“Bonita Maria do Capitão” traz protagonismo da mulher no canganço
Objetos, fotografias, peças de artesanato, textos em exposição Entretenimento 13/07/2012 10h04Por Sílvio Oliveira
A história de Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita, companheira de Lampião, está exposta até o dia 5 de agosto, no Museu da Gente Sergipana, em Aracaju (SE). São painéis, objetos, fotografias, peças de artesanatos e textos literários, através dos quais os visitantes passeiam por uma história pouco conhecida de protagonismo feminino, num vasto mundo do movimento do cangaço.
Maria Bonita se transforma em “Bonita Maria do Capitão”, nome da exposição e do livro, que comemora o centenário dela (1911-1938).
Na exposição, as réplicas de cangaceiras em tamanho original transferem para o visitante a sensação de viver de perto o movimento, como se retrocedesse ao início de 1900. As peças utilizadas por Maria Bonita dão um tom de veracidade aos fatos, onde permitem que curiosos viajem pelas brenhas do sertão nordestino, dance o xaxado,
beba água nas cuias da cabaça, vistam as roupas em couros e se enfeitem de joias de ouro.“Queria mostrar que as mulheres do cangaço não foram mulheres comuns. Em 1930, minha avó (Maria Bonita) já tinha sido casada, larga a tranquilidade de um lar com os pais dela para viver o grande amor. Não me canso de dizer: Se não fosse esse grande sentimento, o amor verdadeiro, meu avô não teria aceitado a minha avó e nem minha avó teria ido ao encontro dele. Poucas pessoas sabem da origem dela, da cangaceira, como era a mulher, a gravidez no cangaço”, explica Vera Ferreira (foto ao lado), curadora da exposição e neta de Maria Bonita.
“Bonita Maria do Capitão” permite analisar que a mulher no cangaço tem seu lugar, ao revistar um mundo ainda pouco publicado, mas que Vera Ferreira tenta desbravar quando diz que as cangaceiras não só costuravam, lavavam, cozinhavam ou limpavam, mas era companheiras dos cangaceiros, num sentido mais amplo da palavra, ou seja, estava ali para tudo quer acontecer.
Parir no cangaço era sinônimo de doação, de desprendimento e dor. As cangaceiras teriam que doar seus filhos, pois crianças não acompanhavam o movimento. “Criança no cangaço não acompanhava os pais, era dada. Minha mãe foi dada aqui em Sergipe a um casal de vaqueiros. A Dadá teve seis filhos no cangaço e todos foram dados. A Cira teve filho e não resistiu. Quando ela voltou para buscar o filho, ele já tinha morrido. Maria teve quatro gravidezes, três morreram e a sobrevivente, onde está? Mostro que minha mãe esta viva e é a única herdeira de Lampião e Maria Bonita”, aponta Ferreira.
A exposição não só retrocede, mas mostra que o cangaço está vivo e perpetua através da moda, da sétima arte, dos livros, da inspiração na música, da xilogravura e da literatura. Cada cangaceira vestia de um modo e se enfeitavam com joias torneadas por artesãos próprios, ou que cunhava uma tendência própria ao modo de vida do cangaço.
Vera Ferreira explica que desde 69, quando Zuzu Angel foi para Nova Yorque e levou um desfile inspirado em Maria Bonita, as artes têm no cangaço um centro de inspiração. “É isso que quero mostrar. 1969, hoje, amanhã, o Cangaço está inspirando. A musicalidade do Cangaço é impressionante. O assunto vai continuar”, enaltece.
Para Marcio Crus da Silva e a jovem Bruna Sayuri Fugimoto, ambos paulistas, (foto abaixo) visitar a exposição foi uma grata surpresa por não saberem que também as mulheres participavam do movimento de forma ativa. A mineira Aura Pena, achou fantástico, haja vista que pouco conhecia sobre Maria Bonita. “Mostra a cultura do cangaço de forma bem leve”, avalia.
Fotos: Sílvio Oliveira
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