Entrevista: roteirista sergipano conta experiência de produzir HQ 'Classificados' | F5 News - Sergipe Atualizado

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Entrevista: roteirista sergipano conta experiência de produzir HQ 'Classificados'
Com referências a Barry e Atlanta, HQ mostra estresse do trabalho levado ao extremo
Entretenimento | Por Emerson Esteves 15/10/2023 15h00


Que tal acompanhar a jornada de um personagem que, por conta da exaustão e monotonia do seu trabalho, precisa controlar sua maior compulsão: cometer assassinatos. Inspirada em séries como Barry (HBO Max) e Atlanta (FX), a HQ “Classificados” reúne sete histórias que contam as aventuras de Arthur, um personagem que se aventura em vários empregos, porém em todas as suas tentativas ele se depara com o desafio de conter um ímpeto assassino interior. 

Este projeto independente nasceu a partir de um trabalho final de um curso de roteiro para História em Quadrinhos e usa o sarcasmo para falar sobre a sociedade utilizando as relações com o trabalho como pano de fundo. 

Produzida por 13 pessoas, sendo três sergipanas, o “Classificados” é totalmente independente e se insere no mercado brasileiro literário do formato, que está além das produções voltadas para super-heróis. 

F5 News conversou com o aracajuano Hector Sousa, formado em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), organizador e roteirista da HQ Classificados para entender como foi o processo de criação, concepção e divulgação do projeto.

Confira a entrevista:

F5 News - Como surgiu a ideia de produção da HQ Classificados?
Hector Sousa - A ideia surgiu a partir do trabalho final de um curso de roteiro para HQ que estava fazendo na época. Era bem embrionária e acabou nem sendo executada como o trabalho, mas os colegas de turma curtiram a ideia e colocamos para frente nesse projeto independente. A narrativa surgiu de umas reflexões que eu estava tendo sobre o esgotamento das nossas rotinas e imaginei em elevar isso ao extremo, “se alguém ficasse tão esgotado a ponto de sair matando pessoas por conta do trabalho?”

F5 News - Por que uma História em Quadrinhos e não outro formato?
Hector - Primeiro, porque ela foi pensada durante o curso de roteiro para HQs. Segundo, porque sou uma pessoa bastante visual, então creio que me dou melhor com mídias que eu consiga explorar para além das palavras - mesmo que eu não saiba desenhar nem boneco de palito.

F5 News - Como foi desenvolver esse trabalho sendo ele feito por diversas mãos? Quais os desafios em produzir o Classificados?
Hector - A ideia inicial foi minha, então o primeiro grande desafio foi desapegar de algumas coisas em prol da construção conjunta. Como a HQ é uma antologia de diversas histórias, cada roteirista teve uma boa liberdade para trabalhar dentro do escopo que estabelecemos. Foi um processo bastante divertido, apesar de desafiador, de organizar ideias e agendas de tantas pessoas. O resultado foi bastante positivo, todas as histórias ficaram bem únicas e até adotam estilos diferentes, temos um grande drama existencial até uma comédia sarcástica.

F5 News - Sobre a história em si, teve alguma inspiração de outras produções culturais? Quando li a sinopse lembrei da série Barry da HBO Max, teve alguma referência nesse sentido? 
Hector - Classificados com certeza remete a Barry em seu conceito. A HQ não teve uma referência direta quando pensei na proposta inicial, mas ele bebe bastante de produções que eu curto, além do Barry podemos lembrar também de Atlanta que usa esse sarcasmo para falar sobre a sociedade. Acabou que cada história teve também suas próprias referências, tanto em produções culturais, como outras que trouxeram até referências regionais mesmo para si.

F5 News - O lançamento da HQ será na CCXP 2023, não é? Fala um pouco sobre a expectativa para esse momento. 
Hector -
Estou muito ansioso para ver esse quadrinho no mundo. Infelizmente não estarei na CCXP, mas a HQ estará presente na mesa conjunta de dois artistas espetaculares que deixaram seus traços nessa antologia: o Gil Gomes e o Marcus Pedro. Ainda não sairam as numerações das mesas, mas fica aqui o convite para quem for no evento passar para conferir o trabalho desses artistas e o Classificados, claro. Inclusive, no nosso Catarse tem a opção de pegar a HQ no evento, ou seja, sem pagar frete.

F5 News - A campanha do Catarse está rolando. Vocês trabalham com alguma meta ou algum valor que vocês precisam atingir?
Hector - O financiamento coletivo está aí rolando! Ele está aberto no modo flex, ou seja, mesmo não atingindo 100% da meta, a HQ vai rolar. Temos alguns níveis de meta, o primeiro, que estamos perto de bater, é conseguir arcar com os custos de uma tiragem mínima para ter o estoque de envio do Catarse e de eventos, a CCXP e a FIQ 2024 que acontecerá em maio. Caso conseguirmos atingir 100% da meta, vamos fazer uma tiragem maior, então conseguiremos rodar mais com a HQ pelo Brasil, e conseguiremos também obter uma remuneração pelo projeto - como está sendo algo independente, está todo mundo no modo voluntário.

F5 News - Este é o seu primeiro projeto ligado a HQ, correto? Você é do audiovisual, como você se sente em relação a isso? 
Hector - Posso dizer que sim e não. Essa é a primeira HQ que eu estou organizando e também o primeiro projeto independente de que faço parte, porém uma outra história minha já foi publicada em uma coletânea. Trata do real trabalho final daquele curso que comentei na primeira pergunta (quem quiser ler, a minha história está na página 142 Inko_#7_RuínasSubmersas). Também trabalhei por um tempo na editora Universo Guará, mas não diretamente com as HQs, estava mais por trás da comunicação e das redes sociais.

F5 News - Como você avalia o trabalho em equipe do Classificados e como ele se insere no mercado brasileiro de HQs?
Hector - Primeiro falar que, apesar da ideia inicial ser minha e eu estar no centro da organização, a HQ foi produzida por diversas mãos (são 13 pessoas na equipe), então considero um trabalho de autoria coletiva. Acho massa destacar também o quão diversa nossa equipe ficou ao se tratar de estados do país, temos três sergipanos e dois pernambucanos, pensando em Nordeste. Também gostaria de deixar aqui meu comentário sobre a cena independente do quadrinho brasileiro que está crescendo cada vez mais, com trabalhos de altíssima qualidade. Então, convido quem estiver lendo aqui a explorar e conhecer uma pouco mais desse universo. As HQs estão para além de super-heróis e encontramos histórias para todos os gostos.


 

Edição de texto: Monica Pinto
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