Fumaça dos fogos e fogueiras pode agravar crises alérgicas e quadro da Covid-19
Especialista alerta para cuidados necessários durante o ciclo junino em meio à pandemia Cotidiano | Por Agência Sergipe 11/06/2021 07h30As fogueiras e os fogos de artifícios são considerados itens indispensáveis nessa época junina, mas o que pouca gente sabe é que nesse período de pandemia do coronavírus, acender uma fogueira ou soltar fogos pode representar risco à saúde de quem tem alguma doença respiratória. Isso porque a fumaça da fogueira e o cheiro da combustão dos fogos de artifício causam irritação nas vias aéreas desencadeando mecanismos biológicos que facilitam a entrada da Covid-19 ou agravando o quadro de quem já está infectado, como explica o pneumologista do Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse), Saulo Maia.
“A fogueira produz fumaça que contém vários produtos químicos, tanto a fumaça das fogueiras, como dos fogos de artifício, são produtos químicos com monóxido de carbono, cianeto, entre outros que são irritantes para as pessoas que começa com irritação na face como os olhos, nariz, garganta, até chegar ao pulmão e se tornar um processo irritativo nas traqueias e brônquios. Essa inflamação pode desencadear crise de alergia, que é o principal problema que a gente vê nessa época do ano, e agravando o quadro de quem está se recuperando do coronavírus ou facilitando a chegada dele”, explicou Saulo Maia.
A preocupação do médico é com aqueles pacientes que realmente tiveram a forma moderada e grave da Covid e ainda estão em fase de convalescença, pois sua reserva funcional do pulmão está comprometida e se restabelecendo, quando a pessoa inala a fumaça pode desencadear crises alérgicas e mesmo que não seja alérgica, a irritação pode favorecer a infecção respiratória com quadro de pneumonia, broncopneumonia e até descompensar o paciente nesse período de recuperação.
O pneumologista ressaltou ainda que o mais preocupante são as crises de asma e a fumaça pode descompensar também pessoas que já tenham problema respiratório crônico. “Nesses pacientes que têm doenças crônicas, eles já têm uma reserva funcional ruim e com o processo alérgico desencadeado pela irritação do produto químico da fumaça das fogueiras e dos fogos, pode haver um ataque respiratório desencadeando tosse, chiado no peito, cansaço, falta de ar, aperto no peito que muitas vezes pode simular até infarto do miocárdio e fazendo com que esses pacientes necessitem de atendimento de urgência”, enfatizou.
Saulo Maia alertou também não só para a questão da fumaça das fogueiras e fogos, mas uma forma das pessoas evitarem se aglomerar e respeitarem o decreto estadual para não sobrecarregar os atendimentos nos hospitais. “Essas festas juninas, além do problema da fumaça dos fogos e fogueiras, as pessoas devem ter cuidado com queimaduras, há uma probabilidade de fazer aglomeração e nessa época do ano é ruim por causa da Covid, ingestão de bebida alcoólica em excesso e consequentemente acidentes no trânsito desenvolvendo o quadro de traumas. Tudo isso sobrecarrega os atendimentos nos hospitais”, pontuou o pneumologista.