Filho de Marighella fala sobre vida revolucionária do pai
Carlos Augusto Marighella veio a Sergipe a convite da CUT Cotidiano 28/03/2012 17h33Por Sílvio Oliveira
A trajetória social e política do comunista Carlos Marighella foi trazida à tona, nesta quarta-feira (28), pelo filho do revolucionário Carlos Augusto Marighella, que está de passagem por Sergipe à convite da Central Única dos Trabalhadores. O evento aconteceu nesta tarde, na Escola do Legislativo, no centro de Aracaju. O objetivo é motivar as ações em prol do lançamento da Comissão da Verdade e abertura dos arquivos da ditadura militar.
Estudantes, líderes sindicais e aficionados pela história do país assistiram à exibição do documentário "Carlos Marighella - quem samba fica, quem não samba vai embora", do cineasta independente argentino Carlos Pronzato, contando o período da luta armada de resistência à Ditadura Militar, de 1964 até a mote de Marighella, em dezembro de 1969. Logo após a exibição, integrantes do movimento estudantil fizeram uma homenagem a Carlos Augusto.
Emocionado, o filho de Marighela agradeceu e disse que os “revolucionariozinhos” foram extremamente felizes ao homenageá-lo lembrando do poema de Jorge Amado sobre a trajetória do pai enquanto revolucionário. “Jorge Amado soube escrever bem quem era Carlos Marighella”, afirmou.
Em sua fala, Carlos Augusto mostrou o pai como um cidadão alegre, brincalhão, inteligente ao extremo e feliz, que, segundo ele, desde “cedo descobriu as injustiças sociais do país, o que o incomodava”. Augusto Marighella lembrou da vida escolar do pai, das provas escritas em versos e poesias, principalmente uma delas chamada de “Espelho”.
Segundo ele, a trajetória política do pai iniciou ao escrever poemas denunciando as mazelas da Bahia e ridicularizando autoridades, em um desses, foi preso, o que o fez ficar conhecido entre a classe estudantil. “Ele foi uma figura notável entre os estudantes. Ingressou na Escola Politécnica da Bahia, mas foi o único estudante que entrou nos livros como não formado. Ele não sentia a vontade de ser engenheiro num país onde crianças tivessem que trabalhar para comer”, discursou.
Augusto Marighella ainda falou sobre noticiários de jornais da época, ressaltou o período em que os comunistas eram tidos como “cachorros sarnentos”, “vermes”, “contaminados”, e lembrou da fase política do pai, enquanto deputado federal, em 1946. “Ele nunca deixou de se manifestar a favor de tudo que ele acreditava no país, que trouxesse prosperidade, respeito e dignidade para os brasileiros. Ele era totalmente apaixonado pelos brasileiros”, ressaltou.
Para o presidente da CUT/SE, Rubens Marques, a Central Única dos Trabalhadores tem um importante papel na discussão sobre os fatos que marcaram um período nefasto da história brasileira, principalmente na defesa da verdade que tornearam as constantes violências e torturas sofridas por aqueles que lutavam pela liberdade.
“Entendemos que a CUT/SE precisa transcender a discussão salarial, as questões voltadas para o mundo do trabalho. É importante para nós discutirmos a história do Brasil e as marcas deixadas por um processo tão violento quanto vivenciado na ditadura brasileira. Já fizemos três mesas de debates sobre a ditadura militar no Brasil e em Sergipe, trouxemos grandes resistentes e reféns da tortura naquele período histórico, como Milton Coelho, Welington Mangueira, Marcélio Bonfim e Goisinho. Agora estamos tendo a honra de receber o filho de Marighella, um grande revolucionário, morto na ditadura, que germinou no seu próprio filho toda sua sede de mudança”, disse o presidente.
Na plateia, dois dos torturados sergipanos, Milton Coelho e Goisinho. Depois da fala de Carlos Augusto Marighella, foi aberto o debate onde os sergipanos puderam saber mais sobre o cotidiano do revolucionário Marigha.
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