Que lugar de mulher é onde ela quiser, todo mundo sabe. Mas, que o palco principal do Arraiá do Povo, na Orla de Atalaia, em Aracaju, é um espaço dedicado às apresentações de mulheres às quintas-feiras, nem todo mundo sabe ainda. A primeira noite do projeto “Elas no comando” aconteceu nesta quinta-feira (6) e teve aprovação do público.

A valorização da presença feminina no forró, seja elas cantando piseiro ou o tradicional arrasta-pé, trouxe ao palco as cantoras Tatah Santana, Mari Fernandez e Solange Almeida. Além delas, duas mulheres comandaram a locução do evento nesta quinta noite de festejo.

A primeira atração foi a sergipana Tatah Santana, intitulada como a 01. Além de se sentir realizada em abrir as apresentações, a artista usou um figurino de cangaçeira. De acordo com ela, além da beleza, a roupa é capaz de mostrar a força da mulher nordestina.

Em entrevista concedida à imprensa, a baiana de sangue Solange, e cidadã sergipana desde 2023, quando recebeu o reconhecimento no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), aprovou a iniciativa. Segundo ela, o projeto de valorização feminina deveria ser colocado em prática em outros estados brasileiros.

“Eu estava vendo as programações de festas de algumas cidades que contrataram apenas homens para os shows e muitas mulheres ficaram de fora. É uma pena que ainda hoje exista todo esse machismo. Fiquei muito feliz e achei um feito incrível, espero que isso seja replicado por outras cidades do Brasil”, declarou Solange.

A empresária Francielle Leite foi ao evento com a sua família e aprovou a novidade, relacionando ainda positivamente com o seu empreendimento. “Eu, como empresária de moda feminina, acho super importante esse tipo de valorização em uma festa tão linda. Podendo ainda proporcionar um bem-estar na vida de todos, mas principalmente, na das mulheres, as estrelas do evento”, disse em entrevista ao F5 News.

Nesta noite, a jovem Vitória Santana pôde se identificar com a importância do projeto. A sergipana trabalha como garçonete em um dos bares dentro da arena da festa, e, segundo ela, assim como o forró tem a predominância de cantores homens, a sua profissão também. 

“A sociedade que a gente vive hoje em dia é, de certa forma, um pouco machista, ocorrendo um preconceito muito grande em relação ao “sexo frágil”. Aqui, onde estou trabalhando, sou a única garçonete em meio a tantos garçons, ou seja, me sinto privilegiada em atuar em uma profissão que, majoritariamente, é comandada por homens e com a valorização do show”, declarou ao portal.

No entanto, mesmo com a representatividade feminina durante toda a noite, é importante o respeito às mulheres, não só neste dia, como em todos os outros. Por isso, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) e a Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SPM) estão realizando nas áreas do Arraiá um ato de conscientização contra o assédio, importunação sexual e outros tipos de violência através das campanhas “Não é Não! Oxe” e “Se Avexe Não”.