Na visão dos ciclistas, confira os desafios de transitar por Aracaju
Disputa por espaço e ciclovias sem conexões são os problemas mais relatados Cotidiano | Por F5 News 19/08/2023 12h30Diariamente é possível verificar diversas pessoas em Aracaju que utilizam a bicicleta como meio de locomoção para ir ao trabalho, à escola ou à faculdade, por exemplo. Isso porque, além de ser um meio de transporte barato, a famosa bike também proporciona qualidade de vida através da atividade física.
No Dia Nacional do Ciclista, 19 de agosto, F5 News ouviu algumas pessoas que elegeram a bicicleta como meio de transporte e/ou lazer, de modo a obter suas avaliações quanto ao uso dessa alternativa de locomoção na capital sergipana.
A estudante Janiny Braz conta que começou a pedalar em 2021, devido à pandemia da Covid-19. Ela utilizou a prática como uma válvula de escape para questões emocionais e também para melhorar a sua saúde. Desde então, nunca mais deixou de usar a bicicleta para o lazer e suas ações cotidianas.
A estudante menciona a importância de optar por locais que garantam mais tranquilidade aos ciclistas. “Escolho lugares que têm ciclovia, porque dá uma segurança pra gente que pedala. Isso porque a rua é um pouco mais conflituoso, em dividir com ônibus, com carro, com moto que, muitas vezes, não respeitam o espaço de ciclista”, disse Janiny ao F5 News.
Em Aracaju, algumas das principais vias contam com ciclofaixas, como as avenidas Presidente Tancredo Neves, Beira Mar e Augusto Franco.
Assim como Janiny Braz, André Freitas, graduado em direito de 26 anos, também utiliza a bicicleta como meio de locomoção diária. Há mais de dez anos, ele transita por todas as regiões de Aracaju e menciona a necessidade de haver mais ciclofaixas. “Tem pouca ciclovia e elas não ligam necessariamente a pontos da cidade. Algumas delas não não te levam a nenhum lugar, no sentido de um ponto fixo”, disse ao portal.
Janiny Braz também coloca essa questão. “Algumas ciclovias estão no meio do caminho e dão para uma avenida, uma rua, ou o fim dela é em um rio. Por exemplo, aquele rio que separa o Mercado Municipal de Aracaju do Aracaju Parque Shopping, no bairro Industrial”, afirmou ao F5 News.
A falta de espaços exclusivos para ciclistas culmina em problemas como agressões verbais no trânsito e acidentes, inclusive fatais. Quando questionada sobre o principal transtorno que enfrenta cotidianamente em Aracaju, a estudante Kíris Carvalho, de 22 anos, disse ao portal que a maior preocupação é justamente quanto à falta de civilidade no trânsito.
"Competir pelo espaço com carros, ônibus, motos que muitas vezes não respeitam o ciclista, é um grande problema. É estressante para todo mundo, você precisa estar com o triplo de atenção na pista para não se envolver em acidente, por exemplo", disse ao portal.
Corredores de ônibus
Os novos corredores exclusivos para ônibus começaram a funcionar neste mês de agosto em Aracaju. Ao total, foram implementadas quatro vias exclusivas para o acesso de ônibus em avenidas de grande movimentação na capital - Hermes Fontes, Augusto Franco, Beira Mar e Centro/Jardins.
Por mais que algumas pessoas atestem a melhoria na agilidade do deslocamento por transporte público, outras têm relatado o transtorno que essa novidade ocasionou, entre elas ciclistas.
“Eu já utilizava a Hermes Fontes antes da nova implementação e já era difícil dividir espaço com outros meios de transporte, nesse lugar e nessa rota. Eu já tive várias experiências de susto, de carro quase me pegar, de sempre buzinar, porque eu estou no meu espaço, na lateral da avenida. Mas, mesmo assim, os carros buzinam como se não fosse para eu estar ali, com os novos corredores, fica mais difícil ainda”, afirma Janiny ao portal.
André Freitas complementa: “Poderia ser implementada também uma ciclofaixa, porque passa por avenidas da cidade que são bem movimentadas e que têm um grande fluxo de ciclistas passando também para trabalhar ou até a passeio mesmo”.
Soluções
Além da construção de mais ciclofaixas na cidade, principalmente em áreas que não são tão conhecidas, os ciclistas relatam a necessidade de uma maior conscientização de motoristas, em prol da segurança da mobilidade urbana.
O jornalista André Alcântara, de 23 anos, é um dos que defende essa civilidade. “O maior entrave que enfrento quando pedalo é a falta de respeito e educação por parte de motoristas e pilotos de motocicletas no trânsito", disse ao F5 News. Para ele, falta consciência de que o espaço urbano é ocupado e acessado por não apenas carros e motos, mas também por ciclistas e pedestres. "Multas e ações educativas devem estar nos planos dos gestores municipais para atenuar essa situação, que muitas vezes gera acidentes e mesmo mortes”, disse ao portal.
“O Executivo deve colocar a mobilidade sustentável em posição de destaque no planejamento urbano do município, sob a ótica de uma abordagem multidisciplinar — afinal, é um problema de infraestrutura, ambiental e de saúde pública. Acredito que esse seja um passo importante para pensar a cidade também para os ciclistas”, sugere ainda André Alcântara.
A estudante Kíris Carvalho também é a favor da instalação de mais ciclovias que conectem pontos estratégicos da cidade. Mas ela utiliza a bicicleta para se locomover também durante o período noturno e vê insegurança nesse deslocamento. "Não adianta também construir ciclovias que não serão minimamente iluminadas, porque isso favorece o assalto à noite", avalia.