Mãe de Genivaldo rejeita desculpas de acusados: "O perdão que eu quero é ele na chave"
Maria Vicente exige justiça e relata sofrimento da família enquanto acompanha julgamento Cotidiano | Por Gabriel Ribeiro 27/11/2024 15h01Maria Vicente de Jesus, mãe de Genivaldo de Jesus, vítima de uma abordagem policial que culminou em sua morte em maio de 2022, se manifestou durante o 2º dia de julgamento dos acusados nesta quarta-feira, em Estância (SE). Em entrevista à imprensa, Maria destacou sua dor pela perda do filho e a dificuldade de aceitar qualquer pedido de desculpas por parte dos envolvidos no caso.
“Nem vem pedir desculpa, porque desculpa eu não dou. Perdão, não tem. O que eu quero é justiça, quero que eles paguem pelo que fizeram ao meu filho”, desabafou.
Maria Vicente revelou que um dos advogados dos acusados pela morte de seu filho questionou se seu cliente já havia pedido de desculpas. No entanto, ela foi categórica ao rejeitar essa possibilidade e afirmou que nunca foi abordada nesse sentido. Para a mãe, um pedido de desculpas não seria suficiente para amenizar a dor da perda. "O perdão que eu quero é ele na chave. Quero que eles paguem pelo que fizeram", declarou, referindo-se à prisão dos réus.
Genivaldo morreu após ser abordado por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Umbaúba, Sergipe, por estar pilotando uma moto sem capacete. Na ação, que foi amplamente divulgada em vídeos, ele foi imobilizado e colocado no porta-malas de uma viatura, onde foi exposto a gás lacrimogêneo. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) concluiu que a causa da morte foi asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda.
O sofrimento da família
Maria Vicente relembrou o impacto devastador da perda de Genivaldo. Segundo ela, a família inteira adoeceu emocional e fisicamente. “Dois meses ninguém conseguia fazer nada. Até as crianças ficaram doentes. O filho de Genivaldo, que tinha seis anos na época, ficou muito abalado e ainda está em acompanhamento psicológico”, relatou.
Sem apoio suficiente das autoridades, a família também enfrenta dificuldades financeiras para acompanhar o processo. “A gente precisa de ajuda, principalmente com transporte e alimentação. Estamos fazendo o que podemos para nos manter aqui, mas não está fácil”, disse Maria.
Genivaldo
A mãe também destacou as qualidades do filho, descrevendo-o como um homem trabalhador, pacífico e querido por todos. “Meu filho era muito bom. Todo mundo gostava dele. Quando ele morreu, mais de mil pessoas foram lá em casa para se despedir. Era um choro só. Ele nunca fez mal a ninguém, só fazia o bem.”
Saiba mais
Genivaldo fazia tratamento para esquizofrenia e não representava ameaça aos policiais no momento da abordagem. Ele também não tinha histórico criminal.
O clamor por justiça
Maria Vicente participou do julgamento como testemunha e afirmou confiar na justiça. “Eu espero que a justiça seja feita, que eles paguem pelo que fizeram ao meu filho. Ele sofreu demais, foi uma judiação sem tamanho”, diz.