Véio – De Nossa Senhora da Glória para a Fundação Cartier, em Paris
Exposição fica em cartaz até 21 de outubro na capital francesa Entretenimento 25/06/2012 15h30Por Sílvio Oliveira
Quem visitar Paris até o período de 21 de outubro deste ano poderá conferir a exposição coletiva do artista sergipano gloriense Cícero Alves dos Santos – o Véio (65). A exposição Histoires de Voir - Show and Tell está em cartaz na Fundação Cartier e traz, além dele, mais 40 artistas da chamada arte de raiz de diversos países, a exemplo da Índia, Congo, Haiti, México e Japão. A entrada custa 9€ e é aberta ao público das 11h às 19h (horário de Paris), exceto às segundas-feiras.
As obras em cartaz na capital francesa são do próprio acervo da Fundação Cartier e do Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro. Em visita ao Brasil no início de 2012, o diretor da Fundação, Hervè Chandes, conheceu a exposição “Teimosia da Imaginação”, em São Paulo (SP), que expunha obras de dez artistas brasileiros considerados de arte popular, entre eles Véio.
Hervè Chandes selecionou peças presentes na exposição, tornando o Brasil grande destaque do evento francês."Cerca de 70% das obras são de brasileiros", diz Germana Monte-Mór, curadora da Mostra.
De acordo com a curadora, a exposição vai além das categorias desconcertantes da história da arte, e as obras expostas transmitem uma sensação de franqueza, liberdade e frescor de invenção, enquanto ao mesmo tempo levantam a questão de como se pode definir a arte contemporânea hoje, revelando artistas tidos como de periferia e os colocando no centro do palco.
Em Paris, o sergipano se junta às criações de Antônio de Dedé, Alcides Pereira
dos Santos, Aurelino, Izabel Mendes da Cunha, Zé Bezerra, José Antônio da Silva, Neves Torres, Nilson Pimenta e Nino, assim como desenhos indígenas da região do Amazonas.Véio para o mundo
A penúltima exposição de Véio no Brasil aconteceu na Galeria Estação, em São Paulo, em 2010, e foi organizada pelo Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro, retratando e valorizando as tradições do semiárido do país. No início de 2012, o artista participou da exposição “Teimosia da Imaginação”, organizada pelo Instituto Tomie Ohtake, com curadoria de Germana Monte-Mór, também em São Paulo.
Mais uma vez a exposição ganha forma, desta vez no Rio de Janeiro, e foi aberta na última quinta-feira (14), no Paço Imperial com a presença do artista sergipano. Teimosia da Imaginação deverá percorrer outros estados brasileiros.
Além das exposições, o visitante também assiste aos documentários sobre a criação das peças e sobre os artistas e tem a oportunidade de também observar toda a arte em livro, ou seja, reúne exposição
, documentário e livro.Véio trabalha com troncos “fechados” e “abertos”, que são inteiramente talhados para ganharem representação. Entre as mais famosas, estão mobiliários, esculturas e estátuas que retratam as histórias do povo sertanejo, com seus misticismos, lendas e lutas relacionadas à natureza.
Assim como muitos de seus conterrâneos, o escultor recebeu seu nome em homenagem a Padre Cícero. Já o apelido surgiu porque ele gostava muito de escutar as conversas das pessoas mais velhas. Autodidata, Véio admirava a cultura popular desde criança, quando começou a executar suas primeiras peças em cera de abelha. A relação intensa com seu meio fez o artista criar, ao lado de seu ateliê, localizado em Nossa Senhora da Glória, um “Museu do Sertão”.
Muitos dos objetos recolhidos no museu testemunham o embate do homem do campo com a natureza. São chapéus de couro, utensílios domésticos, máquinas rústicas, roupas e acessórios que fazem parte da vida do sertanejo.Véio tem um acervo de mais de 17 mil peças de diferentes materiais. A maior delas chega a 10 metros de altura.
Fotos: Arquivo de família
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