Uma só pediatra atende até 70 crianças na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes
Por ser uma maternidade de alta complexidade, são pacientes que expiram cuidados Cotidiano 02/09/2011 17h19Por Silvio Oliveira
“Nos finais de semana e a noite, um plantonista chega a atender de 60 a 70 crianças, todas elas expirando cuidados por ser uma maternidade de alta complexidade. Eles estão sendo uns heróis”, desabafa a presidente da Sociedade Sergipana de Pediatria, Glória Tereza Lima Barreto, ao analisar a situação de trabalho em que passam os 33 pediatras da maternidade de alta complexidade Nossa Senhora de Lourdes, em Aracaju.
Segundo a pediatra, para completar a situação de risco em que passam os profissionais e os que lá são atendidos, falta material básico para o bom andamento das atividades do dia a dia, como sondas de aspiração e tubos endotraquel nº 3. “Não se justifica a falta de material. São peças de preço baixo, mas que se não tem, colocam em risco os bebês e o trabalho dos profissionais”, avalia Glória Tereza.
Para assegurar o bom andamento das atividades na maternidade seriam necessários 49 pediatras, quando na atualidade são somente 33. E o pior, conforme Glória Tereza, um decreto do Governo do Estado proíbe os profissionais aumentarem a carga-horária de trabalho, ganhando hora extra. “Uma outra questão grave é que a Fundação Hospitalar de Sergipe quer exigir o médico estatutário a fazer hora extra, enquanto que, por uma decisão do governo, não se pode fazer, ou seja, é ilegal”, explica.
Ação Civil Pública
Tentando solucionar o problema, a Sociedade de Pediatria levou o caso ao Ministério Público do Estado de Sergipe (MPE) e, na última quarta-feira (31), ingressou com uma ação civil pública contra o Estado, solicitando a regularidade no atendimento prestado pela unidade hospitalar, bem como providências quanto às escalas completas de médicos neonatologistas para todas as unidades da maternidade: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), Unidade Intermediária, Alojamento Canguru, Sala de Parto e Ambulatório.
Glória Tereza elenca que os problemas da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes minimizarão, se o Governo do Estado rever o decreto, possibilitando os médicos a trabalharem através de hora extra; se a Fundação Hospitalar adquirir suficientemente o material faltoso; se possibilitar a Fundação a inauguração das maternidades de baixa complexidade do interior de forma plena e estimular a ida de médicos para o Programa de Saúde da Família.
“Todas as ações dependem do Governo do Estado. São decisões administrativas, que os médicos não podem fazer”, finaliza.
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