Patrimônio de Sergipe, barco de fogo é símbolo da tradição dos festejos juninos | F5 News - Sergipe Atualizado

Cultura
Patrimônio de Sergipe, barco de fogo é símbolo da tradição dos festejos juninos
Artefato produzido de forma manual por fogueteiros de Estância abrilhanta os céus durante período junino
Entretenimento | Por Agência Sergipe 26/05/2024 08h00 - Atualizado em 28/05/2024 08h54


Logo na entrada do Memorial da Cultura de Estância, município do sul sergipano, é possível encontrar um banner impresso com a seguinte citação: “Dando brilho e cor ao céu estanciano, o barco de fogo é o mais importante elemento da cultura sergipana, elemento identitário estanciano. Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe, o barco é símbolo da tradição e cultura dos estancianos, levando o nome da cidade de Estância aos quatro cantos do país, e além".

O pequeno parágrafo ajuda a resumir bem o que é o barco de fogo para a cidade e para o estado de Sergipe. Quando se pensa em Estância e em São João, a correlação é automática. O elemento é uma das identidades dos festejos juninos de Sergipe. O coordenador do Memorial da Cultura, o artista Wilton Santos, 39 anos, trabalha há 20 anos no local e destaca o sentimento como estanciano. "O barco de fogo é a nossa maior representatividade. É o sorriso da criança, a criatividade das artesãs, a beleza das lavadeiras, a força do fogueteiro que resiste até hoje, o som que emociona as noites de São João", relata.

O barco surgiu tendo como grande expoente Francisco da Silva Cardoso, conhecido como ‘Chico Surdo’. Engajado na arte da pólvora, do fogo e do buscapé, ele tinha o sonho de ser marujo, e daí vem a ideia de fazer o barco de fogo. ‘Chico Surdo’ segue lembrado até hoje: por ter nascido no dia 11 de junho de 1907, todos os anos nesta mesma data os fogueteiros soltam 11 barcos na Praça Barão de Rio Branco, festejando o elemento símbolo da cidade.

Com as celebrações se espalhando pelo mês de junho, o barco não apenas é valorizado, mas também segue vivo para as futuras gerações. "Ele é a alma da família estanciana, porque agrega o sentimento de coletividade e de união. É visto nas mãos de uma criança, da família do fogueteiro, nas escolas, vai de geração a geração", destaca Wilton Santos.

Força dos fogueteiros

Prova dessa sustentação é que, em Estância, várias famílias estão envolvidas com a construção dos barcos de fogo. É o caso dos irmãos fogueteiros Carlos Roberto Conceição, o ‘Carlinhos Fogueteiro’, de 60 anos; e José Alberto da Conceição, o ‘Barba Roxa’, 62 - ambos trabalham como fogueteiros há 35 anos. Além da herança familiar, o barco também é um negócio. "Não existe coisa mais bonita! Isso aqui gera empregos. Eu tenho quatro pessoas trabalhando aqui o ano todo", lembra Carlos Roberto.

Construir os barcos de fogo não é apenas uma arte, mas também uma ciência. O artefato precisa fazer um percurso de ida e volta dentro do local delimitado, e para isso deve conter uma certa quantidade de fogo - algo dominado pelos fogueteiros. "O barco é um processo árduo. Os fogueteiros primeiro fazem a montagem, precisam do instrumento para revestimento, além do processo de instalação dos vários elementos. Esses caras são quase cientistas, mestres do fogo. É uma inteligência maravilhosa!", exclama Wilton Santos.

Não é só o barco

Um dos elementos para a construção dos barcos de fogo é a pólvora, que abrilhanta ainda mais o objeto. Mas ela também é utilizada para produzir vários outros elementos juninos. O próprio barco, por exemplo, carrega espadas e chuvinhas. "O fogo é preenchido com as espadas, são feitos os estopins, as chuvinhas, as pistolas. Tudo é elaborado por eles mesmos. É toda uma harmonização", diz Wilton.

Seja um elemento cultural ou econômico, representando os foguetes mais simples até o barco de fogo, representa não apenas isso: é algo muito maior para quem trabalha nele. O fogueteiro José Alberto resume bem o sentimento. "A vida da gente no São João é o barco de fogo. É isso ou não tem dinheiro, não tem nada. E quanto mais tempo tem, mais a gente se envolve e quer continuar", conclui.

País do forró

No ‘país do forró’, este ano a programação dos festejos juninos realizada pelo Governo de Sergipe terá 60 dias. A Vila do Forró e o Arraiá do Povo começam no próximo dia 1º de junho, com mais de 300 atrações. Serão mais de 1.700 horas de forró, do tradicional pé de serra ao forró estilizado e eletrônico. O Arraiá do Povo, realizado de 1° a 30 de junho na Orla da Atalaia, terá sua Arena de Shows expandida, passando de 10 mil m² para 24 mil m². A ‘Terça do Arrocha’ e a quinta com ‘Elas no Comando’ também são uma novidade deste ano. A Vila do Forró vai de 1º de junho a 31 de julho e acontece na Praça de Eventos da Orla da Atalaia. A programação inclui apresentações musicais, culturais e de quadrilhas juninas, das 17h até 1h, às terças, quartas, quintas e domingos, e das 17h às 3h, às sextas-feiras e sábados. 

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