Você já se perguntou como a música pode ajudar na recuperação da saúde física e mental? Segundo Kenneth Bruscia, a musicoterapia é a utilização da música como uma ferramenta para a manutenção e melhoria da saúde. Mas como um musicoterapeuta trabalha para alcançar esses objetivos? O F5 News conversa com a musicoterapeuta Milene Teixeira Ferreira para entender o processo e o impacto desta profissão na sociedade.

Com atuação na área desde 2015, Milene Ferreira descreve o processo terapêutico em cinco etapas: encaminhamento, vínculo, planejamento, tratamento e alta. Segundo ela, o processo inicia-se com um diálogo explicativo e a definição de metas para as sessões. Se necessário, realiza-se uma reavaliação para ajustar o tratamento até que o paciente atinja a alta. “Como profissionais da área, temos o dever de esclarecer claramente os objetivos e o funcionamento das sessões”, explica Ferreira ao F5 News.

Outro aspecto a destacar na musicoterapia é sua relação com pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), através de um espaço terapêutico que proporciona interação social, comunicação, desenvolvimento social e cognitivo. “Tive e tenho o privilégio de atender algumas crianças que ao chegar nas primeiras sessões falavam apenas algumas palavras soltas, não interagiam, não sabiam usar os instrumentos de forma adequada e ao longo do processo pude escutar palavras que se tornaram frases que geralmente são parte de uma música de preferência do paciente; aquele contato visual e interação social que não existia passa existir e o tempo de atenção durante as atividades passa ser maior”, relata Ferreira.

“Um caso que me marcou muito foi logo no início dos meus atendimentos. Era um menino de 5 anos, TEA suporte 3, ou seja, ele não falava, quando queria algo gritava muito e quando não queria também gritava muito. Acompanhei essa criança durante 4 anos e nesse período ele começou a completar as letras das músicas de preferência, logo estava formando frases das canções e passou a interagir enquanto tocava um instrumento. Poder acompanhar esse processo foi extremamente gratificante”, contou a musicoterapeuta.

Na data em que se comemora o dia do Musicoterapeuta, 15 de Setembro, a profissional esclarece a relevância desse dia para a notoriedade da profissão. “Essa data serve para educar o público sobre o que é a musicoterapia, como ela atua e os benefícios que podem ser oferecidos através do tratamento. Muitas pessoas ainda não conhecem exatamente essa abordagem ou têm preconceitos por falta de conhecimento, então ter uma data fixa é importante para divulgação do nosso trabalho”, destaca a profissional.

Para exercer a musicoterapia, é necessário ter graduação ou pós-graduação na área. “Reconhecer e apoiar o trabalho dos musicoterapeutas é valorizar a música como uma ferramenta transformadora que contribui para a saúde e a qualidade de vida. Essa valorização da sociedade é essencial para apoiar os profissionais que se especializam em várias áreas para ajudar o próximo”, conclui Milene Teixeira Ferreira.