Sergipanos reconhecem legado de João Alves e prestam as últimas homenagens
Despedida do ex-governador reúne diversas pessoas na praça Fausto Cardoso Cotidiano | Por Fernanda Araujo e Saullo Hipolito 30/11/2020 17h26A despedida de João Alves Filho, que faleceu aos 79 anos, é marcada pela emoção e pelo reconhecimento de suas realizações durante a vida pública. No Palácio Museu Olímpio Campos, na Praça Fausto Cardoso, centro de Aracaju, sergipanos se reuniram na tarde desta segunda-feira (30) para participar das homenagens póstumas ao ex-governador a que chamam de Negão, Dr. João, João Chapéu de Couro e João Coragem.
Iniciando com a chegada das cinzas ao Aeroporto Internacional de Aracaju e após cortejo em carro aberto por ruas da capital sergipana, passando por alguns pontos importantes e icônicos das gestões de João Alves Filho, as cinzas do ex-governador chegaram ao Palácio, onde autoridades e a família prestam homenagens. Em cima da urna, seu chapéu de couro e um capacete de engenharia, sua formação acadêmica.
Para o aposentado João Bosco, o legado de João Alves Filho é marcado pelas suas diversas obras na capital e no estado. "No meu entender Sergipe é antes e depois de João. Tudo o que tem, as maiores obras que tem no Estado de Sergipe são de João: é água, irrigação, as pistas, a ponte Aracaju-Barra que não é fácil para o Estado fazer uma ponte daquela e só quem teve essa coragem foi o Negão. É difícil aparecer outro João no Estado de Sergipe", afirma o sergipano que o descreve como "um homem simples e bondoso", apesar de seus altos cargos políticos. "João tratava os adversários honestamente, com a maior simplicidade", ressalta.A fisioterapeuta Elaine Aguiar, do município de São Domingos, que também foi candidata a vereadora pelo DEM, afirma que João Alves foi um grande homem e relembrou seus feitos durante suas gestões no estado que levaram desenvolvimento.
"Fez muita coisa tanto para o Sertão de Sergipe, para Canindé de São Francisco, lutou pela hidrelétrica, enquanto ninguém confiava nesse projeto ele confiou e levou água potável e energia para os sertanejos. Fez também a ponte da Barra, a substituição das casas de taipa , levou muitas casas tanto para São Domingos como para muitos interiores. É uma perda muito dolorosa para nós. Um homem que amou nosso povo, que andava lado a lado com o povo necessitado. O máximo que ele pode dar ele deu e muito pelo povo de Sergipe. Para nós ele vai ficar guardado eternamente em recordação, agradeço a ele por ter sido um grande governador, um bom prefeito por Aracaju", diz."A figura de João representa muito para o povo de Sergipe, um homem que mais teve obra dentro de Aracaju, no estado todo. Não tem um que vai igualar a Dr. João. É um sentimento profundo que tenho por ele, como se fosse um filho. Senti muito quando soube que ele tinha falecido, foi como se fosse um pai meu, eu chorei muito. Para mim, igual a ele não vai existir. Eu o agradeço, que Deus o coloque em um bom lugar e o deixe em paz", diz o aposentado Ermelindo dos Santos.
Emocionada, a sergipana Rosângela Ferreira também lamentou a perda e define João Alves com uma palavra "amor", segundo ela, dedicado às pessoas carentes. "É uma perda incomporável pela pessoa que ele era, pelo que fez aqui em Sergipe que vai servir para os meus netos e bisnetos desfrutarem. O mais importante é que ele amou Aracaju, dona Maria do Carmo também uma pessoa maravilhosa, um exemplo de mulher, de coração bom. Vai uma parte, mas fica a outra. Só agradeço a Deus por ele ter existido e ter feito essas coisas tão bonitas, principalmente, o Hospital João Alves Filho, aquele hospital foi merecedor de ter o nome dele de volta. Obrigada Dr João, eu tenho certeza de onde o senhor estiver Deus saberá o que vai fazer pelas coisas que você plantou enquanto vida, vá em Paz".
"Eu agradeço o meu emprego e de estar aposentada hoje à Deus, primeiramente, e a ele. A porta do Palácio era aberta para qualquer um servidor, branco, rico, preto e pobre, não tinha distinção. Vai deixar um legado dele aqui, foi um governador muito bom. Ele fez muita caridade para os pobres, hoje os pobres choram com saudade de João. Que Jesus coloque ele nos braços do Pai", comenta a aposentada Rosa Maria.
A permanência no interior do Palácio foi restrita à família, a amigos mais íntimos e à autoridades. Em função das regras sanitárias, a família foi preservada por um cordão de isolamento e os cumprimentos são realizados respeitando-se as regras de distanciamento. Os visitantes tiveram álcool em gel à disposição e são orientados a circundar a urna e deixarem o ambiente. Do Palácio, o cortejo segue para a Igreja Nossa Senhora Rainha do Mundo, localizada no Conjunto Médici, onde será celebrada a Missa da Esperança, pelo 7º dia da morte do ex-governador. A cerimônia religiosa será presidida pelo Arcebispo da Arquidiocese de Aracaju, Dom João José da Costa.Legado
Formado em engenharia civil, João Alves Filho governou Sergipe por três mandatos. O primeiro de 1983 a 1987, o segundo de 1991 a 1994 e o último de 2003 a 2006. Na última década, foi eleito prefeito de Aracaju, em 2012, exercendo a função até 2013. O político de 79 anos teve a carreira marcada pelo envolvimento com os desafios da Região Nordeste e com a transposição do rio São Francisco.
O aracajuano João Chapéu de Couro, como era popularmente conhecido, também foi ministro do Interior do Brasil de 1987 a 1990, quando o cargo criado em 1967 foi extinto para ser substituído pela a Secretaria de Desenvolvimento Regional, instalada na estrutura administrativa da Presidência da República.