Presidente Temer afirma que vitória no plenário “é certíssima”
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 27/06/2017 10h32
O presidente Michel Temer afirmou ontem que a vitória do governo na votação da reforma trabalhista no plenário do Senado "é certíssima". Depois da derrota na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), o presidente convocou de última hora uma entrevista coletiva em Moscou, na Rússia, para onde viajou em missão oficial, para assegurar que vai reverter o resultado. Temer fez questão de dizer que a derrota é "muito natural", porque os projetos passam por várias comissões. "O que importa é o plenário", disse. "O plenário vai decidir e lá o governo vai ganhar. É maioria simples." A linha de raciocínio foi adotada com o mesmo padrão por pelo menos cinco ministros de Estado, além de lideranças no Congresso, que deram entrevistas ou postaram vídeos nas redes sociais minimizando a rejeição do texto pelos senadores da CAS. Mas a declaração mais contundente veio do ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, que nominou parlamentares governistas que votaram contra a medida e criticou diretamente o aliado PSDB pela derrota.
Derrota na votação demonstra desarticulação do governo
Economistas que acompanham o ajuste ficaram surpresos com a derrota da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais do Senado. A proposta perdeu por um voto – foram dez a nove no placar final. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, há consenso de que sinalizou “falta de articulação do governo” em relação a uma questão vital. A expectativa é que sirva de alerta. A economista-chefe da gestora XP Investimentos, Zeina Latif, acredita na possibilidade de recuperação, mas lamentou a derrota. “Não é questão de jogar a toalha, mas a derrota numa simples comissão passou a imagem de um governo desarticulado”, disse ela. Na avaliação de Zeina, a reforma trabalhista será aprovada e algumas medidas da reforma da Previdência irão passar. Não existiria a possibilidade de, no curto prazo, o País ser vítima de uma onda de mau humor equivalente à registrada no período pré-impeachment. “Apenas um desastre eleitoral, com a posse de um novo presidente completamente desvinculado das reformas e o ajuste fiscal poderia nos levar a um cenário de tamanha deterioração”, diz. A derrota, por outro lado, pode ter um efeito positivo, na avaliação do especialista em finanças públicas, Raul Velloso, se o governo deixar de lado o clima de já ganhou no Congresso e retomar a atenção.
Efeito no mercado financeiro foi imediato
Os investidores foram surpreendidos ontem pela decisão da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado de rejeitar o relatório da reforma trabalhista. A aprovação, que era dada como certa, fez aumentar a incerteza em relação à reforma da Previdência, assunto mais polêmico e que vai exigir mais coesão da base aliada do governo. A reforma previdenciária é considerada essencial para equilibrar o déficit das contas públicas. O efeito da decisão da CAS sobre o mercado financeiro foi imediato. O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, caiu 2,01% e ficou em 60.766 pontos, com giro financeiro de R$ 6,6 bilhões. O dólar comercial subiu 1,32%, para R$ 3,332, a maior valorização desde 18 de maio, data em que a moeda disparou mais de 8% após o caso JBS. As taxas de juros futuros de prazo mais longo tiveram o maior salto em um mês.
Estudo mostra impacto da reforma trabalhista na geração de empregos
A reforma trabalhista pode gerar 2,3 milhões de empregos no País em pouco mais de um ano, informa O Globo com base em estudo do Santander. A estimativa leva em consideração a flexibilização de regras e consequente redução de custos para o empregador, que voltaria a contratar. Os autores admitem, no entanto, que esse é um processo que causará perdas para uma parcela dos trabalhadores, principalmente aqueles com menor qualificação. Por isso, destacam a necessidade de políticas de proteção social que amenizem esses efeitos. O cálculo do banco leva em consideração o nível de regulamentação do mercado de trabalho brasileiro. A principal base para as conclusões é um relatório do Instituto Fraser que atribui notas a 159 países, de acordo com o grau de flexibilidade nas relações trabalhistas. São levados em conta fatores como regras e custos para contratar e demitir, facilidade para fechar negociações coletivas e regras sobre jornada de trabalho. Na última edição, divulgada em 2016 com base em dados de 2014, o Brasil aparece na 144ª posição, com nota 4,5. O líder era Hong Kong, com nota 9,4. O estudo aponta que há uma relação entre a chamada nota de rigidez e a taxa de desemprego nos países. Quanto maior a nota — ou seja, quanto menor a rigidez —, menor a taxa de desemprego.
Arrecadação de R$ 97,7 bilhões foi a pior em sete anos
Os recentes números da economia que mostram que o pior da recessão já passou ainda não tiveram reflexo no pagamento de tributos ao governo federal. Ao contrário, a arrecadação voltou a cair em maio. De acordo com a Receita Federal, a União recolheu R$ 97,7 bilhões em impostos e contribuições no mês passado, o pior resultado para maio nos últimos sete anos. A expectativa de integrantes da equipe econômica era que a arrecadação já começasse a dar sinais de melhora. No entanto, a retomada de alguns setores ainda não se traduziu em mais recursos nos cofres da União. A recuperação foi forte apenas na agricultura, setor que paga pouco imposto e que exporta muito, ou seja, segmento econômico com baixo poder de alavancagem de arrecadação.
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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.
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