O que são as taxas de juros real e nominal? | Marcio Rocha | F5 News - Sergipe Atualizado

O que são as taxas de juros real e nominal?
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 21/09/2024 03h47

Recentemente, o Brasil foi classificado como o segundo país com a maior taxa de juros real do mundo, com 7,33%, perdendo apenas para a Rússia, que tem uma taxa de 9,05%. Além disso, o Brasil ocupa o sexto lugar em relação à taxa de juros nominal. Mas o que essas taxas realmente significam, e como elas afetam a vida dos brasileiros? Vamos explicar isso de maneira simples.

A taxa de juros nominal é aquela que você ouve nos noticiários e é fixada pelo Banco Central. Ela define quanto os bancos podem cobrar ao emprestar dinheiro ou pagar ao receber aplicações. No Brasil, ela está em torno de 13,75% ao ano (valor fictício para fins didáticos). No entanto, essa taxa não reflete o efeito da inflação, que corrói o valor do dinheiro ao longo do tempo.

Por isso, temos também a taxa de juros real, que é a taxa nominal descontada pela inflação. Ou seja, a taxa de juros real mostra quanto você está realmente ganhando (ou perdendo) quando investe ou toma dinheiro emprestado, levando em conta o aumento geral dos preços. Se a inflação for alta, a taxa real será menor, mesmo que a taxa nominal pareça elevada.

Taxas de juros elevadas afetam diretamente a vida das pessoas. Quando a taxa de juros nominal está alta, tudo fica mais caro para quem precisa pegar empréstimos, seja para comprar uma casa, carro ou mesmo para financiar o cartão de crédito. As parcelas mensais aumentam, e muitas vezes as pessoas acabam se endividando mais, porque a renda não acompanha o aumento nos juros.

Além disso, com juros elevados, a economia tende a desacelerar. Isso porque, se pegar dinheiro emprestado é caro, menos pessoas e empresas investem em novos negócios, e o consumo diminui. Na economia doméstica, o reflexo é o controle mais rígido do orçamento familiar, com menos gastos no comércio e menos contratações no mercado de trabalho.

Do ponto de vista da economia nacional, juros altos são uma estratégia do Banco Central para controlar a inflação. Quando os preços dos produtos e serviços sobem muito, os juros são elevados para desincentivar o consumo e conter o aumento dos preços. Isso ajuda a manter o poder de compra das pessoas a longo prazo, evitando crises inflacionárias.

No entanto, essa medida tem um custo: o crescimento econômico é sacrificado. Com menos crédito disponível, as empresas investem menos, o desemprego pode aumentar, e o país pode entrar em recessão. É um equilíbrio difícil de alcançar.

Por outro lado, taxas de juros nominais elevadas também têm um lado bom. Elas atraem investidores estrangeiros que procuram rendimentos mais altos para seus investimentos. Em um cenário de juros altos, o Brasil se torna um destino atrativo para quem quer aplicar seu capital, principalmente em títulos públicos, que passam a pagar mais.

Esses investimentos podem ajudar a estabilizar a economia, trazendo dólares e outras moedas estrangeiras para o país. Isso fortalece a nossa moeda (o real) e aumenta as reservas internacionais do Brasil, permitindo maior segurança para enfrentar crises globais.

Tudo isso tem um lado bom e um lado ruim. O lado bom de atrair investimento estrangeiro é que ele aumenta a oferta de dinheiro no país, o que pode ajudar a financiar projetos de infraestrutura, inovação e desenvolvimento. O governo, por exemplo, pode usar esse capital para realizar obras e melhorar serviços públicos.

No entanto, há também o lado negativo. Investimentos estrangeiros podem ser voláteis: quando a economia internacional muda ou outro país oferece melhores condições, esses investidores podem retirar seus recursos do Brasil rapidamente, desestabilizando o mercado financeiro. Além disso, enquanto as taxas de juros seguem altas para atrair esses investidores, os brasileiros continuam pagando mais caro por crédito e empréstimos.

A taxa de juros é uma ferramenta poderosa para controlar a economia, mas ela precisa ser usada com cautela. No Brasil, manter os juros elevados ajuda a controlar a inflação e atrair investimentos estrangeiros, mas também freia o crescimento econômico e aumenta o custo de vida para a população. Encontrar o equilíbrio entre esses fatores é o grande desafio dos formuladores de política econômica.

Para o brasileiro comum, o importante é ter consciência de como esses fatores afetam o orçamento pessoal e buscar soluções para lidar com as variações no mercado. Ao entender melhor como funcionam as taxas de juros, fica mais fácil tomar decisões financeiras mais conscientes.

 

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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.

E-mail: jornalistamarciorocha@live.com

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