Taxidermia em pets: a arte de dar forma à pele e eternizar histórias
Gisiane Rodrigues Lima comenta as singularidades dessa técnica feita em animais Cotidiano | Por F5 News 22/09/2024 09h00Se você tem um animal de estimação em sua casa, provavelmente deve considerá-lo como integrante da família a ponto de sua partida ser dolorosa para quem convive diariamente com ele. Há aqueles que preparam cortejos fúnebres e túmulos para seus companheiros de duas ou quatro patas. Em contrapartida, há os que decidem eternizá-los a partir da técnica de taxidermia, ou popularmente conhecida como empalhamento.
O procedimento realizado em aves, mamíferos, anfíbios e répteis, consiste na remoção da pele do animal, que passa por um processo químico e logo após suas medidas serem tiradas para a composição de uma escultura, a pele é inserida. Para entender um pouco mais da temática, o portal F5 News conversou com a bióloga Gisiane Rodrigues Lima, a qual denomina a taxidermia como “a arte de dar forma à pele”.
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Taxidermista desde 2006, a também doutora em zoologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), expressa apoio aos que decidem eternizar seus pets. "É uma forma de lembrar do seu animalzinho como era em vida. Já realizei algumas e me senti muito feliz por poder dar uma representatividade do que um dia foi aquele ser para o dono”, diz.
Mas o famoso “empalhamento” não é utilizado apenas para fins artísticos. Gisiane explica que a técnica permite preservar a memória de animais com risco de extinção com o objetivo científico, educacional e ambiental. "Várias espécies estão desaparecendo e somente podemos preservar, se conhecermos o que temos e ter alguns exemplares destas espécies em coleções e museus”, afirma.
A taxidermia permite ainda que fatos curiosos aconteçam durante o processo. Rodrigues conta uma experiência que marcou sua carreira. "A primeira galinha pet que fiz. Conto sempre esta história aos alunos, porque realmente marcou o início da minha taxidermia artística e o quanto foi importante para o dono, que me chamou para uma feijoada de um ano do retorno da tutuca”, lembra.
Atualmente atuando como técnica da coleção de aves do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), e periodicamente dando cursos técnicos para instituições, Gisiane esclarece os desafios da sua profissão, seja ela de maneira artística ou científica. "O processo de taxidermia é demorado e não muito fácil, precisa de muita dedicação, paciência, destreza, gostar e amar a profissão”.
“Espero que todos possam entender a importância da profissão de um taxidermista e que as pessoas que querem eternizar seus pets sejam compreendidas e possam ter este tipo de serviço de um profissional”, comentou a bióloga ao F5 News, com ênfase na necessidade de alertar que só pode realizar essa técnica quem tem o curso técnico e possui vínculo com instituições de ensino e pesquisa.