Desde a última semana circula nas redes sociais uma denúncia do principal patrocinador do time Grêmio Santos Dumont, Célio França, e da capitã da equipe, a atleta Lígia Montalvão, referente à falta de repasse de uma verba destinada ao time pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por participar da Série A2 do Campeonato Brasileiro. Em vídeos, ambos relatam que a verba de R$ 50 mil não foi repassada pelo presidente do clube, Jorgival Melo, ao grupo de 30 pessoas que compõem o time. Por outro lado, o presidente afirma que o dinheiro tem que ser dividido entre atletas e custos futuros durante a competição.

O imbróglio começou no dia 6 deste mês, quando a CBF destinou uma verba às equipes que disputam o Campeonato Brasileiro das Séries C e D (masculino) e Séries A1 e A2 (feminino), como forma de ajudar financeiramente os clubes. Ao todo serão 140 equipes beneficiadas com valores equivalentes à média de duas folhas salariais dos atletas de cada competição.

Mas nem tudo são flores e o dinheiro causou turbulências no representante sergipano Grêmio Santos Dumont, time que disputa a Série A2 do campeonato nacional feminino. No dia 18 passado, o principal patrocinador do time, Célio França, gravou um vídeo repugnando a atuação do atual presidente do clube diante da formação de um time competitivo. "Montamos uma equipe altamente competitiva, as jogadoras de diversos estados do Brasil, Minas, Bahia. Para vocês terem uma ideia, nós tínhamos em torno de 30 profissionais, estruturas dignas para as atletas”, frisou.

A fala do patrocinador foi endossada pela capitã do time que, além de exaltar o apoio ímpar de Célio França, relatou a surpresa pela primeira oferta feita às atletas. “Célio França vinha, pela primeira vez, dando estrutura a um time feminino no estado, estrutura, todos os custos em viagem, logística, alimentação, fardamento, e profissionais para nos deixar muito bem fisicamente e exercer nosso papel da melhor forma”, disse Lígia, que usou as redes sociais do blog Futebol Feminino (@diario.ffeminino) para denunciar o caso.

 

 

 

 

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Uma publicação compartilhada por Diario FFeminino (de ????) (@diario.ffeminino) em 18 de Abr, 2020 às 4:02 PDT

Segundo ela, a primeira oferta foi de R$ 500, prontamente negada pelas atletas. “A partir do momento que a CBF manda esse dinheiro, a verba cai na conta do Santos Dumont, e mesmo o presidente se mostrando presente, em um primeiro momento, fomos surpreendidas pela oferta baixa”, afirmou a atleta à época.

Após diversas conversas, o elenco recebeu nova proposta da diretoria, na última quarta-feira (22), agora no valor de R$ 1 mil para cada atleta e membros da comissão técnica, o que daria um valor aproximado de R$ 30 mil, segundo Lígia, novamente recusado pelas atletas.

Para ela, o valor deve ser dividido integralmente, ou seja, os R$ 50 mil para as 30 pessoas que compõem o time. O presidente do time, Jorgival Melo, alega que isso não é viável, segundo ele, o intuito da verba destinada não é esse. “A CBF deu esse dinheiro para ajudar elas, mas também manter o clube. A gente queria dar uma ajuda de custo a elas e fornecer dinheiro durante o campeonato”, ressaltou o dirigente.

Segundo ele, as ofertas feitas estão dentro dos padrões estabelecidos pelo clube, afinal, elas não recebiam salário antes da paralisação. “Temos um clube amador, não dá para querer profissionalizar agora. O patrocinador me cobrou até os uniformes. Elas recebiam só a ajuda de custo e hospedagem”, afirmou. O F5 News tentou apurar a informação com a capitã do time, mas não conseguiu contato até a publicação desta matéria.

Ele ainda ressaltou que a oferta realizada parte de um cálculo realizado pelo presidente da Equipe Bola de Ouro, ao qual, as atletas têm vínculo e que elas deveriam negociar pagamentos com o presidente de pré nome Jailson, que é técnico no Santos Dumont. O F5 News entrou em contato com ele, que negou todas as informações e enfatizou que o valor deve ser repassado para todos os atletas, assim como Lígia tem defendido.

Jorgival ainda ressalta que as atletas apresentaram uma planilha formulada por elas, onde é apontado um valor de R$ 40 mil referente aos salários dos últimos dois meses das atletas, documento questionado pelo dirigente.

"Já que o dinheiro foi enviado para nós atletas, equivalente a duas folhas salariais, que seja dessa forma, por que muitas famílias, muitas atletas têm um sonho, só que o sonho não não enche barriga não, o sonho não ajuda as famílias. Muitos pais não tá podendo ir trabalhar e essa ajuda vai vir como um alívio para muitas delas. Então a gente pede ao Presidente do Clube Grêmio Santos Dumont, Jó, que seja coerente que seja respeitoso com o futebol feminino. Esperamos que essa ajuda chegue para nós  da forma correta e se não existir esse repasse a gente pede então a liberação do clube e vamos estar abrindo mão de estar disputando o Campeonato Brasileiro, por que isso é de extrema falta de respeito com nós atletas”, informou Lígia.

Questionado sobre a permanência das atletas, Jorgival Melo foi enfático. “Não pensamos em dispensar as atletas, a ideia é permanecer com o elenco que foi campeão aqui em Sergipe. Mas se elas saírem a nossa obrigação é contratar outras atletas”, confirmou.

Após a turbulência, Jorgival Melo ressaltou que o patrocinador o informou que não iria mais patrocinar o time e nem cederia o campo, localizado em Carmópolis, para os jogos dos campeonatos.