Um dos eventos mais aguardados pelos esportistas, a corrida Cidade de Aracaju está se aproximando de sua 37ª edição. São três décadas de muita atividade física, mas o que pouca gente sabe é que o evento produzido pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal de Juventude e Esporte (Sejesp), tem muita história para contar que envolve a cultura da cidadania aracajuana. O evento conta, neste ano, com a parceria do Ministério da Cidadania, e vai ser realizado no próximo dia 21.

Corrida tem sua largada na cidade de São Cristovão (Foto: Felipe Goettenauer/AAN/Reprodução)

É preciso voltar para 1979, o primeiro ano em que a corrida foi realizada, ainda de forma não oficial. Legitimada somente em 1983, a disputa previa comemorar e enfatizar a mudança da capital do Estado que beirava a festividade dos 100 anos. Eram os primeiros passos para o crescimento econômico de Sergipe, por causa da capacidade de Aracaju em aumentar a exportação da cana de açúcar na beira do litoral.

O planejamento da cidade conhecida como um 'tabuleiro de xadrez' também foi importante na decisão dos caminhos tomados pelos trechos da corrida, atrelando ao fator histórico. Grandes disputas clássicas como os jogos do Confiança vs Sergipe marcaram edições da corrida que já teve o percurso terminado no Batistão (pós-jogo) e no Parque Augusto Franco. A competição  também já aconteceu pela BR, uma vez que, na época, a rodovia João Bebe Água não existia. 

"As mudanças na corrida mostram que sempre estivemos atrás das melhorias, sem esquecer da participação histórica. A categoria de 24km sai do Centro de São Cristóvão e chega em Aracaju, na antiga Praça do Mini-Golfe. A dificuldade pelas ladeiras da João Bebe Água é uma característica importante para os corredores com esse trecho que respeita a tradição. É um momento de muita vibração do público que acompanha", comenta Jorginho Araújo, secretário. 

Hoje, a corrida já soma vários recordes. Somente para a edição de 2020, o primeiro lote de ingressos com 2 mil vagas esgotou em menos de três horas. O segundo também não ficou para trás, esgotando pouco após a abertura. O enorme sucesso se deve à organização que a cada ano supera as expectativas. O público em 2016 foi de 1.780 inscritos, enquanto o previsto para a 37ª edição está em 5 mil. É um crescimento de 200% na participação dos atletas.

O corredor Márcio Freitas, de São Vicente, em São Paulo, conta que aguardou com ansiedade a vaga no 3º lote. "É a primeira vez que vou correr e quero muito conhecer o percurso e aprender sobre a história da capital. Pretendo voltar mais vezes e a expectativa está alta para participar", atesta.

Edvaldo Amorim, de 61 anos, já participou mais de 30 vezes da competição. "O que me motiva é a dificuldade que ela tem. Por força da distância, o corredor tem essa prova como um marco. É uma competição essencial para que o atleta se consagre durante o ano. Existe uma lenda que diz assim: quem nunca correu maratona não é corredor. Eu digo que quem nunca correu São Cristóvão-Aracaju não é corredor. Essa prova é realmente um divisor de águas. É a maior do Estado em todos os níveis, tanto de percurso, como de organização", afirma.
 
E a admiração não atinge somente os que participam de forma direta. O baiano Valdemir Manoel Norberto colabora com a competição assistindo aos amigos que correm todos os anos. "Adquiri deles o gosto por corridas, mas com a diferença de que eles correm e eu prestigio. É lindo de ver, em especial, essa corrida, porque ela é o símbolo da mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju. Faz parte da história dessa cidade e ela representa muito bem esse espírito", salienta.