Exposição apresenta versões sergipanas de Nossa Senhora
Entretenimento 09/12/2014 07h06Argila, Renda Irlandesa e referências religiosas imersas na identidade sergipana. Isso e muito mais poderá ser conferido na “Coleção Maria Nossa”, da artista plástica Ana Carolina Vieira Menezes, que será lançada nesta terça-feira (9), às 18h, no Ateliê Matéria Prima, Av. Desembargador João Bosco de Andrade (rua do antigo Tequila Café), 1250. Bairro Atalaia. A exposição permanecerá na loja até o dia 19 de dezembro.
A exposição foi concebida em parceria com a arquiteta consultora Raquel Villas-Boas, do Ateliê Matéria Prima, a partir dos nomes das nossas senhoras que batizam seis cidades sergipanas: Lourdes, Aparecida, Socorro, Glória, Dores e Divina Pastora. As obras, que materializam cada uma das santas, se apropriam das referências da religiosidade e do catolicismo e trazem em si as expressões da identidade e do povo sergipano.
A mostra apresenta, entre outras obras, a premiada “Nossa Senhora Aparecida do Brasil”, que foi exposta na Fifa Fan Fest, exposição que integrou a programação oficial da Copa do Mundo no Brasil. A mostra, que apresentou a diversidade da cultura brasileira, congregou 90 artistas plásticos, artesãos e associações de todo o país.
Para apresentar uma versão de Nossa Senhora 'sergipanizada', a autora realizou uma pesquisa sobre três etnias predominantes no Estado: negra, indígena e ibérica. “O resultado das sobreposições destas etnias tão nossas, somadas às características que já venho desenvolvendo nas minhas criações são os traços das Marias, materializados num único rosto: o de Nossa Senhora”, contou.
A artista plástica ressaltou que, embora haja diferença entre cada versão da mãe de Jesus, ela é uma figura única que apresenta características próprias em contextos distintos. “Todas elas tem o mesmo traço, porque na verdade são uma só. O que as diferencia são as expressões corporais - em especial o marcante posicionamento das mãos - e a indumentária utilizada por cada uma delas no momento de sua aparição para o mundo”.
A figura humana já era um tema recorrente na estética da artista plástica, mas desta vez, Carolina abordou a temática de maneira diferenciada. “Sempre me identifiquei muito com a figura humana de uma forma geral. Mas agora o desafio foi sair da imagem da figura humana do meu imaginário, a qual estava mais habituada a produzir, e partir para um projeto que trabalhava uma figura humana histórica, cheia de identidade e simbolismo”, finalizou.
Matéria prima e inspiração: argila e renda irlandesa
Após feita a pesquisa iconográfica, Ana Carolina pôde mergulhar suas mãos e sua inspiração na sua matéria-prima favorita: a argila. Ela explica que primeiro foram elaborados protótipos com argila sergipana, posteriormente transformados com a introdução da argila profissional.
Buscando ser o mais orgânica possível, a escultora optou pelo uso de materiais naturais em todas as peças da exposição, desde os pedestais, confeccionados em madeira, até a argila, moldada e exposta ao natural, sem o uso de pinturas. “Usei as cores naturais da cerâmica”, explica. Para dar tonalidades distintas às obras sem o uso de tinta, Ana Carolina utilizou argila profissional nos tons branco levemente rosado, rosé, laranja e acastanhado.
A finalização da indumentária das santas fica por conta do uso de um elemento especial e muito sergipano: a renda irlandesa. “Todas as peças tem em alguma parte da indumentária a Renda Irlandesa”, revela. A matéria-prima já é recorrente nas obras de Ana Carolina, que é uma estudiosa das rendas sergipanas e já trabalhou com design de superfície introduzindo a renda irlandesa, inclusive em outras exposições.
Além das obras em si, será possível conferir na exposição os protótipos das peças. Assim, o espectador terá oportunidade de acompanhar o caminho percorrido pela artista no processo de produção, tendo acesso aos modelos originais e protótipos baseados nos estudos realizados.
Quem é Ana Carolina Vieira de Menezes
A artista plástica aracajuana Ana Carolina Vieira Menezes, 35 anos, começou desde cedo a aprender o ofício no ateliê da avó materna, Ivone de Menezes Vieira, pintora e artesã. Hoje, muito mais madura no campo das artes visuais, Ana Carolina tem aperfeiçoado seus conhecimentos, tendo se graduado em Turismo, especializado-se em Artes Visuais, estudado cerâmica, escultura e xilogravura.
A consolidação da sua carreira como artista plástica veio com a participação em diversas exposições individuais e coletivas, das quais se destacam: “Cantinho Cultural”, na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de Aracaju, em setembro de 2007; Exposição individual denominada “Sentimento do tempo- escultura”, em 2007, no Espaço Cultural Djenal Queiroz, na Assembleia Legislativa de Sergipe; Exposição coletiva “Tribus Visuais”, em novembro de 2005, na Galeria Jenner Augusto (Aracaju-SE); Exposição coletiva “Petrobras Fertilizando o Brasil”, no Hall do Edifício Sede da Petrobras, em 2008 (Rio de Janeiro-RJ) e Exposição no Museu de xilogravura (Campos do Jordão- SP), em agosto de 2009.
Retoma em 2012 aos cursos de Cerâmica no Ateliê Matéria Prima e no Ateliê do Barro, quando, fascinada pelas máscaras, passa a ter neste elemento seu foco principal de trabalho. No mesmo período, passou também estudar e a ter nas rendas sergipanas fonte de inspiração.
Carolina é também a única sergipana presente na exposição Vitrines Culturais, no espaço Fifa Fan Fest, em São Paulo, durante a Copa do Mundo no Brasil. A exposição é fruto do edital de mesmo nome, realizado pelo Ministério da Cultura, que selecionou peças de arte e artesanato de todo o Brasil pata participar da Foram mais de mil e duzentos artistas concorrendo com Ana Carolina.
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