De acordo com a Federação Internacional de Jogadores Profissionais (FFPro), a pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19) tem levado diversos clubes a se preocuparem com o psicológico dos atletas, isso porque a entidade encomendou uma pesquisa, publicada em seu site oficial, no último dia 20 de abril, pela qual foi constatado que a depressão vem crescendo entre homens e mulheres que vivem de jogar futebol.

A pesquisa aconteceu entre 22 de março e 14 de abril, com 1602 atletas em confinamento na Inglaterra, França, Austrália e Estados Unidos. Apesar disso, a entidade aponta que a média pode ser usada para diversos outros países, incluido o Brasil.

“O que acontece é que esses atletas de alto rendimento estão acostumados a treinamentos bastante intensos. E se esquecem muitas vezes que eles, ao estarem nessa rotina intensa de treinamento, produzem bastante endorfina, o hormônio do prazer, do bem-estar”, ressaltou a neuropsicóloga Eveline Menezes Lima.

Ela ainda ressaltou cuidados que o atleta deve ter neste momento de treinos em casa. “É importante saber que, durante as sessões de treinamento do dia-a-dia, o atleta não apenas trabalha o físico, mas também está sujeito a uma carga cognitiva significativa em cada treinamento, devido ao grande número de estímulos pelos quais ele deve passar. Assim, diz ela, embora eles continuem treinando em casa, se o treino não conseguir fornecer uma carga cognitiva considerável, o atleta não se cansará mentalmente. "Isso pode até afetar o sono, entre muitas outras coisas”, informou.

Em Sergipe

F5 News procurou os três times sergipanos que têm calendário nesta temporada e possuem vínculo com os seus atletas para saber se eles estão oferecendo apoio psicológico aos jogadores e comissão técnica.

Segundo a assessoria do Feipaulistano, a demanda por psicólogos depende da procura e necessidade apresentada individualmente pelos membros do time. O Confiança e o Itabaiana não responderam aos questionamentos até a publicação desta matéria.

A pesquisa

Ainda sobre o universo pesquisado, foram ouvidas 468 jogadoras de futebol, das quais 22% responderam que apresentam sintomas de depressão. Entre os homens, 13% admitiram manifestações da doença. O transtorno de ansiedade generalizada foi apontado por 18% dos jogadores e 16% das jogadoras.

A neuroterapeuta ainda lembrou que os atletas que já fazem um trabalho terapêutico e os que estão em sofrimento devem buscar ou continuar os atendimentos psicológicos.

Com  63 países filiados, a FIFPro lembrou que muitos desses profissionais vivem fora dos países ou estados onde nasceram, momento em que alguns cortam vínculos com suas famílias. A entidade ainda pontuou que o estudo é uma reflexão social, e por isso não defende a retomada apressada das competições. O retorno, segundo a FIFPro, poderia causar mais preocupação aos atletas diante do medo de serem infectados pela Covid-19.

Vale lembrar que algumas competições internacionais antes suspensas foram canceladas, a exemplo dos campeonatos nacionais franceses Ligue 1 e Ligue 2, na temporada 2019/2020. Outros campeonatos estão estudando a possibilidade de volta ou não da temporada.