A segurança alimentar está na pauta das principais organizações internacionais  do mundo, destaco que no dia 8 de fevereiro de 2023, os líderes da Organização Mundial do Comércio (OMC), da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Programa Mundial de Alimentos da ONU emitiram uma declaração conjunta pedindo uma resposta urgente à crise sem precedentes de segurança alimentar e nutricional. 

Um ponto de observação destacado na declaração é que 349 milhões de pessoas em 79 países sofrem de insegurança alimentar aguda e a crescente prevalência de desnutrição.

Diante disso, referidos líderes das organizações internacionais estão solicitando que os governos e doadores tomem medidas urgentes para evitar o agravamento da crise. 

Antes de destacar os principais pontos da declaração gostaria de resgatar o pensamento de Josué de Castro (1908-1973), médico brasileiro, autor da obra Geopolítica da Fome, 

’Quais são os fatores ocultos desta verdadeira conspiração de silêncio em torno da fome? Será por simples obra do acaso que o tema não tem atraído devidamente o interesse dos espíritos especulativos e criadores dos nossos tempos? Não cremos. O fenômeno é tão marcante e apresenta-se com tal regularidade que, longe de traduzir obra do acaso, parece condicionado às mesmas leis gerais que regulam as outras manifestações sociais de nossa cultura.

Trata-se de um silêncio premeditado pela própria alma da cultura: foram os interesses e os preconceitos de ordem moral e de ordem política e econômica de nossa chamada civilização ocidental que tornaram a fome um tema proibido, ou pelo menos pouco aconselhável de ser abordado publicamente’’.

Vejam como este pensamento continua atual e cada vez mais emergente.

Retornando ao comunicado dos líderes das organizações internacionais já citados, eles apontam que, globalmente, a pobreza e a insegurança alimentar estão aumentando após décadas de ganhos de desenvolvimento.

Eles também ressaltam que as interrupções na cadeia de suprimentos, as mudanças climáticas, a pandemia do Covid-19, o aperto financeiro devido ao aumento das taxas de juros e a guerra na Ucrânia causaram um choque sem precedentes no sistema alimentar global, com os mais vulneráveis sendo os mais atingidos. 

Um ponto importante que está sendo percebido diretamente pela população e os líderes citaram no comunicado, foi sobre a inflação de alimentos, que infelizmente continua alta no mundo, com dezenas de países experimentando inflação de dois dígitos. 

Diante disso, quero neste ensaio, na minha condição de economista, mais uma vez destacar este fantasma que está rondando o mundo, os focos da fome.

Este tema foio que levou três economistas no ano de 2019, a ganharem o Prêmio Nobel de Economia, foram: o indiano Abhijit Banerjee, a francesa Esther Duflo e e o americano Michael Kremer, eles foram premiados com o Prêmio Nobel de Economia pela abordagem experimental deles que visam aliviar a pobreza global.

Estes economistas ganhadores do Nobel de Economia mostraram, por exemplo, em seus experimentos que as pessoas mais pobres são extremamente sensíveis a uma alta de preços nos gastos em cuidados de saúde preventivos.

Estes economistas apresentaram sugestões importantes que não podem ser esquecidas, a exemplo de programas de merenda escolar e os subsídios adequados que possam fortalecer a segurança alimentar.

Retornando mais uma vez ao comunicado das organizações internacionais, é sugerido que precisamos que os países fortaleçam e implementem estratégias de proteção social abrangentes, acionáveis e responsivas a choques. Os líderes também sugerem que os países precisam reexaminar e reformar seu apoio à agricultura.

Está evidenciado que os enfrentamentos dos desafios estruturais na proteção social, nos mercados de alimentos e fertilizantes, necessitam de ações coordenadas.

A questão da segurança alimentar deve ser obrigação de todos nós para possamos apoiar os mais vulneráveis e termos um mundo melhor!