do reino animal e o mesmo ocorre no reino vegetal.

Assim, respeitar a diversidade étnica e cultural contribui para um mundo mais harmônico e mais perfeito.

Destaque-se que o Brasil atualmente possui um Ministério que trata do assunto é o Ministério da Igualdade Racial que está estruturado em três secretárias: Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas e Combate e Superação do Racismo; Secretária de gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial e Secretária de Políticas Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Ciganos.

O desafio é grande no Brasil, informações divulgadas na imprensa apontam que tivemos um crescimento de 31% nas denúncias de racismo no ano de 2021, um total que supera 6.000 casos.

Em muitos estados brasileiros, as estatísticas de 2022 apontam crescimento de casos de racismo em relação a 2021 e para 2023 o mesmo também está ocorrendo.

Mesmo que em nosso país diversas organização não-governamentais e da sociedade civil desenvolvam trabalhos que busquem mitigar este drama, infelizmente a situação permanece.

A questão é mundial, e neste terceiro milênio, ainda acumulamos saldos de um racismo vindo de séculos pretéritos e as práticas racistas não recuaram.

Precisamos de uma agenda transformadora que viabilize a erradicação do racismo e as ações da Organização das Nações Unidas devem ser permanentes e firmes, pois as violações dos direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos ocorrem diariamente em várias partes do mundo.

Mas para além disso, a solução está em cada um de nós, nas nossas atitudes diárias, em buscar entender e compreender que precisamos de mais humanização em nossa sociedade e que não podemos tolerar nenhuma forma de discriminação racial.