Grafite: arte e estilo de vida | F5 News - Sergipe Atualizado

Grafite: arte e estilo de vida
Artista sergipano encontra na arte das ruas uma forma de protestar
Entretenimento 13/09/2014 07h00


Por Aline Aragão

O grafite, que por muito tempo foi hostilizado e visto como uma arte ligada à marginalidade, começa a ganhar espaço na sociedade e o mais importante: a admiração de quem observa. Mas apesar disso, ainda falta muito para os artistas das ruas, ou melhor, grafiteiros, conquistarem o respeito e o reconhecimento pelo trabalho que realizam.

Para esses artistas, falta acima de tudo a consciência de que o grafite, além de arte, é também uma forma de inclusão social. “Vejo meninos com talento, perdendo a vida por falta de oportunidade, e é aí que o grafite poderia entrar, como forma de tirar esses jovens da marginalidade e dá um novo rumo para vida deles”, disse o grafiteiro Fake.

Fake é um apelido que veio das pistas de skate, o nome de batismo é Jhony Carlos, e o talento para desenhar vem desde a infância. Mas foi aos 12 anos, incentivado por uma professora, que aconteceu o primeiro contato com as cores e com as telas. Ele conta que chegou a ganhar dinheiro vendendo as primeiras obras. “A minha professora de artes, Tânia, era a minha maior incentivadora, e foi a minha primeira cliente, comprou as duas primeiras telas que pintei”, lembra.

Em 2006 Feke deixa de lado os pinceis para surfar sobre quatro rodas. E foi no skate que teve o primeiro contato com a arte das ruas. “Ali foi só o começo. As influências estavam por todos os lados, na periferia, nas amizades, na música e também no skate”, conta.

O grafite aos poucos começou a chamar a atenção de Jhony, até mesmo na escola. “Tinha um vigilante que andava grafitando em um caderninho e aquilo me despertava ainda mais. Comecei a fazer no papel e em 2008 fui para as paredes”.

 

A voz das ruas

Em 2010, Fake era o típico garoto de periferia, que andava de skate, cantava rap e grafitava suas primeiras paredes. Mas em 2011, com entrada dele em movimentos de hip hop, a paixão pelo grafite aumentou ainda mais. “Foi quando eu comecei a participar de reuniões do movimento e a entender mais sobre a política e os problemas da sociedade. Comecei a ver de outra forma a opressão e repressão sofrida pelos jovens da periferia e ter conhecimento do genocídio de jovens negros que existe”, explica.

Fake conta que foi aí que ele sentiu mais vontade de pintar e dessa forma mostrar para toda sociedade o que estava acontecendo. A consciência política começava a se formar no artista. E rostos como o de Martin Luther King, Che Guevara e Nelson Mandela começaram a surgir pela cidade.

Jhony começou a perceber que também tinha voz e que podia questionar. “E foi o grafite que me trouxe essa consciência, que me tirou do mundo alienado que vivemos e me fez ser mais um na luta por um mundo mais justo e igualitário, e é através da minha arte que busco mostrar isso”.

Aos 21 anos, e mesmo com toda dificuldade para comprar material, Johny já perdeu as contas de quantos grafites fez. Hoje recebe convites para fazer alguns trabalhos e quando tem dinheiro fica mais fácil. Mas o artista revela que o prazer maior é fazer a arte na rua. “Fico feliz quando me chamam para fazer um trabalho, mas quando estou na rua, sem cobrança e sem obrigação, a arte parece fluir melhor e me sinto realizado.” Feik diz que é muito gratificante vê alguém passar em um carro e comentar sobre o trabalho exposto. “Esse reconhecimento é o melhor pagamento”.

O artista tem preferência por rostos, seja de amigos, de anônimos ou de pessoas famosas. E não é difícil identificar o seu trabalho, muitos deles estão na sua casa - a periferia, mas também podem ser vistos em várias partes da cidade. E o que ele espera passar através do grafite: “Uma mensagem de esperança”.

Fake diz que o grafite é também uma forma de informar e levar para as pessoas vários tipos de mensagens como reivindicação, esperança, luta e também felicidade. E aproveita o momento eleitoral para mandar um recado para os eleitores e principalmente para os jovens. “Participem, cobrem, vão atrás dos seus direitos. Procurem se informar sobre a vida dos candidatos e sobre tudo que a política pode fazer de bom, porque a política é para todos, e não é ruim, ruim são as pessoas que a manipulam”.

Confira abaixo uma mostra do trabalho do artista.

 

Fotos: Aline Aragão

 

 

 

 

 

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