Sergipe é o 2º do Nordeste e quarto do país em inadimplência, diz Acese | F5 News - Sergipe Atualizado

Sergipe é o 2º do Nordeste e quarto do país em inadimplência, diz Acese
Para economista, falta educação financeira aos consumidores
Economia 23/08/2014 12h00


Por Fernanda Araujo

A inadimplência no estado de Sergipe obteve crescimento no primeiro semestre de 2014, segundo pesquisa realizada pela Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (Acese). O estudo revela que o estado registrou alta de 8.43%, em relação a junho de 2013, que cresceu 4.18% em relação ao ano anterior. De acordo com o presidente da entidade, Alexandre Porto, isso se configura que o segundo maior crescimento de consumidores inadimplentes do Nordeste foi Sergipe, sendo o quarto maior do Brasil. O número de consumidores inadimplentes bateu recorde e chegou à casa dos 57 milhões no país.

No entanto, o comércio varejista em Sergipe, principal setor afetado pela inadimplência, apresentou variação negativa de - 1,7% no mês de junho

em relação ao mês de maio do ano corrente, acima da média nacional. Já uma análise do Boletim Sergipe Econômico, com base nas estatísticas do Banco Central, mostrou que, em julho desse ano, o valor de cheques trocados em Sergipe registrou R$ 204,8 milhões, sendo 8,3% menor que o valor dos cheques compensados no mesmo mês de 2013. No tocante aos cheques devolvidos em Sergipe, o valor atingiu R$ 57,5 milhões, sendo 10% inferior ao valor apresentado no ano passado. Os cheques sem fundos, que representaram pouco mais de 90% do valor total de cheques devolvidos, totalizaram R$ 52,8 milhões, volume 13,8% superior ao valor registrado em junho de 2014. Em relação a julho do ano passado, o valor de cheques sem fundos recuou 10,5%.

Para Alexandre Porto é natural que a inadimplência ocorra a pessoas com o nível de endividamento já comprometido. E isso não é caso específico de Sergipe, mas os dados apontam que o estado ficou atrás apenas do Maranhão que atingiu 9.40%. Em terceiro lugar, o Ceará aparece com 8.13%. Os demais estão ficam na casa de 5% a 7%.

“A expectativa é que no segundo semestre possa ir recuando. Sergipe precisa ter uma atenção especial com essas informações para que se promovam medidas de maior controle, campanhas de conscientização para a população, equilíbrio maior por parte dos consumidores no que diz respeito às compras, sobretudo, aquelas parceladas que envolvem taxa de juros, certamente uma das grandes responsáveis pelo aumento das dívidas, assim como o aumento da inflação. Os juros dos cartões de crédito são os mais elevados, seguido do cheque especial e crediários (esse último menor, mas ainda muito alto em relação à realidade brasileira). O ideal seria o consumidor comprar a vista, sem parcelar”, esclarece Porto.

Para Alexandre Porto a questão da inadimplência já foi muito pior no país, no entanto, ainda é necessária uma maior conscientização do consumidor que compra muitas vezes por impulso e acima do que a renda permite. “Hoje tem uma grande fatia da população que já conseguiu adquirir seu imóvel, isso já compromete a renda com financiamento, a maioria da população, especialmente em Sergipe, anda em carros zeros, certamente boa parte deles financiados. E assim o brasileiro vai administrando, paga no mês as faturas, no outro mês paga as atrasadas e deixa atrasar outras”.

O empresário aponta que o período em que mais cresce a inadimplência é no início do ano, devido às compras de Natal, pagamento de IPVA, IPTU, material escolar, mensalidade escolar, por exemplo, e se estica até março. Como esse ano foi atípico por causa da Copa do Mundo muitos se endividaram com as viagens. “É natural que esse endividamento maior tenha ocorrido nas classes C, D e E, até porque elas passaram a ter mais acesso a compras com cartões de crédito e acabaram perdendo um pouco o controle”.

Cuidados com as finanças

O autônomo Cleber Souza está tendo que trabalhar dobrado para ficar livre da dívida de R$ 2 mil que a namorada fez. “Ela me pediu o cartão de crédito emprestado e agora não consegue pagar. Virou uma bola de neve. Vou tentar negociar para tentar parcelar essa dívida”. Já a empregada doméstica, Tâmires Gabriela, chegou a cair na arapuca dos cartões de crédito e juntou uma dívida de R$ 2,3 mil. “Conseguir pagar, mas o cartão de crédito sempre é o vilão. Hoje eu tenho mudado essa atitude e comprado à vista, faço planejamentos, cálculos, divido um pouquinho ali, outro aqui. Não quero mais me empolgar muito”.

Para evitar compradores endividados, algumas lojas no centro de Aracaju fazem consulta ao SPC e Serasa. “Mas a maioria das vendas é no cartão de crédito, por isso a taxa de inadimplência para a loja cai muito. Geralmente quem está endividado já passa no cartão de crédito, daí a gente não precisa fazer consulta”, revela Rafael Santos Fraga, proprietário de uma loja de móveis.

Tudo é uma questão de educação financeira e o Brasil precisa avançar neste terreno, segundo o economista Ricardo Lacerda. “As pessoas vão consumir com muita avidez, acham que consumir é o único objetivo de vida”. Segundo ele, o consumidor deve cortar gastos e eliminar as dívidas passadas. “Não é muito diferente de faz

er regime, ganha mais quilos se não mudar os hábitos”, argumenta. Em primeiro lugar, anotar os gastos é uma ótima opção para controlar as finanças. Conta de luz, telefone, lazer, vestuário, tudo anotado em planilha. O que estiver pesando no orçamento pode ser retirado. Planilhas para smartphones ou computadores ajudam a elaborar a exemplo do aplicativo “Minhas economias” e o T2Ti Controle Financeiro Pessoal.

“Se já está em dívidas, melhor não fazer outras. As dívidas com juros mais elevados, como as do cartão de crédito e cheque especial, troquem com as de juros mais baixo, como crédito consignado, por exemplo, mas não é usar para gastar mais. Faça operação no crédito consignado e pague as dívidas do cartão de crédito e do cheque. Busque o credor e equacione a dívida com ele. Procure planejar o pagamento com o credor, assim pode retirar ou diminuir as multas. Mas, se tudo isso não for o suficiente deve se desfazer de algum patrimônio, um carro por exemplo. Agora já estamos em agosto, pode-se usar o 13º salário para pagar. Mas, controle os gastos e procurar outros prazeres”, sugere.

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