Rebelião no presídio Santa Maria já teria um preso morto
Clima entre familiares é de muita apreensão Cotidiano 15/04/2012 22h05Por Márcio Rocha
A rebelião dos internos do Complexo Penitenciário Antônio Jacinto Filho (Conpajaf) se estende por mais de dez horas. Os 476 presos amotinados estão com três agentes penitenciários reféns e mais 128 parentes de presos que, segundo informação policial, se recusaram a sair, mesmo sendo liberados pelos presos.
Foi confirmada a presença de armas de fogo nas mãos de detentos, entre elas, três escopetas calibre .12, facas retiradas da cozinha do presídio, tasers (pistolas de choque elétrico) e outros artefatos perfuro-cortantes e contundentes (facas, vergalhões e barras de ferro).
De acordo com informações de familiares dos presos, um detento morreu no início da rebelião, ao ser atacado por um dos cães que ajudam os agentes na segurança do presídio. A informação, contudo, não é conformada pela polícia. Dois cães de guarda foram mortos pelos presos. Um agente penitenciário conseguiu escapar da fúria dos rebelados pulando do telhado do presídio, de uma altura superior a seis metros. Na queda, o agente quebrou uma das pernas e foi socorrido pelo SAMU.
Aproximadamente 300 policiais estão cercando o presídio. O esquadrão da Polícia Montada da PM foi deslocado para o local. As negociações com os presos estão sendo comandadas pelo coronel da PM Enilson Aragão, e pelo capitão Marco Carvalho, que saiu várias vezes à espera de advogados dos presos, que foram chamados por familiares. Não há feridos, nem houve fuga durante a rebelião.
Uma fumaça estranha está saindo da parte interna do presídio. Há a suspeita que os internos rebelados tenham ateado fogo a colchões. O fornecimento de água para as dependências do presídio foi suspensa. Parentes dos detentos se aglomeram às centenas ao redor do presídio, pedindo informações pelas grades, em um clima de completa apreensão e desespero.
Os presos reivindicam a troca do diretor do presídio, pedem melhores condições de tratamento e convivência. Segundo parentes, os presos são espancados todos os dias e o sistema de custódia é muito rígido. As revistas contra as mulheres são feitas de forma muito constrangedora. Segundo a esposa de um preso, sua filha de 10 anos de idade é submetida ao constrangimento de fazer revista vaginal na frente de homens.
"As revistas que são feitas nas mulheres são vergonhosas. Os agentes colocam até crianças para passar no espelho, expondo as coitadas a um constrangimento sem fim. É muito humilhante", disse F. S., de 30 anos.
Os presos sofrem, segundo afirmação de parentes, espancamentos por qualquer motivo. Em várias oportunidades, os detentos são colocados nas celas de isolamento por provocação de agentes.
"O preso apanha muito aí dentro. As medidas de punição são aplicadas até se um preso olhar diferente para um agente. Vacilou, cai na porrada e depoi é jogado no isolamento", destacou A. B. S., esposa de um dos detentos.
O representante da Pastoral Carcerária, Carlos Antônio de Magalhães (Magal), está no presídio, tentando ajudar nas negociações dos presos com a polícia para acabar com o motim. Magal confirma que os presos dizem ser vítimas de agressões e a rigidez abusiva com a qual o presídio trata os detentos.
"Este presídio é muito rígido em seus procedimentos. Familiares e detentos reclamam de como são tratados. Estamos aqui para poder ajudar a evitar um problema mais grave e buscar o melhor caminho para solucionar esse problema", disse Magal da Pastoral.
Represálias contra parentes são comuns no presídio. De acordo com A.B.S., os presos e parentes sofrem retaliação por qualquer motivo.
"Se nós falarmos algo, tomam nossa carteira de visitante, se não gostam do que trazemos, não deixam entregar. Se reclamamos, quem apanha é quem tá lá dentro. E ainda mandam para o isolamento", comentou.
A reportagem de F5 News permanecerá no local, acompanhando a rebelião até o seu desfecho.
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