Para mudar a vida das pessoas não é preciso mandato, diz empresário
Economia 19/04/2014 06h57Por Marcio Rocha
O ex-vereador por Aracaju e empresário Sandro Santos, o Sandro de Miro, que seguiu os passos da família na área de comércio de combustíveis, fala, nesta entrevista, sobre o mercado em Sergipe, as dificuldades e o porquê de o preço alto pago pela população por algo que poderia ser mais barato. Também explica sua saída da vida pública. Sandro de Miro é proprietário da Rede de Postos Presidente.
De que maneira o senhor, como empresário do ramo de combustíveis, avalia este setor no mercado sergipano?
Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), em 2013,o estado de Sergipe cresceu 84,16% em comparação ao ano de 2003, totalizando pouco mais de 7,4 bilhões de litros vendidos. Em 2014, os primeiros números mostram um crescimento de 10%. A frota de veículos tem aumentado bastante, o que faz com que o consumo de combustíveis aumente acima dos percentuais do varejo, apesar de o preço do combustível pesar bastante no bolso do consumidor.
Muitas pessoas reclamam dos preços dos combustíveis no Brasil. Em Sergipe, por que o combustível é mais caro em relação a outros estados? E por que as diferenças de preços entre postos quase não existe?
Realmente, combustível no Brasil é muito caro, se comparado com outros países. As pessoas nos questionam bastante por que o Brasil, um país autossuficiente na produção de petróleo, tem uma das gasolinas mais caras do mundo.O Brasil não se preocupou em construir refinarias e as que existem dão prioridade à produção de diesel, fazendo com que boa parte da gasolina consumida seja importada,sofrendo, assim, fortes variações cambiais.Dos nove estados do Nordeste, Sergipe tem a quarta gasolina mais barata. Se comparado com os dois estados vizinhos Bahia e Alagoas, nosso estado ainda tem o menor preço. É importante lembrar que o ICMS tributado pelo Governo de Sergipe é baseado no preço de gasolina bem acima do que o consumidor paga de fato na bomba. Sobre as pequenas diferenças entre os postos, o que posso afirmar é que em Sergipe não há prática de cartel. Se existe cartel, ele já começa pelo preço na distribuidora. Digo isso porque os preços de aquisição são idênticos entre as distribuidoras e nos postos não pode ser muito diferente, porque os custos são muito parecidos.
A Rede de Postos Presidente tem uma ação social praticada na cidade por meio do Centro de Integração da Família. Como surgiu a iniciativa de criar o Ceinfa?
Falo sobre esse tema com muito orgulho. Os trabalhos sociais começaram há 30 anos na minha família. Cresci vendo meus pais fazendo festas para o dia das crianças e no Natal para exatas 4 mil crianças carentes, que recebiam roupas novas, brinquedos e muitos lanches todos os anos. Quando me candidatei ao cargo de vereador de Aracaju,em 2004, prometi à comunidade onde resido até hoje que ampliaria os trabalhos sociais da família se eleito fosse. Um ano depois de eleito, inaugurei o Ceinfa.Em 2008, quando desisti de continuar na política, fiz a proposta para a família de que deveríamos continuar com o Ceinfa e que deveria ser mantido pela Rede Presidente. Hoje,o Centro atende todos os dias a crianças, adolescentes, adultos e idosos nos mais variados serviços gratuitos,desde cursos profissionalizantes, academia de ginástica, aulas de música e grupos de terceira idade. Sou um homem feliz, porque descobri que para ajudar a mudar verdadeiramente a vida das pessoas, não necessariamente é preciso ter um mandato eletivo.
O senhor deixou uma boa impressão na política, tendo exercido um mandato de vereador e deixado a vida pública por opção. Há possibilidade de uma volta?
Ter sido vereador de Aracaju foi uma das mais importantes experiências da minha vida. Sempre que antecede uma eleição, as pessoas me perguntam se serei candidato, e dizem que homens do meu quilate deveriam estar na política escrita com “P” maiúsculo. Não vou mentir: ouvir isso massageia muito o meu ego. Tenho dito aos amigos que, mesmo estando ausente da política, estou contribuindo com a sociedade, gerando 500 empregos diretos, gerando renda e desenvolvimento para nosso estado e realizando projetos de responsabilidade social. Quem sabe um dia, mais maduro e mais experiente, eu entenda que devo contribuir com meu Estado ou com meu País (risos).
Imagem: Marcio Rocha
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